Recebi o exemplar número 1 da Revista Getúlio, editada pela Fundação Getulio Vargas, e mais especificamente pela Direito GV. O publisher e editor Leandro Silveira Pereira encabeça mais esta etapa do projeto da Escola de Direito da GV.
Acompanho o projeto da Escola de Direito desde seus alicerces e leciono, como professor convidado, no GVLaw, curso de educação continuada da Escola de Direito em São Paulo. Apesar de crítico - talvez mais cético do que crítico - em relação ao projeto, vejo com admiração o que se tem feito no campo do Direito pela FGV e sua Escola de Direito. De fato, a proposta é inovadora e o projeto também.
Mas voltemos à revista, senão a divagação se torna muito extensa. Diz o editor:
"Esta revista surge na esteira de um projeto maior, dentro da Fundação Getulio Vargas, resultado de muitas reflexões. A fundação nasceu com a preocupação de formar quadros, produzir conhecimento, para auxiliar o desenvolvimento do país. "
De fato o primeiro número da revista segue a proposta deste ousado projeto. Destaco 2 artigos que me chamaram a atenção. O primeiro deles intitulado "Machado de Assis e o Direito", por Luisa Destri, que traz uma entrevista com o Professor de Literatura Brasileira da USP, Valentim Facioli. A entrevista trata das críticas de Machado de Assis ao moroso processo brasileiro (já era moroso no final do século XIX) e de uma abordagem jurídica de Dom Casmurro, tema este que pretendo retomar em um futuro post.
O segundo artigo, escrito por Carlos Guilherme Mota, historiador e professor titular de História Contemporânea da FFLCH da Universidade de São Paulo, intitulado "Os Livros que Fizeram Minha Cabeça", revela a importância dos livros na formação intelectual de um professor, pesquisador, ou simplesmente, de um indivíduo. Outro bom tema para um post exclusivo, principalmente quando se constata que um aluno de 5o. ano de um curso de direito raramente leu os autores clássicos e importantes na formação do pensamento jurídico.
Um breve trecho do artigo que trata de uma obra clássica e essencial na formação humanística de qualquer aluno ou pesquisador na área de ciências humanas:
"Um livro que marcou e ainda diz muito é Os Donos do Poder, em que Raymundo Faoro estuda a formação do patronato político brasileiro desde suas raízes ibéricas no século XIV, e como constituiu essa carapaça jurídico-política asfixiante atual (o livro foi escrito em 1958, ampliado e reeditado em 1973). Considero-o obrigatório, fundamental, incontornável."
As sugestões para a boa formação humanística são muitas. É triste, para não dizer lamentável, como os alunos dos cursos de direito hoje em dia pouco conhecem das obras clássicas. Neste ponto, a Escola de Direito da GV merece aplausos. A importância dada, pelo programa, às obras clássicas, buscando uma análise interdisciplinar é única no país.
A Revista Getulio vem contribuir de forma ousada a este projeto e contêm artigos de reflexão e diferentes, que fogem do lugar comum. É uma revista que se propõe a pensar o Direito de forma mais abrangente.
Boa sorte e sucesso aos editores e à equipe da Revista Getulio!
Um comentário:
muito bom seu blog, Professor ....
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