sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Lembrando Drummond



Autocaricatura de Drummond


Carlos Drummond de Andrade nasceu em 31 de outubro de 1902 e é preciso preservar na memória um dos grandes poetas brasileiros. Mineiro de Itabira, em Minas Gerais, Drummond renovou e inovou na poesia brasileira. Alguma Poesia, sua primeira obra, foi lançada em 1930, indicava integrante do Modernismo que proclamava a liberdade das palavras, rompendo com os movimentos literários anteriores.

Neste pequena lembrança, trago-lhes o poema Mãos Dadas.

MÃOS DADAS
Carlos Drummond de Andrade

Não serei poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.


Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi o suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

(Antologia Poética. 26a. ed. Rio de Janeiro : Record, p. 118)



O primeiro verso repisa a libertação propalada pelo Modernismo, mas o poema, recheado com toques sociais engajados (não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida e olho meus companheiros), aborda o momento presente, a vida presente com a sensibilidade que perscruta a beleza do gesto singelo e corriqueiro.

De mãos dadas, o poeta capta a alegria interior de ter alguém para dar as mãos e da magnitude do momento, daquele momento que se torna único e faz parte "de uma história". Não se derrama com exageros, mas sugere ao leitor que aprecie o momento presente e saiba saborear a vida.

Acompanhado, o poeta não se sente só, mesmo diante da "enorme realidade". O poeta convida a viver o presente, sem ficar preso ao passado que imobiliza. "O presente é tão grande, não nos afastemos. / Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas".

Aproveitem o feriado e boa leitura!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Ainda sobre contrariedades




Tenho o hábito de grifar e marcar frases que me agradam em livros que leio. Algumas vezes são anotações de estilo; outras vezes correções de erros de ortografia ou imprecisões nas traduções; muitas vezes, uma ideia sobre um tema que me interessa ou que no futuro possam vir a integrar um post nest blog.



Na semana passada, meio corrido e sem abundância de inspiração, abri Nada, cuja capa ilustra este post, a esmo e dei com o trecho que iniciou o último post. O trecho foi se repetindo mentalmente, como uma música que insistimos em cantar, e à noite, naqueles momentos de silêncio, pouco antes de adormecer percebi como o acaso é providencial. Estas obras do acaso me espantam de forma positiva.


Foi Shakespeare, em Macbeth, que escreveu que “o sono é a morte diária.” Parece que naqueles momentos de silêncio os eventos do dia são repassados, como se nos despedíssemos da lucidez e nos preparássemos para mergulhar no inconsciente dos sonhos. Este período, curto, permite que deixemos o pensamento voar e as ideias parecem ficar mais claras, vivas com uma lucidez aguçada, parodoxal com o estado ébrio do sono que se aproxima.

A aproximação do final do ano – e a distância do último período de férias – parecem revelar um cansaço mental que não tinha me dado conta. Não são as grandes contrariedades e desafios que irritam; mas os pequeninos problemas do dia a dia que parecem crescer e se apresentam fantasiosamente maiores do que a realidade os revela.

Perdoem-me pela repetição, mas vida tem sua rotina repetitiva, como as estações, como os sentimentos, como o calendário. A repetição pode lançar uma nova forma de ver e olhar.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Contrariedades




"(...) A vida voltava a ser solitária para mim. Como aquilo parecia irremediável, logo me conformei. Foi então que eu comecei a perceber que as grandes contrariedades são muito mais fáceis de suportar que as pequenas ninharias de cada dia."
(Nada, Carmen Laforet, trad. Rubia Prates Goldoni. Rio de Janeiro : Objetiva, 2008, p. 138)


Parece que superar um grande obstáculo, uma pedra no meio do caminho, é mais fácil do que enfrentar as picuinhas irritantes que se nos apresentam ao longo do dia. O grande obstáculo é superado com perseverança, passo a passo, firmes e ponderados, com os olhos postos no objetivo. Porém, se não soubermos ultrapassar os pequenos entraves, jamais atingiremos o alvo e deixaremos de encontrar a alegria que tantos pequenos momentos nos proporcionam. Nas pequenas alegrias do dia, reside a felicidade.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Dicas da Dani: Kings of Convenience

Depois de algum tempo sem trazer as boas dicas de nossa consultora musical, a coluna volta com uma indicação, que não é nova no cenário musical, mas novidade em termos de Brasil. Trata-se do grupo norueguês Kings of Convenience, que na verdade é um duo. São dois amigos que se conheceram na escola, aos 16 anos, e que cantam todas as suas composições.

Erlend Øye e Eirik Glambek Bøe, ambos nascidos em Bergen, na Noruega, trazem um estilo folk às suas canções, de melodias delicadas, vozes calmas e predominância do violão

Em 5 de outubro de 2009, lançaram seu último álbum, Declaration of Dependence, mantendo o estilo que tem sido a receita de sucesso deste grupo. Boat Behind é a primeira música de trabalho do novo álbum e pode ser ouvida no site do grupo ou adquirida na iTunes store inglesa ou na Amazon.

Por aqui, o CD Riot on an Empty Street (2004) está disponível no Submarino pela bagatela de R$ 99,90! Mesmo sendo importado, o preço é absurdo.

O clipe abaixo é da música Misread, do álbum Riot on an Empty Street. Enjoy!



MISREAD

If you wanna be my friend
You want us to get along
Please do not expect me to
Wrap it up and keep it there
The observation I am doing could
Easily be understood
As cynical demeanour
But one of us misread...
And what do you know
It happened again

A friend is not a means
You utilize to get somewhere
Somehow I didn't notice
friendship is an end
What do you know
It happened again

How come no-one told me
All throughout history
The loneliest people
Were the ones who always spoke the truth
The ones who made a difference
By withstanding the indifference
I guess it's up to me now
Should I take that risk or just smile?

What do you know
It happened again
What do you know

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Onisciente



Eu queria saber de tudo, conhecer tudo, dominar todo o conhecimento.

Eu queria ter controle sobre tudo que estivesse ao meu alcance e que assim desejasse. Ler pensamentos, adivinhar o momento exato em que alguém precisasse de uma palavra amiga, de um ombro amigo, de atenção total e incondicional.

Eu queria poder prever o futuro, saber o com precisão se amanhã vai chover ou fazer sol, se vou estar doente, se terei um dia cheio de trabalho ou um dia calmo e preguiçoso como uma agradável tarde de verão.

Eu queria ter inspiração inesgotável e abundante para escrever de forma incansável e que as palavras deitassem no papel em perfeita organização, que todos os pensamentos externados fossem compreendidos por todos e que pudesse compreender a todos.

Queria tanta coisa. Queria teu beijo. Queria teu sorriso. Mas ao querer, esquecer-me-ia de viver o presente. Se só pensasse no futuro e soubesse tudo que o futuro, que o amanhã nos reserva, que graça teria a vida? Se a inspiração não me fugisse de quando em quando, jamais ficaria maravilhado diante de um olhar, de um sorriso, de uma flor, de um por do sol.

Sem surpresas, tudo seria monótono e quedaria entediado. Melhor ser como sou, limitado e humano.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Crônica: Lampejo


Borboletas e Papoulas, Vincent Van Gogh

LAMPEJO

Foi o reflexo do sol na tela do computador que a dispersou do trabalho. Estava tão concentrada que nem vira a tarde passar. Aquele sol, tímido, poente, ao adentrar pela janela conduziu-a para longe. Fechou os olhos, respirou fundo. Quando reabriu os olhos, deixou o olhar correr para fora da janela. Um olhar distante que não se fixa em ponto algum; parecia contemplar o infinito, mergulhada em profundo devaneio.



O coração bateu mais forte, um leve suor umedeceu suas mãos. Procurou uma foto dele, sem óculos escuros, para poder sentir o olhar penetrante, um olhar que parecia abraçá-la, envolvê-la por completo. Ainda que levemente triste, ele sempre a olhava como se ela fosse a única mulher existente. Ele fazia-a sentir incrivelmente preciosa.


Lembrou-se do último encontro, em que ele a levou para passear de moto. O vento no rosto, o medo que a fazia abraçá-lo com mais força e sentindo-o mais perto, como se estivessem unidos àquela máquina de metal a formar um ser unitário. Tudo aquilo revelava um espírito aventureiro que ela imaginava sepultado desde a juventude. Agora, com o passar do tempo, percebera que a seiva da vida voltava a pulsar forte em suas veias, irrigando-a de energia e vivacidade.


Repousou os olhos sobre a foto que a hipnotizava e a transportava a lugares longínquos, produto de um estupor momentâneo, mas que era ao mesmo tempo sublime e causava certa angústia e aflição. Ansiava por aquela liberdade que pensava não existir, por uma certa rebeldia que julgava incapaz de aceitar, por aquele sentimento confuso que reaparecia no seu âmago.


Estava confusa com todos estes fatos que se precipitavam diante dela, como o lampejo de um raio numa tempestade de verão. Não queria que aquele momento terminasse e o que sentiu naqueles segundos, apenas ela saberia. Seria e permaneceria um segredo íntimo, guardado eternamente.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

MST e o Estado omisso

Uma pessoa disfarçada de técnico de uma companhia de serviços telefônicos consegue adentrar o apartamento do presidente Lula, em São Bernardo do Campo. Expulsa os empregados, troca as fechaduras e resolve instalar-se ali. Quebra todas as janelas, destrói as cortinas, arranca as torneiras, entope as privadas com jornal, pinta palavras de ordem nas paredes, revira os móveis. Transforma uma residência em um local de destruição e vandalismo.



Pergunta-se: o que faria o proprietário? Chamaria a polícia ou ajuizaria uma ação de reintegração de posse?


A cena é imaginária e servirá apenas como exemplo para reflexão. Provavelmente a polícia seria chamada, a porta arrombada e o invasor sairia preso. Por que, então, a polícia não agiu assim com o MST que invadiu uma fazenda da Cutrale, em Borebi, São Paulo? As cenas indicam e comprovam que os indivíduos praticavam um crime contra o patrimônio, porém, a polícia permaneceu inerte. Vale lembrar que a autoridade policial tem o DEVER de prender qualquer pessoa em situação de flagrante delito. Repito: DEVER, não faculdade.


As cenas que pudemos assistir nos telejornais são deploráveis, lamentáveis e deixam qualquer um indignado. Porém, assim age o MST, com o aval do Incra, Ministério da Reforma Agrária, de deputados e senadores de diversos partidos. Defendem uma causa e sustentam que esta causa está acima da lei. Exatamente aí que reside o problema: a lei vale para uns, mas não vale para os companheiros.


Na edição de domingo do Estadão, uma reportagem revela que um assentamento do MST na região de Bauru (SP) transforma restos de madeira em carvão. A produção do carvão é feita sem autorização e licença do IBAMA, mas jamais foi aplicada uma multa. A polícia ambiental também se omite. Onde está o ministro Carlos Minc agora? Onde está o IBAMA que tem obrigação legal de impedir tais atos?


Dois pesos e duas medidas. Assim pensa e age o atual governo deste nosso querido Brasil.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

São Paulo de ontem



Palácio das Indústrias, no centro de São Paulo. Ao fundo o Edifício Banespa, com seu mirante que permite uma visão de 360 graus da metrópole que se espraiou a partir do Pátio do Colégio.




Hoje, o Palácio das Indústrias, que fica próximo ao Mercado Municipal, e que já foi sede da Prefeitura, transformou-se num grande museu interativo de ciências, no melhor estilo dos museus norte-americanos.

Arquitetura de uma época que não retorna mais e merece a visita ao prédio para contemplar o que era a metrópole nascente. Trata-se de um excelente exemplo de preservação de um marco histórico da cidade, numa região degradada e que precisa ser revitalizada.

O Espaço Catavento - nome do museu que ali se instalou - é administrado pelo Governo do Estado de São Paulo. Compõe com o Mercado Municipal um programa que alia divertimento e boa comida a poucas quadras.

Penso ser comparável ao conjunto Pinacoteca do Estado, Sala São Paulo, Estação e Parque da Luz e Museu da Língua Portuguesa, guardadas as devidas proporções.

Ambos encontram-se em regiões que estavam degradadas e após projetos de restauração, ganharam nova vida e vigor, atraindo paulistanos e visitantes. A preservação destes prédios históricos é que permite contemplar na arquitetura o passado, a realidade de uma época que não volta mais.

domingo, 4 de outubro de 2009

Ainda sobre Toffoli no Supremo

Escrevi Pantomima no Senado na quinta-feira. No dia seguinte, sexta-feira, dia 2 de outubro, vejo na coluna da Dora Kramer, no Estadão o seguinte texto: Toffoli 10, Senado 0.

Transcrevo o trecho final:

"Palavra contra palavra, valeu a do questionado. Ao aprová-lo sem questionamento o Senado de um voto de confiança, quando o que se esperava era que desse um voto consciente.

De preferência, evitando cenas como a do líder do PSDB, Artur Virgílio, dizendo que seu voto a favor havia sido recomendado por um advogado amigo em comum.

Um espetáculo tosco. Não por causa de Toffoli. Mas pelo conjunto da obra de subserviência e displicência do Legislativo para com as suas prerrogativas.

Por isso é um equívoco achar que o erro está no fato de o presidente da República indicar os ministros do Supremo, porque a deformação é de quem aceita as coisas sem discutir." (p. A-6)

Este blog assina embaixo e endossa as palavras da comentarista política.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Prêmio Jabuti 2009

Foram divulgados no dia 29 de setembro os ganhadores do Prêmio Jabuti 2009, premiação máxima do mercado editorial brasileiro. O prêmio é concedido pela Câmara Brasileira do Livro.

Na categoria Romance, o vencedor foi Moacyr Scliar, mas vou não vou deixar de mencionar Milton Hatoum e seu excelente "Órfãos do Eldorado", tema de alguns posts como O olhar e palavras na visão de Milton Hatoum e Fechando o círculo.

O resultado na categoria foi:

Romance

1º lugar —“Manual da Paixão Solitária”, Moacyr Scliar (Schwarcz)
2º lugar —“Orfãos do Eldorado”, Milton Hatoum (Schwarcz)
3º lugar —“Cordilheira”, Daniel Galera (Schwarcz)


O resultado completo da premiação pode ser visto aqui.







quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Pantomima no Senado

O Brasil não é um país sério. A frase célebre sempre me volta à mente quando presencio fatos da vida brasileira. Os últimos anos têm sido generosos em nos brindar com fatos preciosos, para não dizer trágicos e cômicos. Vejam o que está acontecendo na embaixada brasileira em Honduras. Mas, volto ao tema depois.

Assisti ao início da sabatina de José Antônio Dias Toffoli na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal. Perdi pouco mais de uma hora e meia escutando a sessão enquanto trabalhava. Logo percebi que tinha me iludido novamente com o discurso da "oposição". Rasgação de seda, elogios para lá e para cá, perguntas tímidas, respostas evasivas e todos felizes. Menos eu, que fiquei com a sensação de ter sido enganado, aliás como muitos brasileiros que se iludem com nossos representantes.

Não houve uma sabatina, houve uma pantomima, um teatro de faz de conta, ou poderíamos dizer que a nossa democracia é para "inglês ver". Os senadores tinham 5 minutos para inquirir Toffoli. Somente 5 minutos! E Toffoli deixou claro porque não foi aprovado em dois concursos públicos: seria reprovado no exame oral!

Uma sabatina ocorre em países sérios, com uma democracia madura, onde representantes do povo agarram-se a suas convicções e não cedem a pressões venais. A sabatina deveria realmente avaliar e interrogar o nomeado para avaliar suas posições sobre diversas questões constitucionais. Infelizmente, engatinhamos neste terreno e por isso somos um país que pensa pequeno.

Em Matters of Principle (1992), Mark Gitenstein narra o processo de nomeação de Robert H Bork para a Suprema Corte Americana. Bork, indicado por Ronald Reagan em 1º de julho de 1987, era um expoente do pensamento jurídico conservador americano. Juiz de carreira e professor de direito, muitos de seus artigos questionavam avanços a existência de certos direitos individuais e não previstos expressamente na constituição americana. O presidente do Judiciary Committee do Senado americano na época era Joseph Biden, hoje vice-presidente de Barack Obama. Biden abraçou uma luta para rejeitar o nome de Bork. Tratava-se de um confronto de princípios. Depois de uma sabatina que durou duas semanas, transmitida ao vivo pela CNN, o nome de Bork foi rejeitado.

Eu morava nos EUA naquela época e aquilo me impressionou muito. Era a democracia viva, vibrante. Mesmo morando numa pequena cidade do Midwest americano, as pessoas discutiam o que estava acontecendo em Washington. E isto se deu em 1987.

Pois bem, as coisas por aqui são diferentes. Muito diferentes. Toffoli afirma que tem uma convicção pessoal, mas se tiver que julgar seguirá outra linha. Não há principios, algo típico do petismo petralha. Parece dizer: sou honesto, mas se me oferecerem um dinheirinho lá fora, tudo bem, eu aceito, afinal é pelo bem do Estado. A indicação foi lastimável e o Senado agora é cúmplice. Espero a primeira sessão de julgamento do STF para ver o Toffoli rebolar e levar bordoada. Agora, não dá para apelar para o chefe.

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E por falar em princípios, Henrique Meirelles provou que está mais preocupado com sua vaidade pessoal do que com a instituição que preside. Ao filiar-se ao PMDB, Meirelles deu um triste demonstração de que ser presidente do Banco Central nada mais é do que um cargo público que agrada ao ego. Esqueceu-se de que a credibilidade de uma instituição, como o Banco Central, depende da independência de seus dirigentes e que estes não deveriam ter qualquer vinculação política. Meirelles poderia muito bem ter renunciado ao cargo.

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Enquanto isto em Honduras, o cover de Ratinho continua a usar nossa embaixada como escritório político. Sugiro ao governo brasileiro que envie o Senador Eduardo Suplicy para mediar o conflito. Quem sabe ele não começa a cantar na embaixada e o Zelaya sai correndo? Ou então ele pode explicar o programa de renda mínima para Roberto Michelleti? De um jeito ou de outro, um dos dois vai preferir entregar o cargo a ouvir o Suplicy.