quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Cai a máscara do MST

Em 13 de outubro de 2009, fiz um post sobre a omissão do Estado diante da invasão do MST na fazenda da Cutrale, em Borebi, São Paulo. Ontem, o Estado corrigiu sua omissão ao prender os líderes daquela invasão. Um vídeo exibido nos principais jornais revelou a clara intenção do MST naquela invasão: causar prejuízo. Em outras palavras, o intuito da invasão era criminoso, o que já tínhamos dito.


A notícia pode ser lida aqui, onde há inclusive um link para a íntegra da nota do PT. Para quem prefere uma leitura mais crítica, o Reinaldo Azevedo também comentou a questão.


O PT reagiu afirmando que o governo tucano tenta “criminalizar os movimentos sociais”. Interessante como as palavras podem ser distorcidas para tentar justificar o injustificável. Não se trata de criminalizar os movimentos sociais, mas de punir atitudes criminosas perpetradas por quem quer seja, sejam eles movimentos sociais ou não. O que se viu naquela invasão foi uma liderança criminosa que se escondeu por trás de um suposto movimento social para roubar e destruir patrimônio privado.

O crime foi praticado e agora deve ser punido. Já era hora de cair a máscara do MST.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Bóiam leves, desatentos, de Fernando Pessoa



BÓIAM LEVES, DESATENTOS
Fernando Pessoa

Bóiam leves, desatentos
Meus pensamentos de mágoa,
Como, no sono dos ventos,
As algas, cabelos lentos
De copro morto das águas.

Bóiam como folhas mortas
À tona de águas paradas.
São coisas vestindo nadas,
Pós remoinhando nas portas
Das casas abandonadas.

Sono de ser, sem remédio,
Vestígio do que não foi,
Leve mágoa, breve tédio,
Não sei se pára, se flui;
Não sei se existe ou se dói.

(Fernando Pessoa. Quando fui outro.  Rio de Janeiro : Objetiva, 2006, p.68)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

E 3 anos se passaram



De forma implacável o tempo passa, sem pedir licença, sem aceitar pausas. No dia 15 de janeiro de 2007, o primeiro post veio à tona neste humilde blog. Surgido por culpa de alguém, que resolveu dar aquele empurrãozinho necessário para que as palavras saíssem do fundo da gaveta e ganhassem um espaço público. Confesso que havia uma timidez que me impedia de publicar o que escrevia. Ou talvez um medo de parecer ingênuo e ser sufocado pelas críticas. Mas isto não ocorreu.

Alguns textos talvez tenham provocado lágrimas e outros sorrisos. Talvez alguém tenha se identificado com algum personagem; talvez alguém tenha tido um momento de saudade. Quem sabe um leitor desavisado, que por aqui passou, sentiu-se provocado a ler um livro que aqui fora comentado. Quem sabe uma música despertou um sentimento adormecido, ou talvez permitiu um novo olhar sobre a realidade.

Não tinha grandes pretensões. Queria apenas escrever e deixar fluir a inspiração. A inspiração mantém-se viva, despertada pela musa. Colhi deste espaço reações que me deixaram por vezes sem graça, que me surpreenderam, mas que reveleram que há muita coisa boa para ser lida em blogs. Boas discussões surgiram. Longas conversas e novos interlocutores passaram a fazer parte deste pequeno canto, comentando ou simplesmente visitando. De todos os cantos do Brasil e de outros países, passaram leitores. Alguns deles escreveram emails narrando alguma reação a algum texto. É fascinante perceber que a palavra tem um poder mágico, um poder de mudar, de cativar, de transformar.

O propósito inicial do blog era ater-se à literatura. Em certos momentos, a política ganhou o palco principal. Sinto que neste ano a política será uma temática constante deste blog. Mas acima de tudo, descobri que o blog é livre para expressar a minha opinião. Acredito que o princípio fundamental que norteia os temas é a liberdade de expressão. Por mais tentem limitá-la, por mais que tentem tolher suas mais variadas formas, a liberdade de expressão não poderá ser cerceada na internet. Em ano de eleição, a voz deste blog não se calará.

Completo 3 anos escrevendo neste cantinho. Este blog não existiria sem um empurrãozinho providencial, provocado por alguém que ao acaso cruzou meu caminho. Agradeço a todos que por aqui passam, comentam, criticam ou simplesmente olham.

Voltem sempre!


sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Paciência

"Desde cedo, devíamos ter aulas de paciência. Paciência para com a vida, para com o corpo, para conosco, para com os amigos, para com os desconhecidos, para com os colegas, para com os pais, para com os filhos, para com os irmãos, para com os mestres, para com os nossos algozes, sem esperar que os cabelos grisalhos afinal nos venham dizer que é preciso suportar de ânimo sereno os infortúnios e os contratempos.

Um velho amigo, Victor Hasson, costumave me dizer, segurando na ponta dos dedos um imenso charuto:

- É a vida que nos amansa.

E avermelhava-lhe a brasa, soprando-a com delicadeza.

O certo é que, por entre advertências e experiências, acabei por firmar no meu espírito, para uso exclusivo, aquilo a que chamei de teoria do saldo. Na hora do infortúnio ou do contratempo, convém verificar, de pronto, o que foi que nos sobrou. Há sempre um saldo em nosso favor. E é para esse saldo que devemos voltar nossa atenção reconhecida. Se sofremos um acidente e estamos vivos, a vida é o saldo. Porque sempre há um saldo. A sabedoria consiste em dar com ele, para agradecer a Deus o que nos restou.

E isso, que aprendi à minha própria custa, deveria ser ensinado a meninos e meninas, na escola primária."
(Josué Montello. Diário do Entardecer. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1991, p. 215)

Trecho escrito em 2 de maio de 1969 em um dos volumes dos Diários de Josué Montello. Sábias palavras de um homem que passou pela vida e refletiu sobre ela. Há um caráter otimista e cheio de esperança nestas palavras, algo muito adequado para um ano que se inicia e para aqueles que se deparam com dificuldades, contrariedades e abismados com notícias das tragédias que assolaram o Haiti e tantas cidades brasileiras.

Não somos pacientes conosco. É da índole humana querer as coisas de forma mais rápida, quase imediatista. O passar do tempo nos revela que é preciso ter paciência. Paciência não significa imobilismo, inércia, mas saber que a vida tem um fluxo, um ritmo e caminha no ritmo próprio. Há dias com surpresas fantásticas; há dias com notícias tristes; há dias desagradáveis, e há dias felizes. O que importa, porém, é chegar ao final do dia e ter a certeza de que o novo dia que virá, trará novas expectativas e esperança.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Epígrafe - III

"Não se considere tão grande a ponto de as outras pessoas parecerem pequenas."

Confúcio

(Stephen R. Covey. A Grandeza de Cada Dia. Rio de Janeiro : Sextante, 2008, p. 110).

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Verdades Incômodas



Passei uns dias numa cidade do interior de São Paulo, numa chácara, aproveitando uma virada do ano calma e chuvosa. Tive acesso apenas aos canais de TV aberta e fiquei irritado com a insistente quantidade de comerciais oficiais, ou seja, do Governo do Estado de São Paulo e do Governo Federal, incluindo o Banco do Brasil e da Caixa Econômica. Em todos os blocos de comerciais, em todas as emissoras, há um bombardeio de propagandas bem feitas, bem filmadas e com mensagens ufanistas. O que me irritou foi o fato de que metade da informação é mentirosa, sem contar que se trata de propaganda demagógica, eleitoreira e representativa de desperdício de dinheiro público. A campanha para a presidência já começou há tempos, mas nem por isso vou achar que é justificável o gasto de dinheiro público com propaganda inútil.


Exatamente por causa desta minha indignação, e por ser um ano eleitoral, o segundo post do ano deixará registrado alguns fatos que ocorreram em 2009 e que não podem ser esquecidos.


1. O Poder Judiciário amparou o cerceamento indevido da liberdade de imprensa ao proibir o jornal Estado de São Paulo de publicar qualquer informação sobre uma investigação da Polícia Federal que tem como um dos investigados o Sr. Fernando Sarney, filho do presidente do Senado. Lamentavelmente, o Supremo Tribunal Federal privilegiou o formalismo em detrimento do direito material e do que está previsto no texto constitucional. Alguns blogueiros em diversos estados do país também enfrentam a censura por denunciar políticos acusados de corrupção.

2. O governo Federal continua a financiar movimentos violentos e criminosos que invadem a propriedade privada e destroem fazendas produtivas tudo em nome de uma suposta “causa” que entendem justificar o emprego da força e o uso de todo e qualquer meio para que se atinjam os fins.

3. O governo Federal editou decreto que cria uma comissão para revisar a Lei de Anistia. Já escrevi sobre isto e volto a repudiar esta tentativa revanchista de reabrir feridas do passado do país, criando uma divisão e um clima de terror desnecessários. Aliás, o PT tem abusado da ideia e das estratégias de dividir o país para se manter no poder.

4. O ministro da Justiça decide conceder asilo politico a um homicida condenado na Itália alegando que o país estava sob um estado de exceção. O terrorista continua preso aguardando que o presidente determine sua extradição, porém, Lula não tem prazo para cumprir a decisão do Supremo.

5. O Senado Federal aprovou o ingresso da Venezuela no Mercosul ignorando completamente a exigência de que o país membro seja um país democrático.

6. Os escândalos de corrupção continuaram a surgir no país e os envolvidos continuam impunes e influenciando mais do que nunca o partido que governa o país. Apenas para refrescar a memória vale lembrar de Delúbio Soares, Luis Gushiken, José Dirceu, José Genoino etc., sem mencionar o mais recente caso de José Roberto Arruda e seus amigos.

7. O governo, através do Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, usou dinheiro público para salvar o Banco Votorantim, o Banco Panamericano (Silvio Santos) e pode salvar também o Banco Bonsucesso. Por que o BB e a CEF não abrem um guichê para que qualquer empresário possa vender sua empresa a um destes generosos bancos?

8. As FARC sequestram e degolam um governador colombiano, mas o governo brasileiro insiste em dizer que as FARC não são um grupo terrorista.

9. Até quando Manuel Zelaya vai ficar hospedado na embaixada brasileira em Tegucigalpa?

10. Apenas 10% das obras do PAC foram concluídas até o momento, ou seja, 3 anos após o lançamento do programa. A propaganda do governo condiz com a realidade?

11. O governo optou por grave retrocesso ao propor a criação de uma nova estatal, a Petro-sal e de adotar um modelo ultrapassado, centralizado no poder estatal, para gerir e regular a nova fronteira petrolífera.

12. Para concluir, editou o Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009, que aprova o Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH-3, mas isto é assunto para um outro long post.

Em ano de eleição este blog vai fazer sua parte: vamos falar a verdade e expor as mentiras que os políticos vão lançar em nossa direção durante a campanha. E se algum deles perder a eleição por nossa causa, poderemos comemorar juntos a renovção dos nossos líderes.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Renovação, Inovação e 2010.




Finda-se mais um ano. Trocamos o calendário, a folhinha da parede, brindamos, comemoramos, fazemos resoluções e promessas. Vamos dormir, e acordamos num dia igual aos demais – com exceção de alguns que sentem uma forte ressaca. A mudança de ano, porém, tem um efeito psicológico forte. Não sou daqueles que acha que tudo vai ser diferente simplesmente por que saltamos um ano para a frente; por outro lado, sou um otimista que tende a acreditar que podemos sim começar de novo e reescrever o que não deu certo no ano que terminou.

Rubem Alves escreve em sua coluna da Folha de São Paulo de hoje que não lhe interessa o jornal de ontem, pois está morto. Interessa-lhe a poesia, que está sempre viva e ressuscita ao ser lida.

Renovar pode ser um conceito simples de se compreender, mas difícil de executar. Inovar idem. Ambas são fruto de um processo que passa por uma forte força de vontade. Um processo constante e perseverante, de pequenos passos diários. Somente assim haverá renovação e inovação. Não importa se é um ano novo, um novo mês, uma nova semana. Nem mesmo precisaria ser um novo dia. É preciso que seja uma nova decisão; é preciso ressuscitar a poesia da vontade.

Desejo a todos que por aqui passam um ano verdadeiramente novo e cheio de realizações.