sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Crônica: Papo de bar




- Sabe de uma coisa? Gosto desta sua pulseira com estas pequenas borboletinhas penduradas. – disse ele com o olhar fixo na pulseira e um leve sorriso no rosto.


- E tem alguma coisa que você não gosta em mim? Aliás, para sua informação são pingentes. – corrigiu ela em tom carinhoso.

- Sem dúvida! – ele foi rápido na resposta e ela franziu a testa de imediato, com um olhar surpreso. – Há muitas coisas que não gosto em você. Poderia fazer uma longa lista de seus defeitos, manias, hábitos, implicâncias, chatices...


- Nossa! Sou tão ruim assim? – interrompendo a fala dele. – Então me diga quais são estas coisas todas que você não gosta em mim. Mas seja concreto! – a frase saiu em tom de intimação, quase como uma ordem, que camuflava o receio da resposta que iria ouvir.


- No momento, me esqueci de todos os seus defeitos. Sabe como é, seus defeitos ficam insignificantes diante das suas qualidades. E toda vez que você sorri pra mim, ou fica vermelha como está agora, só vejo suas qualidades. Qualidades que vão muito além do físico, da sua beleza, da sua pulseira...


Novamente, ele a desconcertara e ela sorria, toda vermelhinha e sem graça, diante daquele homem com suas palavras precisas.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Selo: Blog Maneiro

Ganhei da Veridiana Serpa, do blog 30 & alguns, o prêmio/selo/meme “Olha Que Blog Maneiro” que foi criado pelo Guilherme Bandeira do blog Olha Que Maneiro!

O objetivo consiste em indicar 10 blogs maneiros e enviar uma foto sua ou de alguém que você queira, lá para o e-mail olhaquemaneiro[arroba]gmail.com, que o Guilherme irá fazer uma caricatura da imagem na foto enviada.

E os meus indicados são: Edna Federico, do Pensamento Nosso; Rodolfo Lima, do DogMas; Eduardo Carvalho, dele mesmo; Señorita Rosa, do Señorita Rosa com o candelabro na biblioteca; Patricia H, do [re]tratos; Tiago Soarez, do Bossa Nova Café!; Cirilo Veloso, do Simples Coisas da Vida; Fabíola Cassab, do Pensar de Uma Mulher; Tata, do Bicho Solto; Margarete, do Pérolas das Flores.

Uma variedade de blogs com temas bem diversificados, mas que sempre dou uma passadinha.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Aos 38


Ouvia, desde pequeno, que é preciso dar importância às pequenas coisas, e que os grandes feitos nada mais são do que uma sequência de pequenas coisas. Uma reta é definida como uma sequência de pontos alinhados. Assim, sucede-se na vida, nas tarefas diárias, no trabalho, na formação de um profissional e de um ser humano. A grande diferença está na finitude. A reta é infinita; a vida finita.

Envelhecer é uma daquelas palavras que traz consigo uma aparente conotação negativa. Diria que há uma repulsa por envelhecer, já que há uma constante propaganda em buscar a eterna juventude. Envelhecer, porém, é algo bom. Não me refiro ao envelhecimento do espírito, mas a maturidade que o passar dos anos traz consigo. Esta maturidade ensinou-me a dar valor a estas pequenas coisas que são os passos necessários para as grandes conquistas. Passos que exigem perseverança, paciência, insistência, constância.

Recentemente completei 38 anos. Abraço, mais este ano, com total serenidade e com uma visão da realidade cada vez mais profunda. Parece que o envelhecimento permite compreender melhor certos gestos, certos acontecimentos. O quebra-cabeça fica mais nítido e as peças começam a se encaixar de forma mais fluida. Não é necessário dizer tudo sobre tudo. Pareço adquirir uma intuição capaz de ler nas entrelinhas, de decifrar enigmas, de ler através do olhar e adivinhar pensamentos, estados de ânimo, aflições.

Simples gestos dizem mais do que mil palavras. Pequenas coisas são tesouros que não podemos deixar passar despercebidos. Fazem-se presente no nosso dia para alegrar e colorir, para mudar a rotina. Foi assim certa vez quando vi uma foto de um vasinho de flores num celular. Era um presente, uma lembrancinha, que estava guardado na memória de quem o ganhou e ficara preservado numa foto. Não era preciso dizer nada; aquele ato singelo transcendia o aparelho eletrônico para dizer muitas coisas...e estas palavras silenciosas, fruto de algo pequeno – apenas na aparência -, irradiavam alegria e sentimento.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Jabor e as mentiras

Parece que adivinhamos o sentimento coletivo; ou seria apenas um senso aguçado de observação? Bem, o fato é que escrevi um post sobre as mentiras do nosso presidente e seu alto índice de popularidade. Não bradei sozinho! Transcrevo trechos do artigo de Arnaldo Jabor, publicado no Estadão de ontem (17 de fevereiro de 2009).

"A entrevista de Jarbas Vasconcelos na revista Veja desta semana é uma rara ilha de verdade neste mar de mentiras em que naufragamos. Precisávamos destas palavras indignadas que denunciam a rede de mediocridade política e de desagregação de poderes que assola o País, do Congresso ao Executivo."


"Era preciso que um homem de estatura política abrisse a boca finalmente, neste país com a oposição acovardada diante do Ibope de Lula."


"Essa palavra 'esquerda' ainda é o ópio dos intelectuais e 'santifica' qualquer discurso oportunista."


"A última vez que vimos verdades nuas foi quando Roberto Jefferson, legitimado por sua carteirinha de espertalhão, botou os bolchevistas malucos para correr."


"O único projeto do governo é o próprio Lula. Em cima dos 84% de aprovação popular, nada o comove. Só se comove a si mesmo."


Jabor disse tudo: o único projeto do governo é o próprio Lula. Lula fala o que quer, dança conforme a música e fala o que a platéia quer ouvir, não importa se é sonho, miragem ou mentira. Arma um circo de fantasia que se desfaz como um castelo de cartas diante do primeiro dado estatístico real e confiável. O projeto do PT é perpetuar-se no poder, não importa com quem e nem como, se bem que Lula gostaria de ficar mais alguns anos como seu colega Chávez.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Meme Literário

Estou em falta com os agrados recebidos por este blog e vou dar sequência a todos a partir deste post.

Recebi este meme da Edna, do Pensamento Nosso.

Trata-se de:
1- Agarrar o livro mais próximo;
2-Abrir na página 161;
3-Procurar 5ª frase completa;
4-Colocar a frase no blog;
5-Repassar pra 5 pessoas.


A frase é do livro O Filho Eterno, de Cristovão Tezza.


"O sentimento de desespero nunca é súbito, não é um desabamento - é o fim de uma escalada mental que vai queimando todos os cartuchos da razão até, aparentemente, não sobrar nenhum, e então a idéia de solidão deixa de ter o charme confortável de uma idéia e ocupa inteira a nossa alma, em que não caberá mais nada, exceto, quem sabe, a coisa-em-si que ele parece procurar tanto: o sentimento de abismo."


Repasso a tarefa para os seguintes blogs:


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Mentiras e popularidade





Se a fábula de Pinóquio fosse realidade, tenho certeza de que um certo morador do Planalto Central iria poder sentir diariamente o aroma da poluição paulista de tão grande que seria seu nariz.



Minha capacidade de indignação é inesgotável. Talvez por isso tenha escolhido a carreira jurídica. Mas acima da minha capacidade de indignação, há uma revolta constante com as mentiras – reiteradas e múltiplas – lançadas a todos os cantos pelo nosso digníssimo presidente. Basta ligar a televisão, olhar a manchete de um jornal que as mentiras estão lá. Praticamente nada do que fala Lula é verdadeiro e pode ser comprovado com dados estatísticos ou análises sérias. Até quando ele disse que não sabia de nada, estava mentindo. Então, alguém me pergunta: como explicar a popularidade do presidente se ele engana todo mundo?



Tenho uma teoria acerca da popularidade do presidente. Lula não se preocupa com o que diz; ele diz o que a plateia quer ouvir, não importa quem seja, Lula está mais para camaleão do que para molusco. Na reunião com os prefeitos eleitos na semana passada em Brasília, atacou a burocracia e a demora na liberação de verbas para os municípios. Ora, quem é o chefe da burocracia neste país? Quem determina a liberação verbas para os municípios? Ele!! Ou talvez ele não saiba disto também. No Fórum Social em Belém, Lula atacou o capitalismo. Se não fosse o capitalismo, será que Lula teria conseguido se eleger presidente? Será que conseguiria ficar todos estes anos vivendo sem trabalhar? E por aí vai...


Os discursos do presidente embutem dados produzidos em sua cabeça, verdadeiros "chutes". Poderia até suspeitar de má-fé, de manipulação de dados mesmo, mas vou dar o benefício da dúvida ao presidente. E é triste reconhecer que não temos uma oposição capaz de criticar e desmascarar este indivíduo mentiroso. Temos um Pinóquio na presidência e eu estou cansado de mentiras.


José Simão escreveu na Folha outro dia: Temos um presidente alcoólatra e analfabeto que promulgou uma Lei Seca e assinou uma Reforma Ortográfica. O Brasil é um país cheio de contradições.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Cenários Urbanos

Enseada de Botafogo, de Francisco Coculilo (c. 1930)




A cidade adormecida traz consigo um silêncio diferente, entrecortado apenas por alguns carros e caminhões que seguem pela Marginal, evitando o horário do rodízio. O relógio marca quinze minutos antes da seis da manhã de uma sexta-feira. Está escuro, como noite. O aroma do final de madrugada traz consigo um leve toque de orvalho, um frescor não encontrado nos dias de verão paulistano. O ritmo ainda é lento da cidade que desfruta de seus momentos derradeiros de escuridão.





Chego a Congonhas um pouco antes das seis. Não há filas, não há transtorno, não há correria. É fácil estacionar o carro. É fácil fazer o check-in. É fácil pedir um café para acordar. Muitos, como eu, aguardam seus voos. Poucos voos, mas não há atrasos, nem esperas. Pontualmente embarcamos, com um traço de claridade no horizonte. Traço de tons claros, um amarelo quase branco sucede a um rosa mais intenso. Deixo São Paulo preguiçosamente acordando e o céu ganhando sua coloração anil.





Foi Le Corbusier que disse que Oscar Niemeyer tinha nos olhos as curvas do Rio e que isto refletia em sua arquitetura. A visão do alto permite contemplar, com olhos de pássaro, as curvas do Rio. Uma geografia privilegiada e que me fascina. Não importa o número de vezes que desfrute desta visão; sempre há algo novo e fascinante, sempre há um detalhe a observar, um ângulo. O Cristo no alto do Corcovado é o mesmo, mas talvez eu não seja mais o mesmo, talvez não a mudança não seja do cenário, mas do espectador. O Pão de Açúcar surge no lado direito do avião que faz a curva final para aterrissar no Santos Dumont. O dia está esplendoroso!




Meu destino é a Sete de Setembro, quase esquina com a Rio Branco. Desço do táxi e caminho pela Rio Branco até a Biblioteca Nacional para contemplar o majestoso hall de entrada. O centro do Rio despertou-me um ar nostálgico, dos tempos de Machado, talvez uma premonição do que observaria. Retornei pela mesma avenida, dobrando á esquerda para o Largo da Carioca. Segui pela Gonçalves Dias, rua de paralelepípedos e pequenos sobrados coloniais. Suas janelas grandes no andar superior pareciam olhos a contemplar os transeuntes apressados; parecem pessoas deitadas de bruços, silenciosas mas atentas. Meu ritmo é vagaroso a observar aqueles sobrados. Paro na Confeitaria Colombo para um café. Tenho tempo antes do meu compromisso.





Adentrar na Colombo é viajar no tempo, viajar para a Lisboa antiga, para uma época áurea em que a capital federal localizava-se neste Rio de Janeiro. Espelhos gigantescos e paredes decoradas com detalhes de uma arquitetura de época. Tudo esteticamente aprazível, não há exageros. Fico a imaginar aqueles salões repletos de homens engravatados, de mulheres com seus trajes pesados...e aquele calor. Faz 34 graus e sinto a umidade no ar. Na esquina da Gonçalves Dias com a Sete de Setembro um homem fuma cachimbo. O aroma do tabaco inunda minhas narinas e completa o cenário nostálgico. Voltei para o final do século XIX ao sentir aquele perfume do fumo.





Após o almoço, segui pela Rua da Assembléia para uma rápida visita a uma colega já que o tempo escasseava antes do retorno. Resolvi arriscar e caminhar de volta ao aeroporto. Minha rota guiou-me pela Av. Presidente Antônio Carlos, via larga e ampla. Tive uma gratíssima surpresa ao seguir por este caminho: ao fundo o Pão de Açúcar e uma generosa brisa. Os prédios que ladeiam a avenida lembraram-me de soldados enfileirados, imóveis, como numa cerimônia militar e ao fundo o súdito. O súdito, neste caso, o Pão de Açúcar sem nenhum obstáculo à contemplação. O sol forte que esquentava meu terno escuro deixou de ser relevante diante da beleza da cena natural com que era premiado. De fato, Niemeyer só poderia desenhar o que desenhou sendo carioca.





Quase no destino final, paro na esquina da Pres. Wilson e lá está a Casa de Machado. Ele que tantas vezes me guiou pelo Centro e por arredores do Rio com suas palavras, parecia agora se divertir com minhas descobertas empíricas. Cenários urbanos a serem descobertos com um olhar afiado. Cenários de uma cidade que deslumbra sempre. Porém, nesta rápida passagem pela capital fluminense, senti falta de algo. Ou melhor, de alguém que me desvendou os encantos cariocas. Era hora de voltar e deixar para trás - até a próxima visita – as belezas naturais desta cidade abençoada.




OBS: Se estes caminhos não fazem sentido, sugiro ao leitor que use o Google Maps para se situar e apreciar a paisagem.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Poesia: AUSÊNCIA





AUSÊNCIA


Tua ausência me despedaça.
O tempo torna-se elástico
Ponteiros preguiçosos do relógio
Em ritmo quase insuportável.
O ar pesado me sufoca
O silêncio é cruel
Corta a pele e faz sangrar
Não lágrimas, mas o sentimento!
Perturbado, sigo adiante
Ao momento do reencontro
Que dissipará a tua ausência
E amenizará a saudade.


(RLBF - fev 2009)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Saudade


"A saudade existe no coração, sem necessidade de recordações externas."

Machado de Assis

(Migalhas de Machado de Assis. São Paulo: Migalhas, 2008).


"Tive ouro, tive gado, tive fazendas.

Hoje sou funcionário público.

Itabira é apenas uma fotografia na parede.

Mas como dói!"

Carlos Drummond de Andrade

("Confidência do Itabirano". Antologia Poética. 26ª. Ed. Rio de Janeiro : Record, 1991).


"Eu próprio, ao refletir sobre os percalços do ano-velho, vejo agora neles a provocação que nos faz amar a vida com outra intensidade. Os calhaus do caminho ficaram para trás. Nossa vida nada mais é do que a transformação do dia de hoje em dia de ontem, enquanto esperamos o dia de amanhã. O que é bom lembrar também se chama saudade."

Josué Montello

(Diário da Noite Iluminada. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1994, p. 214)


A memória, intangível, silenciosa, guarda, como uma caixinha de joias, os detalhes de tantos momentos vividos, imaginados, sentidos. Fundem-se emoções, realidade, sonhos, vibrações, alegrias, lágrimas e tristezas. Cria-se algo novo, fruto desta mistura de dádivas, que percorre o corpo até o coração. Este, órgão tão potente, estremece diante da saudade e precipita o anseio pelo reencontro.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Da escrita para o visual

Tabel, de Tomma Abts



Ert, de Tomma Abts


Escrever sobre arte moderna não é das tarefas mais fáceis. Descrever a forma como um artista moderno se expressa, então, parece muito mais complicado. Lendo Seven Days in the Art World, Sarah Thornton, consegue com êxito retratar no imaginário do leitor o que o artista cria.

Em um dos capítulos sobre o Turner Prize, concedido pelo Tate Museum da Inglaterra a um artista contemporâneo de destaque, Thornton conversa com Tomma Abts. A artista, nascida na Alemanha, pinta todos seus quadros em telas do mesmo tamanho. Todos seus quadros são intitulados com uma única palavra em alemão. Além de ganhar o Turner Prize, em 2006, ela já teve uma mostra no New Museum, em Nova York.


Talvez o mais interessante do livro seja conduzir o leitor ao mundo das artes, com todas as suas facetas e excentricidades. Ao longo do texto, a autora repete as perguntas: o que é arte? o que é ser artista? Múltiplas respostas, algumas diametralmente opostas, e que instigam no leitor um senso crítico. Arte pode ser tudo, desde o olhar seja lançado do ponto de vista certo.

Esperei chegar ao meio do livro para então contemplar os trabalhos descritos no livro. As descrições da autora são excelentes. Esperemos que a tradução em português seja fiel ao excelente trabalho da escritora.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

E a CPMF não fez falta!

Da coluna do Celso Ming, no Estadão do dia 28 de janeiro de 2009:

A arrecadação total do governo federal em 2008 atingiu R$ 660 bilhões e foi 12,8% mais alta do que a do ano anterior. Considerando a inflação, o crescimento foi de 6,8%.

Como se vê, a CPMF, extinta em janeiro, não fez falta para as receitas do Tesouro. Nem a Receita Federal precisou da CPMF para farejar sonegação
.”

Há certas coisas que não podemos esquecer e deixar que o tempo apague da memória. A extinção da CPMF reduz custos, que no momento de crise atual, deixa preciosos valores nas contas dos contribuintes. Este dinheiro contribui com a atividade econômica e não é represado pelo Governo. Ou seja, o dinheiro fica com quem pode gastar, como sugeriu tantas vezes o nosso presidente.

Vale lembrar também, que a falta da CPMF não trouxe o caos tributário, a falência do Estado, nem impediu a Receita de perseguir sonegadores. No somatório geral, o discurso do Governo era claramente mentiroso!