quinta-feira, 31 de julho de 2008

Na minha cabeceira



Último livro lido: A Sonata a Kreutzer, de Lev Tolstoi (Editora 34).


Leitura atual: Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (Ateliê Editorial).




Detenho-me nas revistas.


A Dicta & Contradicta é uma revista de humanidades editada pelo Instituto de Formação e Educação e foi lançada em 10 de junho de 2008. Artigos sobre filosofia, arte, culutura e literatura. Uma visão aprofundada de temas que provocam a reflexão. Na edição de número 1, há uma das três últimas aulas dadas pelo poeta Bruno Tolentino, que preocupava-se com o esvaziamento cultural no Brasil. Gostei muito de dois artigos em especial: um sobre Hayek, econcomista ganhador do Prêmio Nobel e um crítico voraz do socialismo e do totalitarismo, e outro artigo sobre uma obra de Newmann, The Idea of the University, que trata da função e dos objetivos da universidade.




A Granta, por sua vez, dispensa apresentações. É a revista literária mais antiga em publicação, tendo sua origem na Inglaterra. A edição brasileira está a cargo da Editora Objetiva, com o selo Alfaguara. A segunda edição traz como tema a viagem, qualquer viagem, seja ela imaginária ou real. São ao todo 11 textos, entre autores nacionais e estrangeiros, o que dá um sabor muito interessante. Há uma variedade nos textos - tanto nos estilos, como nos enfoques - que distrai e enriquece o leitor. Dentre os brasileiros, há textos de Arnaldo Jabor, Carlos Diegues e Ignácio de Loyola Brandão.


Boa leitura!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Terra da Garoa?

Acostumei-me a ouvir São Paulo ser chamada de a Terra da Garoa. Os meses de inverno eram sempre temperados com uma garoa fina, intensa e fria que começava assim que escurecia. Noites garoenta, úmidas e muito mais frias. Inspirados nesta característica do clima, surgiu o famoso Demônios da Garoa, um conjunto musical paulista que faz sucesso há mais de 65 anos. Para quem não conhece - ou é muito jovem -, basta visitar o site do grupo.

Este post não é musical, mas climático. O inverno em São Paulo, e em toda a região Sudeste do Brasil, tem sido muito seco. Seco demais. Claro que sentimos menos frio e os dias têm sido plenamente ensolarados, mas com baixíssima umidade.

O clima mudou e não sei se a culpa é só do efeito estufa e do aquecimento global. Tenho uma leve impressão de que o crescimento desordenado da cidade contribuiu para esta secura. Faltam árvores, faltam áreas verdes e há muita impermeabilização, coisas que afetam a cidade e seu clima e elevam a temperatura.
Pelo visto, as noites garoentas e frias de julho vão ficar apenas na memória de quando era garoto. Os nevoeiros espessos desta época também se vão. Resta-nos acostumar com o novo clima, beber muita água e torcer para chover logo.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Dicas da Dani: Duffy

Cantora galesa, Duffy entra em cena com seu primeiro álbum Rockferry. Lançado em março de 2008, o seu primeiro CD vem recebendo excelentes críticas. Jovem, 23 anos, Duffy é mais uma cantora que aparece no Reino Unido, na onda de Amy Winehouse e Lilly Allen. Suas músicas trazem soul e pop, com algumas baladas.

O site da cantora tem uma versão oficial em português e para quem quer degustar, as músicas do álbum de estréia podem ser ouvidas no site. A faixa "Breaking my Own Heart" pode ser baixada gratuitamente.

Trazemos o vídeo de Mercy, primeiro hit do álbum Rockferry. Vale a pena conferir.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Múltiplas Visões: os textos

A proposta foi lançada livremente para quem quisesse escrever partindo de uma única frase. Uma forma de mostrar para nós mesmos que uma frase pode ser interpretada de formas tão distintas quanto somos distintos cada um de nós, mas semelhantes pois todos somos parecidos.


Os textos que participaram - até agora, e se esqueci alguém, por favor avise-me - estão indicados nos links abaixo:


FICÇÃO

1. Um Sonho ou Um Pesadelo, da Fabiola.

2. Dia dos Namorados, deste blog.

3. Aparência, deste blog.



Continuem escrevendo que farei uma nova coletânea mais adiante.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Não por Acaso: excelente filme brasileiro

De uma esquina carioca para uma esquina paulista, da literatura pulo para o cinema, mantendo-me na esquina.
Não por acaso é um filme de Philippe Barcinski, produzido pela O2 Filmes e lançado em 2007. No elenco, Rodrigo Santoro, Letícia Sabatella e Leonardo Medeiros.

Peguei o filme em DVD, há pouco mais de um mês, num daqueles sábados frios. Procurava algo diferente e que instigasse - ou nutrisse - meus pensamentos e meu clima introspectivo daquele dia. O cinema brasileiro tem produzido ótimos filmes nos últimos, talvez com maior destaque para Tropa de Elite. O ritmo e a cadência do long brasileiro é semelhante ao dos filmes europeus. Para alguns, esta cadência é tediosa e monótona, mas para outros reproduz o ritmo da vida - por vezes demasido lento e fora do nosso controle.

O título me fisgou e não me decepcionei com a estória. Por coincidência, ou seria acaso, já havia assistido a um curta do diretor chamado Palíndromo. Durante o filme, que se passa em São Paulo, fui tentando identificar as locações de filmagem. Surpreendi-me quando consegui identificar o local de um apartamento apenas com a tomada da janela, ao fundo de uma das personangens da estória. Interessante como um olhar atento pode revelar a beleza escondida desta paulicéia.

A estória traz Ênio (Lauro Medeiros) como um homem de meia idade, engenheiro de trânsito e funcionário da CET. Um homem sozinho e amargurado, sem grandes perspectivas de vida. Vive para o trabalho. Um trabalho que revela um pouco dos bastidores do complexo trânsito de São Paulo e tem algumas curiosidades surpreendentes. Ênio descobre que tem uma filha e esta, corajosamente, vai em busca do tempo perdido de convivência com o pai.

Pedro (Rodrigo Santoro) tem 30 anos e trabalha fabricando mesas de sinuca, numa fábrica artesanal herdada do pai. Pedro tem uma paixão pelo jogo, mas teme se arriscar e participar de campeonatos. Ele namora Teresa, uma estudante de antropologia, que está mudança para a casa de Pedro.

As duas estórias se cruzam por acaso num cruzamento de São Paulo. Mas não por acaso, as vidas dos personagens são alteradas de forma radical. Pedro em busca da coragem de dar passos novos e Ênio com a descoberta do amor paterno e do carinho incondicional da filha. Pode parecer denso, pesado, mas é um filme com estórias comuns que refletem um pouco em cada um de nós.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Crônica: Expectativa




EXPECTATIVA


O avião pousou e naquele instante o iPod começou a tocar uma música que ela tanto gostava. Sincronia perfeita, trilha sonora ideal se aquela cena fizesse parte de um filme. Fez parte do filme da minha vida, ainda que haja poucos espectadores e a maioria das cenas sejam reproduzidas em exibições privadas. Mas Sara Bareilles iria combinar perfeitamente como música de fundo para um pouso no Santos Dumont em dia ensolarado.

Desembarquei com calma e remarquei minha volta. Ela não precisa saber disto. Não me importa a taxa de remarcação que a companhia aérea cobrou. Importa-me aproveitar cada minuto ao lado dela, qualquer segundo, qualquer instante. Olhei no relógio e imaginei que amanhã neste horário estaria com ela. Peguei um táxi e rumei para Copacabana. Na Barata Ribeiro, avistei uma mulher de costas que se parecia com ela. O sinal fechou e não consegui ver o rosto. Convenci-me de que não era ela pelo jeito de andar. Sinto-a perto, muito perto.

Recebo a chave do quarto 501 do hotel. Abro a cortina da sacada, saio na varanda e minha vista é para a rua e para a esquina da Siqueira Campos com Domingos Ferreira. Fico paralisado, sorrindo. Meu olhos são atraídos para aquela esquina de imediato e viajo no tempo, rumo ao passado. Novembro de 2006. Dia 23 de novembro, quinta-feira. Lembrei-me da data. Da sacada, avistei-a caminhando pela rua, rapidamente, já com a noite caída. Pouco antes de ler meu email e responder com uma mensagem no celular. A memória é poderosa para as coisas importantes e sempre ressurgem para inundar a alma de alegria. É muito bom estar Rio, penso com um suspiro de alegria. Saudades incontidas me atiçam.

Sento-me na varanda e sinto a leve brisa do mar que afaga meu rosto, como uma carícia dela. Olho as pessoas, o movimento, alguns pássaros planando sobre o mar. Pessoas idosas, velhinhos e velhinhas com suas sacolas de supermercado, alguns turistas indo à praia com seus trajes facilmente identificáveis, os táxis com sua coloração típica. Um despojamento tão diferente de São Paulo. De terno e gravata, sinto-me um estranho numa cidade que me arrebatou. E tudo por culpa dela.

Levanto os olhos e o céu está azul, sem nuvens. Azul anil. Antecipo a noite enluarada e estrelada. Mas ainda há que esperar e conter a expectativa. Pouco mais de 24 horas e quem sabe mais uma noite inquieto, mergulhado em conversas mentais e sonhos. Olho o relógio e num ímpeto levanto-me da cadeira e do devaneio, apesar da pouca vontade de enfrentar as reuniões que me aguardam. Poderia ficar horas saboreando estes delírios no meio do dia que sempre tem nela a personagem principal.



quarta-feira, 16 de julho de 2008

Anti-marketing empresarial

Empresas gastam verdadeiras fortunas em propaganda para conquistar novos clientes. Há, porém, aquelas que simplesmente esquecem dos clientes antigos, transformando clientes fiéis em clientes enraivecidos. Dois casos aconteceram recentemente comigo e vou contá-los.

Fui assinante do Estadão por mais de 20 anos. Leio o jornal desde que aprendi a ler. Ano passado, ao renovar a assinatura, paguei a primeira parcela da renovação, e como constava do boleto, os boletos das parcelas seguintes seguintes seriam enviados após o primeiro pagamento. O fato é que não me mandaram os boletos subsequentes, algo que não notei. Um belo dia suspenderam a entrega do jornal. Entrei em contato com o teleatendimento, o fatídico atendimento. A operadora informou-me que eu não havia pago o valor da assinatura. Expliquei que não havia recebido os boletos. A operadora, no tradicional gerundismo, disse-me:

- O Senhor deve estar depositando o valor que falta da assinatura e deverá estar mandando por fax o comprovante de depósito.

Calmamente disse que queria efetuar o pagamento por boleto. Ela disse que isto era impossível e que o depósito deveria ser feito na conta do jornal. Perguntei se a ligação estava sendo gravada e ela afirmou que sim. Disse-lhe que agradecia, mas que a partir daquele dia passaria a assinar a Folha.

No dia seguinte, voltaram a entregar o jornal. Passaram-se 3 meses e novo contato telefônico do jornal informando que enviariam os boletos. Bem, os boletos não vieram e suspenderam a entrega novamente. Sem qualquer estresse, virei assinante da Folha.

O outro caso envolveu a TAM. Ao comprar uma passagem pelo atendimento telefônico, percebi que o preço passado pela atendente era superior ao valor que constava do site da empresa. A explicação foi de que quando se compra passagem pelo serviço telefônico é cobrada uma taxa adicional de "assistência humana". Acreditem se quiser!

Agora já sei que não dá para comprar passagem pelo atendimento telefônico. Sai mais barato comprar pelo site da empresa ou por agente de viagens, e neste caso, a empresa perde dinheiro, pois paga comissão ao agente.

Exemplos de burrice empresarial!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Cecília Meirelles - Metal Rosicler





Metal Rosicler foi publicado em 1960. Este é o primeiro poema do livro:


1


Não perguntavam por mim,
mas deram por minha falta.
Na trama da minha ausência,
inventaram tela falsa.

Como eu andava tão longe,
numa aventura tão larga,
entregue à metamorfose
do tempo fluido das águas;
como descera sozinho
os degraus da espuma clara,
e o meu corpo era silêncio
e era mistério minha alma -
- cantou-se a fábula incerta,
segunda a linguagem da harpa:
mas a música é uma selva
de sal e areia na praia,
um arabesco de cinza
que ao vento do mar se apaga.

E o meu caminho começa
nessa franja solitária,
no limite sem vestígio,
na translúcida muralha
que opõem o sonho vivido
e a vida apenas sonhada.

(Canções. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2005, p. 147)

A ausência pode não ser física, mas interior. Mergulhada na alma, imersa na metamorfose, pronta para ressurgir e iniciar a nova aventura. Mudar sem deixar vestígio, sem deixar que "a tela falsa" pintada pelos outros influencie "a vida apenas sonhada", imaginada na aparência, mas distante da realidade.

A realidade é única, mas perceptível em sua integralidade, apenas por quem a vive. Os espectadores sempre desenharam na "tela falsa", notando por vezes a ausência, mas jamais compreendendo a ausência em sua completude.

Polícia Federal na caçada

Semana passada publiquei um artigo sobre a recente Operação Satiagraha da Polícia Federal no blog Informativo Legal. A visão é crítica, e a quem interessar, segue o link.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Olhar no Feriado

Manchete do dia. Feriado em São Paulo. Pausa matinal para um café no Café Suplicy, no Itaim. Estas poltronas do Café Suplicy são deliciosas para relaxar e ler. Como faltavam fotos neste blog, trago algumas. Todas tiradas da poltrona e lançam um olhar sobre o feriado.




Céu azul e clima ameno. Um dia de inverno ideal!




Posted by Picasa


segunda-feira, 7 de julho de 2008

Crônica: Dia dos Namorados

DIA DOS NAMORADOS

- Preciso de você. Você é meu refúgio - disse Mariana.

As palavras murmuradas, no momento da despedida, apertaram-lhe o coração. Um temor invadiu-lhe a alma. Sentiu-se aprisionado, enjaulado, como poucas vezes na vida. O coração palpitara mais forte, era inegável. Mas estava reticente. Novamente, deparava-se com um medo paralisante. As palavras sublimes de Mariana deixaram Pedro em estado de estupor. Ela dissera aquilo durante um abraço de despedida, depois do almoço, como em tantos outros encontros. Naquele 12 de junho foi diferente. Palavras ditas de forma trêmula, tíbias, talvez envergonhadas, talvez temerosas da reação do amigo. O fato é que elas haviam sido pronunciadas e tudo deixara-o perplexo.

Pedro não conseguiu trabalhar direito naquela tarde. Pensamentos emaranhados e cheios de nós. Tantas outras vezes renegara o que sentia, tantas outras vezes havia sido indiferente, tantas outras vezes anulara seus sentimentos por puro medo de abraçar o que a vida lhe presenteava. "Que graça tem a vida se não posso dividir o que ela tem de bom e de ruim? Que graça tem a vida se não posso contar a ela que sonhei com ela? Que graça tem a vida se não lhe conto que pequenas coincidências do meu dia trouxeram-me um enorme sorriso e me fizeram lembrar dela, sempre dela? Que graça tem a vida se me acovardo diante do que meu coração grita? Que graça tem a vida se passo por ela como um covarde que recusa a alegria da companhia de uma alma tão especial? Que graça tem a vida..." - e perdeu-se neste desfiar de perguntas sem respostas. Poderia fazer infinitas perguntas, mas a resposta era única. Pedro sabia a resposta a cada pergunta destas. Pedro sabia o que seu coração lhe apresentava.

- Ah, como a vida seria mais fácil se não existissem palavras e se não precisássemos dizer palavras para expressar sentimentos! - exclamou em voz alta, chamando a atenção do colega de trabalho na mesa ao lado.

Pedro encheu-se de coragem ao final do expediente. Contava os minutos com as palmas das mãos suadas. Saiu alguns minutos mais cedo, passou numa floricultura na esquina do prédio onde trabalhava e foi ao encontro de Mariana. Esperou que ela saísse à rua e presenteou-lhe com uma rosa.

- Feliz Dia dos Namorados! - disse sorrindo, com um sentimento de alívio e uma alegria incontrolável.

sábado, 5 de julho de 2008

Múltiplas Visões

Muitos dos leitores deste blog gostam de escrever e escrevem muito bem. Então, vou propor uma brincadeira. Uma frase. Um tema aberta para ser desenvolvido e interpretado individualmente. Participa quem quiser escrevendo um conto, crônica ou comentando a frase.

Acho que algo de interessante pode surgir. Antevejo múltiplas visões e formas de abordar o tema, mas suspeito que todos os textos terão um fio condutor, algo que os unirá de forma inesperada.

As palavras são interpretadas da forma como identificamos e reconhecemos a realiade ao nosso redor, ou seja, com a bagagem das experiências pessoais de cada um. Quem quiser escrever e participar, basta deixar um comentário que depois farei um post com todos os links para que a discussão fique mais ampla.

A frase que sugiro como tema para ponto de partida dos textos é: “Preciso de você. Você é meu refúgio. – disse”.

Vamos deixar a criatividade rolar solta!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Lei Seca

A pergunta que não quer calar:

Dirigir um veículo estando bêbado não pode!

E um país, pode???