tag:blogger.com,1999:blog-385964002024-03-07T19:03:38.711-03:00Visão ao longeRenatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.comBlogger1016125tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-82362577548983774992024-03-07T19:03:00.001-03:002024-03-07T19:03:05.867-03:00Conto: Esquecida<p> </p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVtUoJVLJDYt1WLAfl9bdBdUgnwD5zQ7aZ0cfz0nPFn6eSITEyQEd3vknEJ6g9c7l1dsesXTTlMIhV9aaO6clS8rWDDM1ZSvYQdx6PJKDbiAGI_RWlMyht1vEVDQYMDsPWT350uJeqKXucK1oDBWRoUVJHZ0iFquQT5vj1KTSzA3qXGhixI7NB/s4032/IMG_6417.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3024" data-original-width="4032" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVtUoJVLJDYt1WLAfl9bdBdUgnwD5zQ7aZ0cfz0nPFn6eSITEyQEd3vknEJ6g9c7l1dsesXTTlMIhV9aaO6clS8rWDDM1ZSvYQdx6PJKDbiAGI_RWlMyht1vEVDQYMDsPWT350uJeqKXucK1oDBWRoUVJHZ0iFquQT5vj1KTSzA3qXGhixI7NB/s320/IMG_6417.JPG" width="320" /></a></div><br /><p style="text-align: center;"><b>The bridge at Herndon, Virginia - @rbueloni</b></p><p style="text-align: center;"><b><br /></b></p><p style="text-align: center;"><b><br /></b></p><p style="text-align: left;"><b>ESQUECIDA</b></p><p style="text-align: left;"><b><br /></b></p><p style="text-align: left;"></p><p class="p1" style="margin: 0cm;"><span class="s1"><span style="font-family: "UICTFontTextStyleBody",serif; font-size: 13.0pt;">Eu me chateio. Ainda. Talvez não
devesse mais, após 32 anos, mas eu havia pedido para tirar a calça de cima da
cama antes dela deitar e apagar a luz do quarto. Era um pedido singelo,
objetivo, direto. Bastava pendurar a calça no cabide ou deixá-la sobre a
cadeira no canto do quarto. Mas ela ignorou meu pedido. Passou em branco.
Aquele momento onde o ignorar se confunde com o esquecer e transforma-te em um
ser invisível. Muita coisa passava em branco e cada vez com maior frequência.</span></span><span style="font-size: 13.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="p2" style="margin: 0cm;"><span style="font-size: 13.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="p1" style="margin: 0cm;"><span class="s1"><span style="font-family: "UICTFontTextStyleBody",serif; font-size: 13.0pt;">Pedia para comprar pasta de dente no
supermercado, ela esquecia. Pedia para pegar dinheiro no caixa eletrônico, ela
esquecia. Perguntava se podíamos jantar com amigos, ela esquecia que iria
trabalhar. E assim os dias se seguiram, um após o outro. Não me irritava, mas
apenas me chateava e notava o esquecimento que recaía sobre mim. Estava sendo
esquecido, abandonado, pedacinho por pedacinho, qual um navio de partida que se
afasta do porto e a praia vai diminuindo de tamanho até que o horizonte se
confunde com a imensidão do mar. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="p1" style="margin: 0cm;"><span style="font-size: 13.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="p1" style="margin: 0cm;"><span class="s1"><span style="font-family: "UICTFontTextStyleBody",serif; font-size: 13.0pt;">Um dia, levei-a ao médico.
Desconfiava que aquele esquecimento pudesse ser algo a mais. Não deixei que
fosse sozinha e marquei a consulta. Alguns exames e dias depois, veio o
diagnóstico de Alzheimer em fase inicial. Ela estava se esquecendo da vida.</span></span><span style="font-size: 13.0pt;"><o:p></o:p></span></p><p class="p1" style="margin: 0cm;"><span class="s1"><span style="font-family: "UICTFontTextStyleBody",serif; font-size: 13.0pt;"><br /></span></span></p><p class="p1" style="margin: 0cm;"><span class="s1"><span style="font-family: "UICTFontTextStyleBody",serif; font-size: 13.0pt;"><br /></span></span></p><b></b><p></p>Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-44184545284817467922023-10-30T19:41:00.001-03:002023-10-30T19:41:19.608-03:00Nostalgia<p> </p><p><br /></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWsW4WVX50tRhfHlOlED_EBrHTGXuRa5iNln-JcwOgGm_nVpUh4Fjy4-NMXcMmE54ECkH0bEF23dVHHz-e0y-MgesF3kKTIj05VAyglvQ867Z6wj1yZeXREe4Q_5bwmpfS0BxRwXY4Q4JmTwolhIqmK_oVETBLcB6IjhnHa5kkedeJ2MaED48J/s4032/IMG_6085.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="4032" data-original-width="3024" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWsW4WVX50tRhfHlOlED_EBrHTGXuRa5iNln-JcwOgGm_nVpUh4Fjy4-NMXcMmE54ECkH0bEF23dVHHz-e0y-MgesF3kKTIj05VAyglvQ867Z6wj1yZeXREe4Q_5bwmpfS0BxRwXY4Q4JmTwolhIqmK_oVETBLcB6IjhnHa5kkedeJ2MaED48J/s320/IMG_6085.JPG" width="240" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /><b>Fenway Park - @rbueloni</b></td></tr></tbody></table><br /><p><br /></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Caminhava no último sábado pela manhã numa praça perto de casa
para fazer um pouco de exercício ao som de uma playlist que tenho no Spotify e
que chamei de Midland Times (ou “tempos de Midland”). Midland é uma pequena
cidade no meio do estado de Michigan, no norte dos Estados Unidos, onde residi
por 4 anos. As músicas dos anos 1980 que compõem a lista me levaram de volta àquela
pacata cidade do meio-oeste americano. Dei-me conta que no dia 31 fará exatos
40 anos que me mudei para lá, com 13 anos, falando um inglês macarrônico e
débil, sem ter ideia do que iria encontrar. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ao som de Billy Joel cantando <i>River of Dreams</i>,
lembrei-me dos bons tempos da adolescência. Aquela música poderia ecoar do
rádio do carro num dia de verão, onde Tom, Homer, Brian e eu íamos para tomar
um sorvete no Baskin Robbins ou um <i>slurpee </i>no 7Eleven. E depois, passávamos
horas conversando, ouvindo música, andando de bicicleta, vendo jogos de baseball e torcendo pelos Detroit Tigers.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Os dias de verão eram longos e quentes. Os dias de inverno
muito frios, cheios de neve escuros e curtos. Mas a amizade construída naqueles
anos perdurou e se manteve viva. Enquanto caminhava, relembrava do que aprendi
na adolescência vivida numa cidade interiorana americana. Era eu um forasteiro,
um estrangeiro. Senti o preconceito, a discriminação, os estereótipos aplicados
a quem não é popular e quem não é atleta. Fui provocado a tomar decisões, a amadurecer,
a escolher um rumo para a minha vida. Optei por dedicar-me aos estudos e com
isso garantir uma vaga num processo seletivo de uma universidade de alto nível
nos Estados Unidos. Era bom aluno e por isso ganhava a pecha de nerd, o que lhe
incluía numa categoria social que impossibilitava sair com as meninas mais bonitas
e populares.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p>Olho com nostalgia para aquele tempo e agradeço por tudo que
passei. Uma nostalgia alegre, jamais melancólica ou triste. Olho para o passado
e agradeço pelo que recebi, pelos problemas que enfrentei, pelas chances e
oportunidades que tive, pelas conquistas e pelos fracassos. Tudo foi um
processo de aprendizado e que me levou a optar por não fazer curso superior nos
EUA, apesar de ter sido aceito em Harvard, Georgetown, Boston College e na
Universidade de Michigan.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Quarenta anos se passaram! Continuo vivo, mas sei que a cada
dia que passa aproximo-me do fim. Gosto de refletir sobre o fim no dia de
finados. Gosto de celebrar cada novo dia de vida que me é presenteado. Juntei
nestes dias a nostalgia que me alegrou engatilhada pela música que despertou
milhares de memórias, sorrisos, abraços, despedidas e momentos únicos, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>com a lembrança daqueles tempos de adolescente.
A nostalgia só me traz a certeza de que a cada novo dia, a gratidão aumenta.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">PS: Não esqueça de fazer uma oração por aquele ente querido neste dia de finados. Não esqueçamos daqueles que se foram, mas que continuam vivos em nossos corações.</p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><br /><p></p>Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-78487449266838976602023-04-27T18:30:00.001-03:002023-04-27T18:30:16.323-03:00Cortina de ferro<p><span style="background-color: white; color: #292929; font-family: source-serif-pro, Georgia, Cambria, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 20px; letter-spacing: -0.003em;"><br /></span></p><p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwlAZ7_Pz8S6LKQ5lByNVNukW2MG6j0Fe5vo3xvMVH-4Br0La3C-gePLinHFDl4O4AuI7-UXYylNbrrNoVz56MwVvBotFPOCNPoV9hlNtM_uTTh9nUiwaEdLlDKis0gJ2ovr1iH_6OQtouuS5YuXKEwOz8J6H_XekizIForasM6Oz7Q953uQ/s4032/IMG_0410.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="4032" data-original-width="3024" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwlAZ7_Pz8S6LKQ5lByNVNukW2MG6j0Fe5vo3xvMVH-4Br0La3C-gePLinHFDl4O4AuI7-UXYylNbrrNoVz56MwVvBotFPOCNPoV9hlNtM_uTTh9nUiwaEdLlDKis0gJ2ovr1iH_6OQtouuS5YuXKEwOz8J6H_XekizIForasM6Oz7Q953uQ/s320/IMG_0410.JPG" width="240" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>by Renato Bueloni Ferreira</b></td></tr></tbody></table><br /><span style="background-color: white; color: #292929; font-family: source-serif-pro, Georgia, Cambria, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 20px; letter-spacing: -0.003em;"><br /></span></p><p><span style="background-color: white; color: #292929; font-family: source-serif-pro, Georgia, Cambria, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 20px; letter-spacing: -0.003em;"><br /></span></p><p><span style="background-color: white; color: #292929; font-family: source-serif-pro, Georgia, Cambria, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 20px; letter-spacing: -0.003em;">Sento-me às margens do rio Odra, numa tarde agradável de domingo de primavera, e tento imaginar como era a vida na Polônia durante o regime soviético.</span></p><p class="pw-post-body-paragraph yt yu yb yv b yw yx yy yz za zb zc zd ze zf zg zh zi zj zk zl zm zn zo zp zq sz bj" data-selectable-paragraph="" id="768c" style="background-color: white; box-sizing: inherit; color: #292929; font-family: source-serif-pro, Georgia, Cambria, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 20px; letter-spacing: -0.003em; line-height: 32px; margin: 2em 0px -0.46em; word-break: break-word;">As novas gerações têm a liberdade, algo inexistente naquela época. As novas gerações têm seus celulares, a comunicação livre com o mundo. As novas gerações têm acesso a uma universidade aberta, a programas de intercâmbio, a viajar pela Europa e explorar novos destinos.</p><p class="pw-post-body-paragraph yt yu yb yv b yw yx yy yz za zb zc zd ze zf zg zh zi zj zk zl zm zn zo zp zq sz bj" data-selectable-paragraph="" id="2ef9" style="background-color: white; box-sizing: inherit; color: #292929; font-family: source-serif-pro, Georgia, Cambria, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 20px; letter-spacing: -0.003em; line-height: 32px; margin: 2em 0px -0.46em; word-break: break-word;">É domingo, os sinos das igrejas badalam e as pessoas vão à missa. Avisto vários campanários de igrejas em estilo gótico, mas de tijolos à vista. As paredes externas são marrons, uma cor terrosa escura, mais sóbria e sisuda do que no sul da Europa.</p><p class="pw-post-body-paragraph yt yu yb yv b yw yx yy yz za zb zc zd ze zf zg zh zi zj zk zl zm zn zo zp zq sz bj" data-selectable-paragraph="" id="86f0" style="background-color: white; box-sizing: inherit; color: #292929; font-family: source-serif-pro, Georgia, Cambria, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 20px; letter-spacing: -0.003em; line-height: 32px; margin: 2em 0px -0.46em; word-break: break-word;">Casais passeiam com crianças pequenas, há risos, jovens conversando e olhando seus celulares. Uma mulher lê algo em um Kindle. Um grupo de jovens controla um pequeno drone sobre o rio. A cidade medieval de Wroclaw abraçou a modernidade e a tecnologia sem esquecer do passado.</p><p class="pw-post-body-paragraph yt yu yb yv b yw yx yy yz za zb zc zd ze zf zg zh zi zj zk zl zm zn zo zp zq sz bj" data-selectable-paragraph="" id="b1c4" style="background-color: white; box-sizing: inherit; color: #292929; font-family: source-serif-pro, Georgia, Cambria, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 20px; letter-spacing: -0.003em; line-height: 32px; margin: 2em 0px -0.46em; word-break: break-word;">E como foi o passado?</p><p class="pw-post-body-paragraph yt yu yb yv b yw yx yy yz za zb zc zd ze zf zg zh zi zj zk zl zm zn zo zp zq sz bj" data-selectable-paragraph="" id="42c2" style="background-color: white; box-sizing: inherit; color: #292929; font-family: source-serif-pro, Georgia, Cambria, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 20px; letter-spacing: -0.003em; line-height: 32px; margin: 2em 0px -0.46em; word-break: break-word;">Quase não há sinais do período soviético. Deparei-me com um conjunto habitacional acinzentado, quadrado, decaído que me lembrou 1984, de George Orwell. A vida devia ser triste, melancólica, sem esperança, com falta de comida, de dinheiro, de energia. A vida era controlada pelo Estado, a vida era dirigida pelo Estado, a vida era traçada pelo Estado, como um roteiro de filme onde o bom cidadão sobrevive. Entenda-se por “bom cidadão" aquele que segue as regras e se deixa escravizar pelo Estado, aquele que não critica, aquele que incensa o líder supremo.</p><p class="pw-post-body-paragraph yt yu yb yv b yw yx yy yz za zb zc zd ze zf zg zh zi zj zk zl zm zn zo zp zq sz bj" data-selectable-paragraph="" id="8db8" style="background-color: white; box-sizing: inherit; color: #292929; font-family: source-serif-pro, Georgia, Cambria, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 20px; letter-spacing: -0.003em; line-height: 32px; margin: 2em 0px -0.46em; word-break: break-word;">Os mais velhos, que vivenciaram o terror, não hesitaram em dar apoio à Ucrânia e a acolher os refugiados. Os mais velhos têm a memória viva do que é perder a liberdade.</p><p class="pw-post-body-paragraph yt yu yb yv b yw yx yy yz za zb zc zd ze zf zg zh zi zj zk zl zm zn zo zp zq sz bj" data-selectable-paragraph="" id="530e" style="background-color: white; box-sizing: inherit; color: #292929; font-family: source-serif-pro, Georgia, Cambria, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 20px; letter-spacing: -0.003em; line-height: 32px; margin: 2em 0px -0.46em; word-break: break-word;">Que este terror jamais volte! </p><p class="pw-post-body-paragraph yt yu yb yv b yw yx yy yz za zb zc zd ze zf zg zh zi zj zk zl zm zn zo zp zq sz bj" data-selectable-paragraph="" id="530e" style="background-color: white; box-sizing: inherit; color: #292929; font-family: source-serif-pro, Georgia, Cambria, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 20px; letter-spacing: -0.003em; line-height: 32px; margin: 2em 0px -0.46em; word-break: break-word;">Em tempos de tentativa de regulamentação das redes sociais, que a voz jamais seja calada, que a liberdade de opinião e de expressão continue a reinar como direito fundamental do cidadão, que o Brasil não enverede pelos negros caminhos da censura.</p><p class="pw-post-body-paragraph yt yu yb yv b yw yx yy yz za zb zc zd ze zf zg zh zi zj zk zl zm zn zo zp zq sz bj" data-selectable-paragraph="" id="530e" style="background-color: white; box-sizing: inherit; color: #292929; font-family: source-serif-pro, Georgia, Cambria, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 20px; letter-spacing: -0.003em; line-height: 32px; margin: 2em 0px -0.46em; word-break: break-word;"><br /></p>Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-87368703364867736952023-01-03T15:34:00.001-03:002023-01-03T15:34:19.273-03:00Poesia: Na madrugada<p> </p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHFloOKjxeup-ANmVe2Kq1sD0a-EoURSzVCUY9g6Npr4uOkGOiffxn2oo5Nd6XkIEkcCOcUUjUt5hMIAJmB00vRyP7zrYuoIu71dv8918ictPtY5LqEQly5MimY4Je6UQnAg3OVyRq7wx9rxkChBucTxBr1U2jzi5D7uYit0QLqvyeslFNnA/s2000/cactus_story.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="2000" data-original-width="1125" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHFloOKjxeup-ANmVe2Kq1sD0a-EoURSzVCUY9g6Npr4uOkGOiffxn2oo5Nd6XkIEkcCOcUUjUt5hMIAJmB00vRyP7zrYuoIu71dv8918ictPtY5LqEQly5MimY4Je6UQnAg3OVyRq7wx9rxkChBucTxBr1U2jzi5D7uYit0QLqvyeslFNnA/s320/cactus_story.JPG" width="180" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /><b>@rbueloni - instagram</b><br /><br /></td></tr></tbody></table><br /><b>NA MADRUGADA</b><div><br /></div><div><p class="MsoNormal">Por vezes, vens me visitar na alta noite<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">no silêncio do sonho das madrugadas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Alguns intensos, outros serenos e plácidos,<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">alguns sem sentido, outros a revelar verdades<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">marcantes e ao despertar, <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">o intenso batuque na caixa torácica<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">o arrepio latente, o sorriso discreto no rosto<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">invisível na escuridão pesada.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">Por vezes, a chuva me acorda ao tocar na janela<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">teu corpo desnudo ao meu lado<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">envolto nos lençóis desarrumados.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Deixo a manhã preguiçosa invadir <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">e apenas te observo - calado.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Tuas costas, teus cabelos, tua respiração.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Desenho mapas e paisagens na tua pele<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">ligo os pontos e imagino tatuagens<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">a ponta dos dedos é meu pincel<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">tuas costas, a tela para minha aquarela.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">Por vezes, interrompo o sonho com um beijo<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">a realidade a bater na porta, o alarme do relógio<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">a luz do sol intrusa a adentrar o quarto <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">revelando a verdade,<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">revelando que estou só.<o:p></o:p></p><p><br /></p></div>Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-25027421464089350962022-11-03T18:53:00.007-03:002022-11-03T18:56:02.156-03:00Poesia : desamei<p> </p><p><br /></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUX7EYUdqk9UNm_Wm_-RSR0ZawLsHkBNmpzOVWfqoBzfGhusxlH2GD2CCpYjg6s70dw-9-xa5IW_0jSxSC_Z_129RGDfk8Tnqq_Mk1VdXmZ6gEjB0pacpWyoCmoH6hym-FdLoXbsW4TBhY6nfbD1-OXBrMLUaDxKHvrLny5Es5Fnt0c0rJ9g/s1999/espelho_carol_paternostro.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1999" data-original-width="1125" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUX7EYUdqk9UNm_Wm_-RSR0ZawLsHkBNmpzOVWfqoBzfGhusxlH2GD2CCpYjg6s70dw-9-xa5IW_0jSxSC_Z_129RGDfk8Tnqq_Mk1VdXmZ6gEjB0pacpWyoCmoH6hym-FdLoXbsW4TBhY6nfbD1-OXBrMLUaDxKHvrLny5Es5Fnt0c0rJ9g/w225-h400/espelho_carol_paternostro.PNG" width="225" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /><b>@carolinepaternostro</b><br /><br /></td></tr></tbody></table><br /><br /><b>DESAMEI</b><div><b><br /></b></div><div><b>Amei</b></div><div><b>desarmei</b></div><div><b>o coração esvaziou-se</b></div><div><b>Desamei.</b></div><div><b><br /></b></div><div><b>Não restou cicatriz</b></div><div><b>ou vestígio</b></div><div><b>Desaguei.</b></div><div><b>Era amor?</b></div><div><b><br /></b></div><div><b><br /></b><div><br /></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><p><br /></p></div></div>Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-75090673382049066262022-05-31T18:33:00.000-03:002022-05-31T18:33:02.088-03:00Heitor e Marina<p> </p><p>Heitor tirou um pequeno caderno e escreveu algumas linhas.</p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfoE5NGN-L26U60Bs-g_6-yH9wcyK5wP9AYIcgzEZFHOS3VohL8drnRpOdFE5F6fLzxm8DfkOeyc-YfI-BRUwjmjj5Vh9a1DSdQyOMwLcT4gqb7n4itebENXX6TEOtrDRw9vRmtdY4T_c3vLnJjLI9Bfaj61_6oFRzL3VZRKMZtJ90bPh9gQ/s1080/heitor_poesia.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfoE5NGN-L26U60Bs-g_6-yH9wcyK5wP9AYIcgzEZFHOS3VohL8drnRpOdFE5F6fLzxm8DfkOeyc-YfI-BRUwjmjj5Vh9a1DSdQyOMwLcT4gqb7n4itebENXX6TEOtrDRw9vRmtdY4T_c3vLnJjLI9Bfaj61_6oFRzL3VZRKMZtJ90bPh9gQ/s320/heitor_poesia.png" width="320" /></a></div><br /><p><br /></p>Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-83599471884601535812021-03-17T14:40:00.004-03:002021-03-17T14:40:59.117-03:00Trechos: Viagem ao redor do meu quarto, de Xavier de Maistre<p> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJNBDv1Xs_5lft843rnuIg2iOOUB39wGJMtAIUNoxzxMIZ9QP9wusdqyULR2w7WM-FqZ8dorFovgc1NuY-IiFRPCnGosEXDMEGZ-59ngJRmExfObeJJqLsisoYJ36gnDRcnG0t/s2048/IMG_4925.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1536" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJNBDv1Xs_5lft843rnuIg2iOOUB39wGJMtAIUNoxzxMIZ9QP9wusdqyULR2w7WM-FqZ8dorFovgc1NuY-IiFRPCnGosEXDMEGZ-59ngJRmExfObeJJqLsisoYJ36gnDRcnG0t/s320/IMG_4925.JPG" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>quarentena em SP</b></td></tr></tbody></table><br /></p><p><br /></p><p style="text-align: justify;">Publicado pela primeira vez em 1795, o breve livro de Xavier de Maistre (1763-1852) é um exercício de risonha subversão de hierarquias, sejam elas militares, metafísicas ou literárias. Zombando das circunstâncias, o autor transforma os quarenta e dois dias de castigo em ponto de partida para uma paródia dos relatos de viagem, algo que se encaixa muito bem em tempos de quarentena, <i>lockdown </i>e pandemia.</p><p style="text-align: justify;">O breve livro foi minha companhia no mês de setembro de 2020, enquanto passava os minutos, as horas, os dias ao lado de minha mãe em um leito de UTI em São Paulo.</p><p>Eis alguns trechos:</p><p>"<i>As horas deslizam sobre nós e se precipitam em silêncio pela eternidade, sem nos fazer sentir sua triste passagem.</i>" (p. 13)</p><p><br /></p><p>"<i>Uma cama nos vê nascer e nos vê morrer, teatro inconstante em que o gênero humano encena, dia após dia, dramas interessantes, farsas risíveis e tragédias espantosas. - A cama é um berço enfeitado de flores; - é o trono do amor; - é um sepulcro</i>." (p.14)</p><p><br /></p><p>"<i>Essa vantagem me fez desejar que se inventasse um espelho moral, em que todos os homens pudessem se ver com seus vícios e virtudes. Cogitei mesmo propor a alguma academia que instituísse um prêmio por tal descoberta, quando reflexões mais maduras me provaram sua inutilidade.</i>" (p. 42)</p><p>(Maistre, Xavier de. <i>Viagem ao redor do meu quarto</i>. trad. Veresa Moraes. São Paulo : Editora 34, 2020)</p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p>Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-7347790654690826832020-11-17T12:14:00.005-03:002021-01-18T19:14:55.511-03:00Conto: O bilhete<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbomQDBFb113dHhv6EXzpaxJkl2KWyeGI0iLOrizGBo8hpFaHg96NytxcaFllk1ECUTuh3Qf1PTIrqt7i0eBNc-A_JlDgghBtUR_TV_DopxZzRC0ITDangkI0FRTaS2eviYo9m/s468/ato_escrever+%25282%2529.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="350" data-original-width="468" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbomQDBFb113dHhv6EXzpaxJkl2KWyeGI0iLOrizGBo8hpFaHg96NytxcaFllk1ECUTuh3Qf1PTIrqt7i0eBNc-A_JlDgghBtUR_TV_DopxZzRC0ITDangkI0FRTaS2eviYo9m/s320/ato_escrever+%25282%2529.jpg" width="320" /></a></div><br /><p><span style="font-family: arial;"><b>O bilhete</b></span></p><p><span style="font-size: medium;"><span style="background-color: white; color: #292929; font-family: charter, Georgia, Cambria, "Times New Roman", Times, serif; letter-spacing: -0.063px;">Gosto da sua letra, do jeito que deitas o traço firme sobre o papel imaculado, desenhando letras e m</span><span id="rmm" style="background-color: white; box-sizing: inherit; color: #292929; font-family: charter, Georgia, Cambria, "Times New Roman", Times, serif; letter-spacing: -0.063px;"><span id="rmm" style="box-sizing: inherit;"><span id="rmm" style="box-sizing: inherit;"><span id="rmm" style="box-sizing: inherit;"><span id="rmm" style="box-sizing: inherit;"><span id="rmm" style="box-sizing: inherit;"><span id="rmm" style="box-sizing: inherit;"><span id="rmm" style="box-sizing: inherit;">a</span></span></span></span></span></span></span></span></span><span style="background-color: white; color: #292929; font-family: charter, Georgia, Cambria, "Times New Roman", Times, serif; letter-spacing: -0.063px;">is letras de forma decidida, com os olhos de jaboticaba fixados na ponta da caneta que desliza sobre a superfície. O texto ganha forma, corpo e apenas te observo enquanto escreves. Caprichas na forma como cortas a letra t. Os is trazem um pingo certeiro. A escrita flui como se a pergunta formulada na prova já tivesse sido pensada e respondida mentalmente antes de iniciares o texto. Sento-me sobre a mesa do professor para poder contemplar a letra que mais se parece com uma pintura. Talvez seja uma grande besteira este meu devaneio banal. Quem se encanta com uma letra? Não sou professor de caligrafia e nem professor de português, muito menos calígrafo, mas como é bom receber uma prova onde não é preciso decifrar garranchos e hieróglifos. Deveriam incluir um curso de arqueologia egípcia na formação do professor para que pudéssemos ler as provas de alguns alunos. Bem, estou eu divagando novamente. Quanta besteira, professor! Ninguém mais vai fazer prova escrita a mão. Em breve, tudo será digitado e as belas letras caprichadas se perderão, cairão num buraco negro, no esquecimento eterno. Ah, mas como eu gosto de admirar a tua letra em bilhetes que guardo com enorme carinho.</span></p><p><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><p><span style="font-size: medium;">Remexer
gavetas é uma atividade de risco, ainda que pareça algo tedioso e despido de periculosidade. Há sempre o perigo de ressuscitar memórias
adormecidas, inertes em algum recanto da mente - ou de um baú. Basta encontrar
algo para que aquele artefato solte algum gás tóxico que estava congelado no objeto e desperte e provoque as mais diversas
sensações, sorrisos, lágrimas, raiva. Uma carta. Uma foto. Uma receita gastronômica.
Uma música. Um perfume. Um ingresso de cinema. Um bilhete.</span></p><p class="p2" style="font-stretch: normal; margin: 0cm; min-height: 20.3px;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><p class="p2" style="font-stretch: normal; margin: 0cm; min-height: 20.3px;"><span style="font-size: medium;">O bilhete ainda trazia o clip de metal preso na parte
superior, mas se separara do papel onde estava preso originalmente. O recado desprendera-se do trabalho
de conclusão de curso de Joana, que analisou o projeto do Edifício Guaimbê, de
Paulo Mendes da Rocha e sua influência na arquitetura residencial
paulista. Lembro-me que fui tomado de grande surpresa quando a morena, um tanto debochada e que parecia entediada nas minhas aulas de História da Arquitetura Brasileira, escondida por detrás dos longos cabelos castanhos escuros e que deixava cair sobre o lado esquerdo do rosto, um toque de charme - ou talvez uma timidez disfarçada. Nunca soube ou certo. Lecionava no início do 3o. ano, 5o. semestre e muitos tinham minha disciplina como algo inútil, mera perfumaria para preencher a grade curricular. Aqueles que se dedicavam a minha disciplina e compreendiam a importância da história para a arquitetura, despontavam, mais adiante, como profundos observadores da realidade urbana brasileira. Posso me orgulhar de alguns alunos que orientei, sem dúvida, mas quando Joana me abordou no final do terceiro ano, na minha sala acanhada perto da biblioteca da faculdade, tive a nítida impressão de que ela havia me confundido com outro professor. Algo que não seria estranho, pois sou um tipo comum, sem as excentricidades dos grandes professores de arquitetura. </span></p><p class="p2" style="font-stretch: normal; margin: 0cm; min-height: 20.3px;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><p class="p2" style="font-stretch: normal; margin: 0cm; min-height: 20.3px;"><span style="font-size: medium;">A proposta de trabalho de conclusão de curso tinha consistência e o tema estava circunscrito à minha área de pesquisa. Ela se mostrou mais preparada do que imaginava. Tentei puxar pela memória as notas dela na minha disciplina, mas não era nada que me despertasse um traço natural de genialidade. Era, assim como eu, uma aluna comum. Pareceu-me esforçada e teceu-me elogios que me fizeram ruborizar. Olhei-a com um olhar diferente a partir daquela primeira conversa. </span></p><p class="p2" style="font-stretch: normal; margin: 0cm; min-height: 20.3px;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><p class="p2" style="font-stretch: normal; margin: 0cm; min-height: 20.3px;"><span style="font-size: medium;">Ela se empolgou com o tema. Fizemos vários encontros na faculdade, alguns coletivos, outros individuais e aqueles olhos de jaboticaba despertavam um encanto que achava esquecido, perdido no tempo em algum lugar do passado. Paixões platônicas são verdadeiros narcóticos, entorpecem o ser, pintam a realidade de tons pastéis, estampam um sorriso quase permanente no rosto do viciado. Com tantos anos de vida acadêmica, não era a primeira vez que era acometido por esta síndrome platônica. Nas outras vezes, o silêncio não havia sido quebrado e o segredo restou guardado em alguns cadernos que usava como diários. Desta vez, porém, resolvi deixar florescer minha atração. Esperei a banca e o resultado. Fora aprovada e meus colegas desfiaram longos elogios à jovem arquiteta, agora recém formada. Enchi-me de orgulho e satisfação.</span></p><p class="p2" style="font-stretch: normal; margin: 0cm; min-height: 20.3px;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><p class="p2" style="font-stretch: normal; margin: 0cm; min-height: 20.3px;"><span style="font-size: medium;">Alguns dias depois, convidei-a para jantar com a justificativa de comemorarmos o êxito do trabalho. Ao final de um agradável encontro, declarei-me. Ela ficou incomodada. A reação dela me deixou desgostoso. Pensei se minhas palavras poderiam caracterizar alguma forma de assédio, de pressão indevida. Um calafrio percorreu minha espinha e fui tomado de um sentimento de pânico. Minha carreira, meu prestígio, meus longos anos na academia. Tudo passou pela minha cabeça enquanto ela simplesmente passava o dedo pela borda do guardanapo de pano e tentava desfiar algumas palavras para trazer-me de volta a realidade. Um choque de realidade, sim, era isso que recebi naquele final de refeição. Envergonhado, as palavras me faltaram. Ela agradeceu o jantar, levantou-se e pediu um Uber. Não seria eu a levá-la de volta para casa. Não seria eu a provar o gosto daqueles lábios. Não seria eu a modificar o entorpecente em realidade viva. </span></p><p class="p2" style="font-stretch: normal; margin: 0cm; min-height: 20.3px;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><p class="p2" style="font-stretch: normal; margin: 0cm; min-height: 20.3px;"><span style="font-size: medium;">Daqueles dois anos de convivência mais intensa, além de meus delírios e devaneios, restou apenas o bilhete que ela escrevera e prendera no trabalho final do curso.</span></p><p class="p2" style="font-stretch: normal; margin: 0cm; min-height: 20.3px;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><p class="p2" style="font-stretch: normal; margin: 0cm; min-height: 20.3px;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><p><br /></p>Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-1808355894716267112020-08-20T19:14:00.007-03:002020-08-20T19:14:32.576-03:00Conto: Entre corpos<p> </p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5zjUCtqJBxyOns4NZW0BXF_K9d21OzZXwmq97X0f9L6SIIgXV6lTLEl5wVxvP_fuh4EMW4oLxZr4wQrpRVgZ8N2S-An04Rqwq8NqbAkgcFgjfsvlbSwbFQ_IU_9EELXBA4SKn/s951/pescoco.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="951" data-original-width="765" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5zjUCtqJBxyOns4NZW0BXF_K9d21OzZXwmq97X0f9L6SIIgXV6lTLEl5wVxvP_fuh4EMW4oLxZr4wQrpRVgZ8N2S-An04Rqwq8NqbAkgcFgjfsvlbSwbFQ_IU_9EELXBA4SKn/s640/pescoco.png" /></a></div><p><br /></p><p><b>ENTRE CORPOS</b></p><p><br /></p><p></p><p class="MsoNormal">O ônibus não estava lotado naquela manhã, igual a todas as
outras. Passageiros se alinhavam de forma assimétrica diante de mim, ao
percorrer com os olhos a massa humana, fui arrebatado por algo inusitado. Entre
braços e corpos, formava-se um espaço onde podia avistar um pescoço longilíneo,
delicado, que desaparecia numa cortina de cabelos loiros. Lembrei-me de Rodin e
de seus estudos das partes do corpo. Aquele pescoço seria um modelo perfeito
para uma escultura do mestre francês. Como abelha atraída por uma bela flor
repleta de pólen, vi-me abobalhado a admirar aquela obra de arte em forma
humana. Confesso que alguns pensamentos mais sensuais me cruzaram a mente, mas
aquele não era o lugar para ter estas vibrações. Era sensual, sim, não havia
dúvida, mas desde quando um pescoço se tornara algo sensual para mim? Achei
divertida aquela reflexão sem tirar os olhos do pescoço da bela moça.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">A gola branca, de blusa discreta, realçava a pele amorenada
que não escondia algumas pintas e uma pequena marca de nascença em forma de
meia lua, bem clara, quase imperceptível. Meu olhar aguçado não poderia deixar
desenhar estrelas naquelas pintas que dançavam ao redor da lua. Dois colares
com correntes finas e douradas acariciavam o entorno do pescoço e repousavam
sobre o colo. Alguns fios de cabelo escondiam o que seria um alvo predileto de
um vampiro, que se refestelaria com uma larga mordida, a transformar a bela
moça em sua seguidora noturna. Seria eu um vampiro que agora despertava diante
daquele pescoço que me atraía de forma estranha e inexplicável? Teria eu algum
sangue de antepassado vindo da Transilvânia ou aparentado do Conde Drácula? Ou
seria algum personagem daquela série de livros de adolescentes vampiros Crepúsculo?
Quase ri alto com tanta besteira a rondar minha mente com pensamentos
desconexos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">Mas afinal, entre aqueles braços e corpos, só conseguia
avistar o pescoço, um pedaço da orelha que não estava coberta pelos fios loiros
e uma leve curvatura do maxilar a iniciar o desenho da face. Ela parecia
hipnotizada pelo celular, totalmente alheia à minha presença e meu olhar fixo.
Meu interesse passava despercebido. Quando chegou minha hora de descer do
ônibus, lancei um olhar acrescido de um sorriso terno, mas ela me ignorou. Quem
sabe amanhã, tomaria o mesmo ônibus. Quem sabe amanhã, poderia perguntar seu
nome. Quem sabe amanhã, ela me olharia nos olhos.<o:p></o:p></p><br /><p></p>Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-30731889616698428662020-06-29T16:22:00.001-03:002020-06-29T16:24:22.030-03:00Apagaram os sorrisos<br /><div><br /></div><div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpeBhMMFroW2PRG7YSA-MuIGP3AlCeRYHz0NR4nO5aTZGBm7U10DtBHUD1389b-mfBpx19n-ruIwu_GjhSUUoQRtDlux-1tLsNboslbNcVmxWsfAIY0nckJZ-YG_cYr4FElQQG/s957/20200609125313_1200_675_-_mascara_facial.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="674" data-original-width="957" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpeBhMMFroW2PRG7YSA-MuIGP3AlCeRYHz0NR4nO5aTZGBm7U10DtBHUD1389b-mfBpx19n-ruIwu_GjhSUUoQRtDlux-1tLsNboslbNcVmxWsfAIY0nckJZ-YG_cYr4FElQQG/s320/20200609125313_1200_675_-_mascara_facial.jpg" width="320" /></a></div><div><br /></div><div><br /></div><div><p class="MsoNormal">Veio a pandemia e decretaram uma longa quarentena. Era para
ser por quinze dias, depois mais quinze, viraram 60, adicionaram mais um mês e
o pico parecia inalcançável. Até hoje acho que ainda não chegamos lá, mas
resolveram que já era hora de permitir um afrouxamento, um lento despertar da
cidade adormecida. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">O período de hibernação dos ursos deve ser assim, salta-se
do carnaval para as férias de julho, sem Páscoa e sem festa junina, e adicione
alguns feriados que foram devorados pelo vírus por decisões políticas.
Transitar por São Paulo, após escurecer, é como caminhar por uma cidade
semideserta, quase fantasma, com ar soturno, tristonho. O trânsito evaporou,
não há carros, não há pessoas, não há ruídos. O silêncio impera e traz à
memória uma cidade de interior, pacata, tranquila, silenciosa.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Aos poucos, há uma reabertura. Pessoas voltam a circular
pelas ruas ao longo do dia, mas há algo de diferente. Apagaram os sorrisos.
Olhe para a foto de um rosto e cubra a parte abaixo do nariz e o queixo. É
praticamente impossível dizer se a pessoa está sorrindo, se a pessoa está
triste, se a pessoa está nervosa. Perde-se a expressão quando escondem a nossa
boca por detrás de uma máscara.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Não estou aqui a me revoltar contra as máscaras, apenas
constato que os sorrisos deixaram de habitar a cidade. Continuam escondidos em
quarentena dentro das casas e dos ambientes seguros. A partir de agora, não se
pode mais cumprimentar o porteiro ou uma pessoa na rua com um singelo sorriso e
um aceno de cabeça. O aceno de cabeça ficou capenga, órfão de um elemento
fundamental que é a expressão labial. Vamos ter que aprender a ler olhares, a
atentar para as pequenas oscilações do canto dos olhos, das sobrancelhas, do
nariz, da testa franzida. A percepção será outra, pois a boca se esconde.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Primeiro, o coronavírus roubou-nos o tempo e a liberdade.
Agora, o coronavírus apaga os sorrisos de nossos rostos.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><br /></div>Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-59293908520297367152020-06-15T11:03:00.000-03:002020-06-29T16:24:53.312-03:00Sons da quarentena<br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizMh8Nw-4f_Gy9lGu8gN_8IR6e3OO-mt6Uhn1GgGcG5KtwqwkzrCMYZ29Mm9xNtTIlhPdp2fEOJZXhGz3EwEtLQ84V9BFDro63jdqTjPnqxv94nBYhmbUOG81BeqaWntIYjZTx/s900/sonoridade.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="900" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizMh8Nw-4f_Gy9lGu8gN_8IR6e3OO-mt6Uhn1GgGcG5KtwqwkzrCMYZ29Mm9xNtTIlhPdp2fEOJZXhGz3EwEtLQ84V9BFDro63jdqTjPnqxv94nBYhmbUOG81BeqaWntIYjZTx/s320/sonoridade.jpg" width="320" /></a></div><div><br /></div><div><br /></div><div><div class="adn ads" data-legacy-message-id="172b4b8ce3e63c0a" data-message-id="#msg-a:r-6948062002969629473" style="background-color: white; border-left: none; color: #222222; display: flex; font-family: Roboto, RobotoDraft, Helvetica, Arial, sans-serif; padding: 0px;"><div class="gs" style="margin: 0px; padding: 0px 0px 20px; width: 1504px;"><div class=""><div class="ii gt" id=":18m" style="direction: ltr; font-size: 0.875rem; margin: 8px 0px 0px; padding: 0px; position: relative;"><div class="a3s aXjCH " id=":18l" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: 1.5; overflow: hidden;"><div dir="ltr"><div dir="ltr"><p class="MsoNormal" style="margin: 0px;">O céu cinza de um domingo de outono dá um tom melancólico, quase soturno, a mais este dia de quarentena. Uma garoa cai silenciosa e umedece a rua sem tráfego. O silêncio, da cidade adormecida pela pandemia e pela obrigação de ficar em casa, é quebrado pelo latido de alguns cães nas casas ao redor do prédio. Não se ouve o barulho dos carros, nem das motos dos entregadores de comida. O vento assobia de tempos em tempos pelas frestas da porta, batendo uma janela, balançando as folhas das árvores e agitando as flores rosáceas do ipê. Hoje, o final de tarde não será anunciado pela algazarra do bando de maritacas que surge em revoada antes do sol repousar.</p><p class="MsoNormal" style="margin: 0px;"> </p><p class="MsoNormal" style="margin: 0px;">Os sons da pauliceia mudaram com a pandemia. Há um clima de cidade pequena, de cidade do interior, onde os sons são mais naturais, mais ligados aos eventos da natureza. A chuva que cai no telhado, a batida oca de uma fruta que cai do pé e se acomoda no chão de terra batida, o portão da casa que bate ao ser fechado, o grito de quem chega e bate palma perguntado se há alguém na casa, crianças correndo na rua. A sonoridade da cidade pequena, da cidade acolhedora e familiar, é muito diferente da sinfonia pouco harmoniosa da cidade grande.</p><p class="MsoNormal" style="margin: 0px;"> </p><p class="MsoNormal" style="margin: 0px;">Outro dia, passava pela avenida Paulista, no meio de uma manhã de dia útil. O semáforo estava verde para os carros, mas não havia carros. Olhei e iniciei a travessia. Cheguei ao canteiro central e do outro lado também os carros estavam ausentes. A cidade marcha em câmara lenta, quase sem ruído, silenciosa, adormecida.</p><p class="MsoNormal" style="margin: 0px;"> </p><p class="MsoNormal" style="margin: 0px;">Continuei a caminhada até o escritório atentando para os sons. Nenhuma sirene, nenhum camelô anunciando seus produtos, nenhuma conversa de porta de bar, nenhuma pessoa varrendo a calçada, nenhum caminhão fazendo entregas. O silêncio imperava.</p><p class="MsoNormal" style="margin: 0px;"> </p><p class="MsoNormal" style="margin: 0px;">Deixei minha memória auditiva retornar para a infância, quando as brincadeiras na casa de minha avó eram interrompidas pela buzina do carrinho de sorvete, ou da música instrumental do realejo, da batida seca na tábua do vendedor de biju, do assobio longo do amolador de facas. Uma sinfonia urbana levada pelo tempo e que deixou saudades.</p><p class="MsoNormal" style="margin: 0px;"> </p><p class="MsoNormal" style="margin: 0px;">E a quarentena, seus sons deixarão saudades? Ou seria a ausência de sons que deixarão saudades? Será que sentimos saudades da sonoridade tão urbana da metrópole em pleno funcionamento?</p><p class="MsoNormal" style="margin: 0px;"> </p><p class="MsoNormal" style="margin: 0px;">Não me refiro à multiplicação de shows de música em canais de internet e na TV, nem na proliferação de lives, mas daqueles ruídos que quebram o silêncio e ativam nossa memória auditiva. Não me detenho sobre as músicas que tem a capacidade de nos transportar imediatamente para um lugar distante no passado, um momento preciso e exato na vida de cada um, na capacidade de arrepiar a pele ou de provocar olhos marejados.</p><p class="MsoNormal" style="margin: 0px;"> </p><p class="MsoNormal" style="margin: 0px;">Quero que repare nos sons ao seu redor. Quero convidá-lo, meu amigo leitor, a perceber a sonoridade que o cerca. Abra a janela de sua casa, feche os olhos e escute. Apenas escute. O que mudou nesta quarentena? Algo mudou. A trilha sonora da pauliceia mudou. Hoje, o dia termina silencioso e acinzentado e nem as maritacas saíram de seus abrigos para anunciar o fim do dia com a algazarra do bando. A minha quarentena deixará na memória a quase diária sinfonia dissonante das maritacas. </p><p class="MsoNormal" style="margin: 0px;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="margin: 0px;"><br /></p></div></div></div></div></div></div></div><div class="gA gt acV" style="background: rgb(255, 255, 255); border-bottom-left-radius: 0px; border-bottom-right-radius: 0px; border-top: none; color: #222222; font-family: Roboto, RobotoDraft, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 0.875rem; margin: 0px; padding: 0px; width: auto;"><div class="gB xu" style="border-top: 0px; padding: 0px;"><div class="ip iq" style="border-top: none; clear: both; margin: 0px; padding: 16px 0px;"></div></div></div></div>Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-31338398466077030222020-05-10T22:07:00.002-03:002020-05-13T09:46:31.024-03:00Dom de gerar<div class="p1" style="font-size: 17px; font-stretch: normal; line-height: normal; text-size-adjust: auto;"><span class="s1"><br /></span></div><div class="p1" style="font-size: 17px; font-stretch: normal; line-height: normal; text-size-adjust: auto;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrln5Yn5pQ8XROAyQJp4kXT1iGl18vrZqumQqCHUtWRzLigaj98Ujssv_NLWhc-TBqXR9gFhoTTkK4Y844tIGvfw4REcP4MHpb3RqHrJKjTUvEFzMu4qyepYYALRjSrzAcIip3/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="367" data-original-width="550" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrln5Yn5pQ8XROAyQJp4kXT1iGl18vrZqumQqCHUtWRzLigaj98Ujssv_NLWhc-TBqXR9gFhoTTkK4Y844tIGvfw4REcP4MHpb3RqHrJKjTUvEFzMu4qyepYYALRjSrzAcIip3/s320/gravidez_gerar.jpg" width="320" /></a></div><span class="s1"><br /></span></div><div class="p1" style="font-size: 17px; font-stretch: normal; line-height: normal; text-size-adjust: auto;"><span class="s1"><br /></span></div><div class="p1" style="font-size: 17px; font-stretch: normal; line-height: normal; text-size-adjust: auto;">
<span class="s1">A mulher ocupa posição privilegiada na obra da criação divina. Somente ela compartilha do ato de criar, algo único e exclusivo, capaz de gerar uma vida, acalentar e cuidar do pequeno ser gestado. </span></div>
<div class="p2" style="font-size: 17px; font-stretch: normal; line-height: normal; min-height: 20.3px; text-size-adjust: auto;">
<span class="s1"></span><br /></div>
<div class="p1" style="font-size: 17px; font-stretch: normal; line-height: normal; text-size-adjust: auto;">
<span class="s1">Criar não é fazer, nem construir. Criar é erguer - a partir de um quase nada - um novo ser humano, único, irrepetível, irreplicável, com todos seus talentos, qualidades, dons. Um ser aberto a amar, um ser eternamente grato pela mãe que o gerou. Se não fosse ela contribuir com a criação, a vida não se realizaria. Ser mãe é abrigar - para sempre - no coração o filho querido. Ser mãe é participar da construção do universo. Ser mãe é levar adiante uma tarefa confiada por Deus, a tarefa da criação.</span></div>
Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-52935787793892318822020-04-13T12:32:00.000-03:002020-04-13T12:32:15.677-03:00Humildade e Esperança: duas lições da pandemia<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikNQSZwz5v-SqsGanXJOyySs70FXhIkvM9NKHHfWlK4JERA6f5ZWBYHeIqIbttMi8OuVzgKNECwarK6gdwBH4fLMYDU90z4ZO1rn5qgEzr0IQVE6el027ULAoa2RfA7Gz5P_CT/s1600/20-09-2012-muda.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="757" data-original-width="1280" height="189" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikNQSZwz5v-SqsGanXJOyySs70FXhIkvM9NKHHfWlK4JERA6f5ZWBYHeIqIbttMi8OuVzgKNECwarK6gdwBH4fLMYDU90z4ZO1rn5qgEzr0IQVE6el027ULAoa2RfA7Gz5P_CT/s320/20-09-2012-muda.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p><br /></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A Páscoa, para os católicos, é a celebração da ressurreição
de Cristo, o triunfo da Vida sobre a Morte, um momento de renovação, um
avivamento da esperança e da fé. A ressurreição de Cristo é ponto central da fé
cristã, pois se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa fé (Primeira Carta de São
Paulo aos Coríntios, v. 15). </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A Páscoa, neste ano, caiu no meio de um período de
quarentena e isolamento social imposto pela pandemia do coronavírus. As
celebrações foram remotas, feitas por transmissões online, as famílias se
confraternizaram por vídeo conferência ou simples telefonemas e, apesar do
lindo dia de sol em São Paulo, havia um ar de apreensão persistente no ar. Até
quando vamos precisar levar adiante esta quarentena? Até quando não vamos poder
trabalhar?</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Tenho cá com meus botões que a imagem do Papa Francisco
rezando sozinho na Praça de São Pedro, durante a quaresma num dia chuvoso e
frio em Roma, ficará marcada por anos como a imagem que melhor refletirá esta
pandemia: o isolamento, a solidão, a tristeza, a dor. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Este período de isolamento impõe-nos o exercício – ou o
crescimento – de duas virtudes essenciais para a manutenção de um espírito de
alegria e bom humor: a humildade e a esperança. Duas virtudes – ou qualidades,
se assim preferir – que são armas efetivas contra a tristeza que pode nos
invadir nestes momentos. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A humildade, que para muitos é uma qualidade mal vista ou
tida como algo prejudicial, é o reconhecimento de que nossas qualidades e dons
e talentos não são decorrentes de mérito próprio, mas nos são dados, presentes
divinos que devemos dar bom destino. A humildade é o reconhecimento de nossas
fraquezas, de nossos defeitos, da nossa realidade nua e crua. Este reconhecimento
nos conduz – ou deveria nos conduzir – a um estado de agradecimento constante
pelo que temos, pelo que nos é dado, pelo simples fato de estarmos vivos. A
vida é um presente e cada minuto vivido é uma dádiva. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Em tempos de Covid-19, basta olharmos ao nosso redor para
percebermos motivos para sermos gratos. Se temos uma casa para morar, comida na
mesa, uma cama para dormir, isto já nos coloca numa minoria da população
mundial. Se tivermos a consciência de que isto não é resultado de mérito
próprio, mas que nossa condição é um presente, seremos menos arrogantes e muito
mais abertos ao outro, à prática de atos concretos de solidariedade. Doar
alimentos, permitir que um funcionário fique em casa para evitar deslocamentos sem
prejuízo <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>do pagamento dos
salários, contribuir com causas que sejam confiáveis, estender a mão para um
amigo que necessita de uma palavra ou de um ouvido atento – ainda que à
distância. Tudo isto é consequência de uma consciência clara de nossa realidade
que só a humildade pode nos revelar. Quando nos damos conta de nossa pequenez,
olhamos para o outro com empatia e isso nos move a ajudar e agir.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A outra virtude é a esperança. Esperar é confiar de que isto
passará, de que as coisas terrenas são transitórias. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Para quem acredita em Deus, é a certeza de que todas as
coisas concorrem para o bem daquele que acredita em Deus. Não se trata de ser
passivo, mas de agir com a confiança de que nosso esforço terá um resultado positivo.
Isto pode significar passar por períodos difíceis, doloridos, até momentos em
que parece não haver luz no fim do túnel. Tudo serve para um crescimento
pessoal, uma nova forma de compreender a realidade e de dar valor para aquilo
que temos no presente. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ter esperança ajuda-nos a manter a moral elevada, o bom
humor diante das dificuldades, abraçar o sacrifício do isolamento social com a
alegria de saber que estamos contribuindo para a preservação de vidas – e
talvez da nossa própria vida. A esperança é um elemento essencial para manter a
sanidade, o equilíbrio, para dar propósito a esta fase de nossas vidas. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É possível ignorar tudo isto que escrevi acima, mas reflita
um pouco e perceberá que este tempo de provação tem um sentido – um sentido
diferente para cada um de nós –, um convite para o crescimento pessoal. Por que
não aproveitar esta oportunidade? Por que não praticar um gesto concreto de
solidariedade?<span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
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<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-17513174228501529832020-04-06T19:36:00.001-03:002020-04-06T19:36:46.615-03:00Microconto<br />
<br />
- Boa noite! Sonhe comigo! - escreveu na mensagem do celular.<br />
<br />
- Não preciso dormir para sonhar contigo. Basta-me o tempo.Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-13901729363548997842020-03-31T18:18:00.000-03:002020-03-31T18:18:59.110-03:00Crônica do início de uma quarentena<br />
<div class="MsoNormal">
A semana começou de forma estranha, um clima de apreensão no
ar, uma expectativa que se confundia com ansiedade, as escolas e universidades
tiveram suas aulas suspensas, o trânsito ficou mais leve, o fluxo de pessoas na
São Paulo acelerada diminuiu, o rodízio foi suspenso, o som da cidade mudou.
Sempre dei muita atenção para o som da cidade, seus ruídos, sua sinfonia
urbana. Noto as mais sutis mudanças, deixo-me encantar pelos sons de pássaros,
pela algazarra das maritacas no final de tarde. Caminhávamos tateando cada
passo e no aguardo de uma diretriz, um grito de liderança que se mostraria mais
tarde polifônico, dissonante. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Na quinta-feira, dia 19 de março, dia de São José, fui ao
escritório pela manhã seguindo a rotina diária. Peguei o jornal e fui tomar
café. Perguntei para a atendente sobre o movimento na loja e ela respondeu que
havia caído e que amanhã fechariam, sem previsão para reabertura. O estado de
emergência estava instalado pelo prefeito, pelo governador e pelo presidente da
república. Tomei o café, li o jornal sem pressa e despedi-me da atendente
desejando que se cuidasse.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ao sair na rua, o céu estava cinza claro, nuvens baixas que
se assemelhavam a uma bruma, um calor abafado e a ausência de carros e motos na
rua era notável às nove da manhã. Ouvi então um barulho que vinha do alto e
parecia de uma aeronave. Na hora, fui teletransportado para a Londres de 1940 e
imaginei que veria no céu um avião da Luftwaffe prestes a lançar sua carga de
bombas sobre a capital do império britânico. A palavra guerra, tão usada pelos
nossos governantes, instalou-se no meu subconsciente e a imagem me deixou
desnorteado. Olhei para o alto e passou um helicóptero.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Segui meu rumo com serenidade, mas o
clima era de tristeza e medo. Algo de estranho pairava no ar. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O dia transcorreu sem que o telefone tocasse. As páginas de
notícias de jornais, as estações de rádio só tratavam do coronavírus. A
pandemia já estava entre nós e era preciso ficar em casa. O tempo todo e todo
mundo. São Paulo seria o epicentro da contaminação, a cidade mais cosmopolita
do Brasil. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O vírus microscópico não deixa estragos na paisagem, como
uma tempestade, um vendaval, um furacão, um terremoto. O vírus é silencioso.
Esta forma de agir é que deixa tudo estranho e confuso. Os dias de quarentena
serão sábados – ou domingos ou feriados – que se repetirão sem data para
terminar. Ficar em casa nos impedirá de experimentar a cidade fantasma em que
São Paulo se transformará. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Naquela noite, as imagens de entrevistas coletivas revelavam
um futuro de colapso do sistema de saúde, de caos na economia, de cadáveres se
acumulando, de gente faminta, de ruas abandonadas e uma cidade paralisada.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Traçaram um cenário apocalíptico. Seria
risível, exagerado e inverossímil se não houvesse notícias das mortes na
Itália, Espanha e os primeiros casos nos EUA.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Políticos cederam lugar a médicos infectologistas,
pneumologistas, secretários de saúde, ministro da saúde. O inimigo é invisível,
mas devastador, disseram de forma unânime. Lavem as mãos, usem álcool gel, não
saiam de casa. O mantra se repetia em todos os canais de televisão, rádios,
sites noticiosos na internet.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Pessoas
esgotaram os estoques de álcool gel e máscaras cirúrgicas das farmácias e
supermercados. O papel higiênico virou item de primeira necessidade nos
estoques residenciais. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Um medo
contido tomou conta da população, com exceção daqueles que acham que se trata
de uma gripezinha.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não houve histeria ou pânico generalizado, mas uma aflição
coletiva. O abastecimento dos supermercados seguiu o ritmo normal. O mesmo se
dá nas farmácias e postos de gasolina. Os serviços essenciais seguem
funcionando, mas temos que ficar em casa. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Alguns sentem mais o medo, ou melhor, alguns deixam-se tomar
pelo medo da incerteza, da ausência de horizonte. Quando isso tudo vai acabar?
Ninguém sabe, ninguém tem a resposta e a incerteza amedronta, paralisa,
tira-nos a racionalidade. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A invisibilidade do inimigo deveria nos deixar menos
aflitos, mas depois de uma semana inteira de quarentena, as pessoas estão com
as emoções à flor da pele. O medo corrói a coragem e nos drena. Precisamos de
forças para caminhar um passo por vez. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Meu otimismo realista me leva a ter esperança e fé de que
vamos superar esta batalha. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Em momentos como este, manter a serenidade, o equilíbrio é
fundamental para a sanidade. Em tempos de pandemia, vale a pena desligar a
televisão. Não se trata de apontar o dedo para o ministro da saúde e acusá-lo
de atacar a imprensa. A imprensa faz o seu trabalho, mas o excesso de notícias
sobre a pandemia faz mal para a saúde mental. Respire, deixe-se respirar, não
se cobre tanto, como escreveu Mafê Probst.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Pare de contar os casos, deixe o tempo correr e siga um dia
por vez.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Teremos mais capítulos
pela frente. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
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<div class="MsoNormal">
A pandemia vai acabar e sairemos melhores e mais humanos
desta batalha invisível. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></div>
Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-12975775758774445722020-03-25T12:06:00.002-03:002020-03-26T10:30:34.616-03:00Quarentena e confinamento: dicas de sobrevivência<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhj1_d8zLYJW7Th4ZxhNA0fuz1TLni3Igf661V2YwvnyaC5_L2Yh32q6v-FA5Blyfi_F-OI5jsOfglzxZBiPmiN-i5nqOzt6ne2XhQj5v7pfgAQAcUcQw7VL3VqxuludB2xBIwP/s1600/P1030231.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhj1_d8zLYJW7Th4ZxhNA0fuz1TLni3Igf661V2YwvnyaC5_L2Yh32q6v-FA5Blyfi_F-OI5jsOfglzxZBiPmiN-i5nqOzt6ne2XhQj5v7pfgAQAcUcQw7VL3VqxuludB2xBIwP/s320/P1030231.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>Mãos na massa </b></td></tr>
</tbody></table>
<br /><br />
Ao redor do mundo, milhões de pessoas estão em quarentena e confinamento domiciliar. A pandemia do coronavírus impôs ao mundo a maior restrição circulatória desde a Segunda Guerra Mundial. De repente, nos vemos reclusos em casa, com tempo de sobra e tentando ocupá-lo. O que fazer? Vamos a algumas dicas e ideias para tentar tornar mais leve e produtivo este período de quarentena.<br />
<br />
1. <b>Estabeleça um horário</b> - organize seu dia e crie uma nova rotina. Se você vai trabalhar em casa, fixe um horário para realizar as tarefas profissionais e procure focar no trabalho. No tempo livre, organize atividades que lhe tragam prazer e distração e que sejam diferentes do que você costuma fazer habitualmente.<br />
<br />
2. <b>Ouça música</b> - aproveite para explorar novos estilos, bandas, cantores. Faça um teste, use letras aleatórias no sistema de busca de algum app de música (spotify, dever, iTunes) e veja o que aparece. Algo novo que pode lhe surpreender. Ou então, deixe-se embalar por suas músicas preferidas, crie uma playlist para servir de trilha sonora da quarentena, algo que lhe traga boas memórias.<br />
<br />
3. <b>Leia um livro (ou vários livros)</b> - ler é uma viagem, uma experiência enriquecedora, que ativa a memória, enriquece o vocabulário e aumenta nosso conhecimento. Sempre haverá um livro sobre um assunto que lhe interessa. Novamente, tente sair da zona de conforto, leia algo diferente, um clássico, um livro de história sobre pandemias no passado, um romance sobre algo contemporâneo. O importante é usar o tempo com boa leitura.<br />
<br />
4. <b>Aprenda uma nova língua</b> - há inúmeros apps que ensinam línguas estrangeiras de forma gratuita. Um exemplo é o duolingo. Uma nova língua expande horizontes e pode ser uma ótima ferramenta em sua próxima viagem internacional. Não vai viajar? Então aprimore o inglês ou o espanhol, competências muito úteis na vida profissional. Já fala estas duas línguas? Então mergulhe nos podcasts do TEDx en español ou o TEDx em inglês. São uma ótima forma de adquirir conhecimento e treinar a língua estrangeira.<br />
<br />
5. <b>Reze, medite, reflita sobre a vida</b> - é preciso cuidar da alma neste período. Manter a esperança e refletir. Se você acredita em Deus, tire um tempo para rezar, ler um livro que trata de temas espirituais. Há diversas livrarias que fazem entregas e você pode comprar o livro online. Se você não pratica nenhuma religião, medite, pare uns minutos ao longo do dia para meditar e pensar sobre o que está acontecendo no mundo, na sua vida, com sua família. Este é um ótimo momento para crescimento espiritual.<br />
<br />
6. <b>Faça um curso online</b> - diversas plataformas estão disponibilizando acesso gratuito aos seus cursos online. Procure algo que lhe interessa e fuja apenas dos cursos profissionais. Faça um curso sobre história da arte, um curso sobre literatura, culinária. Ache algo que lhe interessa mas que você nunca teve tempo para se dedicar.<br />
<br />
7. <b>Organize armários</b> - faça uma limpeza em armários e na casa. Tire roupas velhas ou que não utiliza mais e aproveite para separá-las para doação. Há muita gente necessitada e o inverno se aproxima. Sua doação servirá para ajudar muitas pessoas em estado de necessidade.<br />
<br />
8. <b>Faça algo novo</b> - monte sua árvore genealógica, escreva um livro com os filhos, faça um curta metragem, entre com contato com familiares que você não conversa há muito tempo, faça uma <i>live</i> da crianças com os avós, aprenda a cozinhar, cuide de plantas, organize um álbum de fotografias.<br />
<br />
9. <b>Aproveite a tecnologia para manter o contato social </b>- utilize as redes sociais de forma cordial e de modo a reatar contatos ou construir novos contatos. Vamos deixar de lado as picuinhas e implicâncias políticas e tentar construir pontes. A hora não é para incrementar o ódio, mas para pacificar os ânimos. Há apps, como House Party, que permitem várias pessoas jogar um jogo por vídeo conferência. Aliás, a vídeo conferência está em alta nestes tempos, revelando que Skype já era e está em muito superado.<br />
<br />
10. <b>Cozinhe</b> - o ato de cozinhar é um ato de amor e um ato de união familiar. Não tem ideia de como fazer arroz? Procure um vídeo ou site de receitas e aprenda. Saber cozinhar é uma questão de sobrevivência e uma tarefa manual que distrai e enche de prazer. Se alguém na sua casa sabe cozinhar, peça que lhe ensine. Os adolescentes podem ter muito proveito destas aulas caseiras.<br />
<br />
O importante é saber ocupar o tempo de forma produtiva, aproveitar o ócio para criar, inovar, pensar e se reinventar. Quanto tempo vai durar a quarentena? Não tenho ideia, mas o importante é aproveitar o tempo e não enlouquecer.Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-2117021231589339992020-03-23T10:11:00.000-03:002020-03-25T12:07:02.237-03:00Pandemia - uma breve reflexão<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
Depois de 16 anos, este é o milésimo post deste blog.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mil postagens. Sem dúvida, nos últimos anos,
o ritmo diminuiu, o meio “blog” virou <i>vintage</i>, deixou de ser uma forma mais
popular, sendo ultrapassado por podcasts, vídeos e afins. Mas o texto permanece
e é atemporal. A poesia de Fernando Pessoa reina como o assunto mais pesquisado
e lido neste blog.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Tinha várias ideias para celebrar este marco do blog, mas a
realidade sempre nos surpreende e oferece a matéria prima de que necessitamos
para refletir, pensar e trabalhar. Trabalhar a realidade, moldá-la para tentar
entender este mundo contemporâneo, ou ao menos, fazer um esforço por
compreendê-lo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu, assim como todos os brasileiros, estou em quarentena. Um
isolamento domiciliar que é compartilhado com milhões de pessoas ao redor do
mundo em decorrência da pandemia causada pelo coronavírus e a Covid-19, doença
causada pelo vírus. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O ser humano é um animal essencialmente social, pontificou
Aristóteles. E agora, vemo-nos obrigados à reclusão, a uma clausura não
voluntária, mas imposta. A clausura é uma escolha de vida para religiosos e
religiosas contemplativos católicos, que se afastam do mundo e vivem uma vida
de oração e trabalho. Carmelitas e beneditinos são ordens religiosas que seguem
este carisma.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A vida de oração
contemplativa, quase sem falar, sem convívio com o mundo exterior do convento
ou do mosteiro.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Hoje, somos obrigados a abraçar um estilo de vida de
isolamento, temporário claro, mas um estilo de vida que não condiz com o
cosmopolitismo das cidades e com a interação social tão cara ao povo
brasileiro. Iniciamos neste período de quarentena a travessia de um deserto.
Não sabemos por quanto tempo ficaremos reclusos, não sabemos o que nos espera
ao final da travessia, não sabemos que intempéries serão enfrentadas. A
incerteza pode gerar medo. É natural, mas precisamos buscar a serenidade e a
esperança para realizar a travessia deste deserto com sucesso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Em 1374, foi ordenada a quarentena de todos os cidadãos de
Veneza para evitar o contágio com o “ar envenenado” pela Peste Negra, que
dizimou metade da população europeia. Em 1569, a grande peste que atingiu
Lisboa levou a uma fuga em massa da cidade. Narrativas daquela época relatam
que havia um ar triste na cidade, abandonada e largada ao destino. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A realidade hoje é outra. Podemos fazer a quarentena com
certo conforto, com acesso a informação e aos meios de comunicação, não falta
comida e nem água e a ciência evoluiu muito desde então.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Vejo muitos reclamarem. Vejo muitos apontarem o dedo e
incitarem o conflito. Penso que a hora é de reflexão pessoal, penso que nos é
dado uma oportunidade de vivermos de forma contemplativa por algumas semanas,
reclusos como se num retiro espiritual – chame de jornada se preferir. Não por
acaso, tudo isto acontece durante o período da quaresma para os católicos. Um
período de penitência, de exercício fraterno de caridade, de conversão de vida,
de mudança. Um período que nos leva a olhar para a frente, com fé e esperança,
pois uma nova fase se inicia com a Páscoa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não quero aqui tentar justificar esta pandemia, não é esta
minha pretensão, mas quero provocar uma reflexão – já que temos tempo sobrando
para fazê-la – sobre a transcendência do ser humano, da caridade, da
solidariedade, da generosidade, da empatia. Penso que este momento é muito
oportuno para exercitarmos estas virtudes, estas qualidades humanas (se assim
preferirem). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
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<!--EndFragment--><br />
<div class="MsoNormal">
Antes de reclamar, agradeça pelo que tem e pelo que lhe é
dado. Antes de ter medo, olhe para frente com esperança e pense como mudar sua
forma de agir após a sua saída da clausura. A travessia do deserto deve ser
feita um dia por vez, serenamente, com fortaleza e resiliência. Aproveite o
tempo que é dado, pois o tempo é um bem muito escasso e caro na
contemporaneidade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-15968080203795341572020-02-18T19:26:00.001-03:002020-02-18T19:26:19.223-03:00Trechos: Das terras bárbaras, de Ricardo da Costa Aguiar<br />
<br />
"<i>Afinal, se um anjo tinha sucumbido ao peso do orgulho, da inveja e da cobiça, o que esperar de nós, carne fraca? O anjo caído era uma vítima que merecia minha compaixão, eu o reconhecia em mim. Estudante, mudei essa imagem do Mal, transmutei-o em uma bela figura filosófica. Passou a ser a ausência do Bem, como o escuro é a ausência da luz. Passou a ser o lado animal dos homens, pronto a sucumbir sob a razão e o espírito. O Mal era inerte, uma sombra adormecida que se afastava na presença de tudo o que é puro. foi no calor de Maruery que o conheci como de fato ele é, viscoso e grudento. Ali eu o vi de perto, fétido e deformado, rouco e irracional</i>."<br />
(Ricardo da Costa Aguiar, <i>Das terras bárbaras</i>, São Paulo : Tordesilhas, 2019, p.112-3)<br />
<br />
O romance de estreia de Ricardo da Costa Aguiar foi uma grata surpresa. Texto requintado, trabalho cuidadoso nas citações de latim que se espalham pelo texto. Além de ser ótima leitura, o romance ainda nos incrementa a cultura.<br />
<br />
O romance traz duas estórias em paralelo: um jovem diplomata e sua busca pelos antepassados e um jovem jesuíta que parte da metrópole para a colônia, e na colônia se depara com sua queda, causado ou não pelo anjo caído.<br />
<br />
Chamou-me mais atenção os detalhes com que a narrativa retrata a viagem de Lisboa a Salvador, depois a vida na colônia, a capital Salvador no seu esplendor, a pequena São Vicente e a subida da Serra do Mar até Piratininga e Maruery (hoje Barueri, e que outrora foi uma grande aldeia indígena). O escritor desvela toda sua cultura histórica e ensina enquanto entretém o leitor com uma trama bem costurada.<br />
<br />
No final, o livro se torna um pouco previsível, mas não tira o mérito da obra. Vale a leitura.Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-88877680768947748552020-01-24T18:34:00.004-03:002022-06-02T15:06:46.079-03:00Memória: Matriarcas<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjswGD23AfMOJYKlF7FSVTwHUgPyf03r4O5Nhyphenhypheny4_64ojv8jQ4Br2-gPd-FWd5CzmRxwKjfk_Y7s6Av8_buupaqaKbz33GaUjUIDfOXSaTTAX9eUeTvtcmXK0RewnRrJsYr6A-c/s1600/IMG_0505.JPG" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="768" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjswGD23AfMOJYKlF7FSVTwHUgPyf03r4O5Nhyphenhypheny4_64ojv8jQ4Br2-gPd-FWd5CzmRxwKjfk_Y7s6Av8_buupaqaKbz33GaUjUIDfOXSaTTAX9eUeTvtcmXK0RewnRrJsYr6A-c/s320/IMG_0505.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>(c) rbueloni</b></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
Voltando de férias no Uruguai, dei-me conta que minhas avós sobreviveram aos meus avôs. Um morreu em 1977 e o outro em 1990, no dia 15 de março, dia da posse de Fernando Collor. Boa parte da minha pós adolescência foi de convívio com as matriarcas da família. Percebo que a história se repete e meus filhos deparam-se com semelhante realidade. O convívio com os avôs foi breve, mas deixou suas boas memórias. Agora aproveitam o tempo com as avós, um pouco debilitadas na locomoção, mas lúcidas, sozinhas e independentes.<br />
<br />
Quantas mulheres não sobrevivem aos seus maridos? Ouso dizer que a maioria e se adaptam bem a uma nova realidade, uma nova fase de aprendizado e de superação do medo. De repente, tem que administrar as finanças da casa, lidar com trâmites burocráticos e jurídicos. Não estou aqui a dizer que estas tarefas são "coisa do homem da casa", mas ainda são costumeiramente realizadas pelos maridos. Navegar pelo internet banking pode ser um tormento, mas elas aprendem rápido, são curiosas e descobrem um mundo diferente.<br />
<br />
Minha mãe está aprendendo a viver só e a lidar com um mundo tecnológico onde operações bancárias são feitas todas por aplicativos, a pedir ajuda aos filhos e reconhecer que este pedido de ajuda não indica fraqueza ou debilidade, mas é antes de tudo um exercício de humildade. Para os filhos, é uma realidade onde deixamos de ser cuidados e passamos a cuidar. Esta realidade chega de repente e só percebemos isto ao acompanhar o pai ou mãe num leito de hospital.<br />
<br />
Quando se percebe, o tempo passou e não corremos para o colo seguro do pai e da mãe, agora somos nós os responsáveis por carregá-los, apoiá-los, ajudá-los. De adultos fortes, a fragilidade toma conta dos pais e descortina o inevitável ciclo da vida. O tempo é cruel e não espera. Se demorarmos a perceber esta mudança de fase da vida, o tempo acaba. Não é possível fazer uma pausa ou estancar o caminhar constante do tempo. O importante é ter a consciência dessa realidade e sorver o tempo, não deixando que uma oportunidade sequer passe sem que possamos dizer um "sim" a quem nos pede ajuda, ou apenas um pouco de tempo e atenção.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-46898198259136669942020-01-02T12:11:00.000-03:002020-01-02T12:11:17.069-03:00Que venha 2020!<br />
<br />
<span style="background-color: white; color: #14171a; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Ubuntu, "Helvetica Neue", sans-serif; font-size: 23px; white-space: pre-wrap;">Que em 2020 deixemos a vida mais simples, que olhemos nos olhos, que nos desconectemos dos celulares, que apreciemos o aroma do café e de temperos na panela, do alimento fresco preparado com carinho na companhia de amigos, que tiremos tempo para conversar e contemplar o cotidiano à nossa volta, as flores, as árvores, a chuva que cai, um raio de sol que adentra a janela.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #14171a; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Ubuntu, "Helvetica Neue", sans-serif; font-size: 23px; white-space: pre-wrap;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #14171a; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Ubuntu, "Helvetica Neue", sans-serif; font-size: 23px; white-space: pre-wrap;">Que deixemos brotar um sorriso de bom dia, que saudemos as pessoas de nosso convívio pelo nome, que escutemos a música e deixemos aflorar as boas memórias, que abracemos aqueles que são mais velhos e participam de nossas vidas, que desfrutemos das conquistas e lutas diárias e que saibamos estender a mão para quem está do nosso lado! Que 2020 sopre bons ventos em nossas vidas!</span><br />
<span style="background-color: white; color: #14171a; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Ubuntu, "Helvetica Neue", sans-serif; font-size: 23px; white-space: pre-wrap;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #14171a; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Ubuntu, "Helvetica Neue", sans-serif; font-size: 23px; white-space: pre-wrap;">Resoluções? Basta querer mudar o que você acha que precisa mudar e aproveite o tempo para descobrir e aprender algo novo!</span><br />
<span style="background-color: white; color: #14171a; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Ubuntu, "Helvetica Neue", sans-serif; font-size: 23px; white-space: pre-wrap;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #14171a; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Ubuntu, "Helvetica Neue", sans-serif; font-size: 23px; white-space: pre-wrap;">Feliz 2020!</span><br />
<span style="background-color: white; color: #14171a; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Ubuntu, "Helvetica Neue", sans-serif; font-size: 23px; white-space: pre-wrap;"><br /></span>
<br />Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-1760801097789170102019-12-23T13:34:00.000-03:002019-12-23T13:34:06.683-03:00Feliz Natal!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNvEnOmrX02MAOmLqMbL1fHCpS1GwDukNLkmFLFcBTyHLqV-5KNSyH07DLseLOoTtdQy1KpkxaHGfYq9Cnh3LDI__oICm8HqZlTaiYz9zPWgU7KeMR7etcgxsr1NFUhQCJt69z/s1600/IMG_0205.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="746" data-original-width="640" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNvEnOmrX02MAOmLqMbL1fHCpS1GwDukNLkmFLFcBTyHLqV-5KNSyH07DLseLOoTtdQy1KpkxaHGfYq9Cnh3LDI__oICm8HqZlTaiYz9zPWgU7KeMR7etcgxsr1NFUhQCJt69z/s400/IMG_0205.PNG" width="342" /></a></div>
<br />
<br />
Desejamos a todos os nossos leitores e amigos, um Feliz Natal! Que o nascimento do menino em Belém seja um motivo de alegria e renovação em nossas vidas!<br />
<br />
E que o ano novo de 2020 seja um ano repleto de conquistas, realizações e um Brasil mais próspero, tolerante e com redução de desigualdades! Que seja um ano de efetiva retomada econômica, de melhorias na educação e na saúde, que seja um ano de retomada do diálogo e de um esforço coletivo para melhorar este país, que o Congresso e os políticos sejam sensíveis à realidade e que o Judiciário seja mais ágil, equilibrado e saiba abrir mão de privilégios que oneram o Estado.<br />
<br />
<br />Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-86789979502492339052019-12-20T19:05:00.000-03:002019-12-20T19:05:06.171-03:00Memória: Cemitério<br />
<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIghdh7tWNlBmR5cfxf3ymlQ53BdE9GR3soRCgqfMhm59UGkK546DLZddr9XpSyt-Srd7qzu7UylQ60Q0F6YNlEeM2uWL21JdQgJG-ZUBcPuw9G_KJ9GCJH4DeUZUQRtMRgXhj/s1600/IMG_9797.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="640" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIghdh7tWNlBmR5cfxf3ymlQ53BdE9GR3soRCgqfMhm59UGkK546DLZddr9XpSyt-Srd7qzu7UylQ60Q0F6YNlEeM2uWL21JdQgJG-ZUBcPuw9G_KJ9GCJH4DeUZUQRtMRgXhj/s320/IMG_9797.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><br />instagram: @rbueloni<br />Cemitério Gethsêmani no início da primavera, setembro 2019</b></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
<b>MEMÓRIA: CEMITÉRIO</b><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
O cemitério é um lugar familiar para mim. Sempre gostei de
visitar cemitérios por dois motivos: pesquisas genealógicas e contemplação
artística. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Desde meus 13 anos de idade ganhei gosto por pesquisa
genealógica. Nunca busquei algum antepassado genial ou famoso ou importante ou
rico. O que sempre fascinou foi a história, o passado, a luta de cada pessoa
para sobreviver, para mudar de um país para outro e tudo isto é possível
resgatar em documentos. É uma espécie de pesquisa arqueológica, onde se
descobre como as pessoas viviam. Cemitérios são uma importante fonte de
pesquisa e de dados. O Cemitério do Araçá e o Cemitério São Paulo foram
visitados por mim várias vezes. Talvez eu seja uma das únicas pessoas da
família que sabe o caminho até os jazigos naquele emaranhado de ruas parecidas
entre os túmulos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nestes passeios pelos cemitérios, percebi que há uma riqueza
arquitetônica escondida, silenciosa, pronta para ser admirada e descoberta. No
Cemitério da Consolação, há um tour com guia que explica cada uma das
esculturas encomendadas a artistas famosos como Bruno Giorgi, Emendabili e
Victor Brecheret. No Cemitério São Paulo, há obras monumentais de beleza única
e algumas tristes e melancólicas. Nunca me senti incomodado nestes lugares. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Acho curioso como o brasileiro trata cemitério com um certo
receio, um medo de adentrar naquela local onde repousam nossos antepassados.
Porém, é comum encontrar brasileiros no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires,
ou no Cemitério Pére Lachaise, em Paris. Alguns túmulos são verdadeiras
atrações turísticas. Por outro lado, após o sepultamento de um ente querido,
muitos esquecem até o cemitério onde estão enterrados.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Há pouco mais de um ano e mês atrás fui ao cemitério do
Araçá para fotografar as placas do túmulo de meus bisavós com os nomes e datas
de nascimento e falecimento. O cemitério estava deserto naquela tarde de sábado
do final de novembro de 2018. Fiquei ali mais de uma hora, contemplando,
refletindo sobre a vida e a morte. O ano de 2018 havia sido um ano difícil e tudo
parecia caminhar para um final de superação da luta contra o câncer, tanto da
minha mãe, como do meu pai.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Um mês antes havia comparecido ao velório da mãe do meu
cunhado no cemitério do Morumbi. Um cemitério jardim, um lindo campo gramado
com árvores e flores e jazigos no chão. Não há obras de arte, mas há uma
serenidade acolhedora naquele local. Meu pai comentou para minha mãe que
precisava comprar um jazigo. Ouvi a conversa sem fazer qualquer comentário.
Apenas ouvi e pensei que de fato é algo que faz parte da nossa rotina.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Pouco depois, no dia 23 de dezembro de 2019, meu pai
faleceu. Ele foi enterrado no Cemitério Gethsêmani, em São Paulo. Desde então,
visitar o cemitério passou a ser parte da minha rotina quinzenal ou semanal. Algumas
visitas curtas e outras mais longas. Em todas, reflito sobre a morte, a vida e
rezo, crente de que ele deixou este mundo para contemplar a face de Deus. <i>Visu sin beatus tuae Gloriae.</i><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Escrevi estas linhas mentalmente diversas vezes nestes
meses. Por diversas vezes iniciei o texto diante do túmulo de meu pai. Não tinha força para escrevê-las. Mesmo agora, impossível escrevê-las
sem que as lágrimas de saudade brotem. Um amigo psicólogo havia me alertado que
o primeiro ano de luto é o mais difícil e que demora um ano para bem elaborar o
luto. Um ano se passou e ainda que sinta saudade, a memória que fica guardada é
sempre positiva e alegre. Neste Natal ele não estará presente entre nós
fisicamente, mas tenho a certeza de que está olhando e intercedendo por nós lá
de cima. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ir ao cemitério, para mim, ganhou um novo relevo, uma nova
razão. Deixei de ver o cemitério como um lugar triste e a lembrança do velório
e do enterro – ainda tão vivas – deixaram de ser doloridas para se tornarem uma
celebração da vida e da ressurreição. Todos morreremos um dia, descansaremos.
Para os católicos, esperamos chegar ao Céu e alcançar a vida eterna ao lado de
Deus. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Talvez alguém se pergunte a razão deste texto fúnebre num
dia festa. Repito, não vejo a morte como algo que devemos temer ou algo
melancólico. Há a dor da perda, mas há algo muito mais profundo que cada um de
nós precisa refletir e descobrir. O tempo passa e as pessoas se vão. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nestes dias que celebraremos o Natal, em família ou ao lado
de amigos, aproveitemos para desfrutar de quem está do nosso lado. Façamos
desta celebração um momento para perdoar, para acolher, para estender a mão e
construir novas pontes, para abraçar a quem tanto estimamos. Não guarde aquela
palavra de carinho, solte-a, lance a semente do bem a quem está à sua volta,
mande aquela mensagem ao amigo que está distante, não tema ser generoso,
bondoso, afável. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Como diz a canção Trem
Bala, “sorria e abrace teus pais enquanto estão aqui”. Um dia, eles alçam voo
para junto de Deus.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-85979569016426196972019-12-06T12:55:00.000-03:002019-12-06T12:55:06.494-03:00Silêncio da madrugada<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvojyanf75AX7O8jNRa1V6J4FUCQkdwlqDOCVMoblmImiK-ynVbStaAhTygESEyDdwnZ5_WRO_epOvusgls5mig_K0xrn5E-_jXEqDc-fY1brSFga7OZrM4sXerzMtuGd5Eym4/s1600/IMG_0168+%25282%2529.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="769" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvojyanf75AX7O8jNRa1V6J4FUCQkdwlqDOCVMoblmImiK-ynVbStaAhTygESEyDdwnZ5_WRO_epOvusgls5mig_K0xrn5E-_jXEqDc-fY1brSFga7OZrM4sXerzMtuGd5Eym4/s320/IMG_0168+%25282%2529.JPG" width="299" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><br />instagram: @rbueloni</b></td></tr>
</tbody></table>
Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-49749948180999313852019-11-21T18:08:00.000-03:002019-11-21T18:08:23.385-03:00Poesia: Natureza Morta<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidQViZ7GVmJ5AmorkuVjgT00jVezxS6ej3Xw-ayHfAYbNq1iMSuuGyOdPpl2y-z8dPSQgqJdt7gNb2aZNjNMpcLt5CJZ8gPXjNcmPWIf-AoUndr5PwW6bgNjplAJjYS3WxrO7d/s1600/natureza_morta_original.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidQViZ7GVmJ5AmorkuVjgT00jVezxS6ej3Xw-ayHfAYbNq1iMSuuGyOdPpl2y-z8dPSQgqJdt7gNb2aZNjNMpcLt5CJZ8gPXjNcmPWIf-AoUndr5PwW6bgNjplAJjYS3WxrO7d/s320/natureza_morta_original.JPG" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold;">instagram @rbueloni</span><br /><br /><div style="text-align: left;">
<span style="font-weight: 700;"><br /></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<br /><b>NATUREZA MORTA</b><br />
Renato Bueloni Ferreira<br />
<br />
<br />
demorou a falar.<br />
deixou que as palavras entaladas lhe sufocassem,<br />
roubassem-lhe o brilho do dia<br />
a luz do sol<br />
a brisa marítima matinal<br />
a energia do despertar<br />
o sorriso do rosto dele.<br />
<br />
<br />
demorou tanto a falar,<br />
que as flores morreram,<br />
o sentimento murchou,<br />
a alegria evaporou<br />
e ela passou.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38596400.post-56066700231377622682019-11-05T19:12:00.001-03:002019-11-05T19:12:36.516-03:00A treva, de Adélia Prado<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdeauc3aP5E2RoiVL-HNhvqJlP1VJLIVdsf-utA7VtCjEIEFx-_53NZY0B4DQDz2lJC0mD-QVgiE08W-_LlO0XsfU4aPkmF6cOlEbvN9GOpi1EAdXbmTO4ohoLIuDjGXxpTiIZ/s1600/Houston+209.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdeauc3aP5E2RoiVL-HNhvqJlP1VJLIVdsf-utA7VtCjEIEFx-_53NZY0B4DQDz2lJC0mD-QVgiE08W-_LlO0XsfU4aPkmF6cOlEbvN9GOpi1EAdXbmTO4ohoLIuDjGXxpTiIZ/s320/Houston+209.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /><b>Foto: Alta noite, Renato Bueloni Ferreira</b></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
<b>A TREVA</b><br />
Adélia Prado<br />
<br />
<br />
Me escolhem os claros do sono<br />
engastados na madrugada,<br />
a hora do Getsêmani.<br />
São cruas claras visões,<br />
às vezes pacificadas,<br />
às vezes o terror puro<br />
sem o suporte dos ossos<br />
que o dia pleno me dá.<br />
A alma desce aos infernos,<br />
a morte tem seu festim.<br />
Até que todos despertem<br />
e eu mesma possa dormir,<br />
o demônio como a seu gosto,<br />
o que não é Deus pasta em mim.<br />
<br />
(<i>Poesia Reunida</i>, 2a. ed. Rio de Janeiro : Record, 2016, p. 249)<br />
<br />
<br />Renatohttp://www.blogger.com/profile/03268805861725013401noreply@blogger.com0