terça-feira, 1 de maio de 2007

Feriado com Goya

O dia em São Paulo estava simplesmente impecável. Um daqueles dias de sol vibrante, céu azul sem uma nuvem, mas no clima ameno de outono. Um dia que contribuía para manter o bom humor o dia todo, daqueles que nada pudesse estragar - se bem que tentaram. Depois de alguns dias de ventos e chuvas, a poluição foi-se embora e ar da cidade se tornou mais interiorano, sem o barulho usual do trânsito. A luminosidade do outono, com raios mais inclinados, revela uma nova cor na cidade, e o calor recente mantém as árvores verdes e floridas. Um dia perfeito para curtir a cidade no feriado.

Resolvi ir ao Masp ver a exposição de gravuras de Goya, coleção da Caixanova que pela primeira vez deixa a Espanha. Goya é um daqueles pintores que me marcou na juventude. A forma com que pinta o sofrimento humano em cenas de guerra me marcou. E fui ao Masp para ver a Série Desastres de Guerra. As gravuras estão divididas em séries, com temáticas diferentes.

Ao chegar havia uma pequena fila. Cheguei pouco antes do museu abrir, pois não queria arriscar. Surpreendi-me ao saber que hoje a entrada era gratuita. Fiquei contente por não pagar, mas sabia que ia enfrentar a turba dentro do museu. Como havia chegado cedo, consegui ver tudo que queria. Talvez volte outro dia na hora do almoço com mais calma, pois neste horário o museu é quase vazio, mais parecendo uma igreja de tão silencioso.

De fato, por volta das 12 horas, a fila para ver as gravuras era longa. Isto prova algumas coisas. O brasileiro sabe aproveitar das mostras culturais desde que divulgadas e disponibilizadas a preços acessíveis. Segundo, é preciso educar o visitante para que saiba apreciar o que está vendo. O Masp disponibilizou um belo folheto, em português e espanhol, explicando a mostra. Porém, era fácil ouvir comentários de pessoas totalmente desinformadas. Na Série Desastres de Guerra, uma senhora dizia a outra atrás de mim: "Nossa, estas gravuras parecem cenas de guerra! Que trágico!". Claro que fiquei quieto, mas ela queria cenas bucólicas e campestres, ou talvez bailarinas no estilo Degas? Se a Série era sobre guerra, as gravuras obviamente seriam sobre guerra.

Este exemplo revela a importância dos museus, dos centros culturais, dos recintos de exposições em divulgar e informar o visitante sobre o conteúdo da mostra. Isto faz parte de um processo educativo fundamental para amadurecer o cidadão que poderá usufruir da cultura de forma mais consciente.

3 comentários:

Fabiola disse...

é dificil ser cultural neste país, né?

Simone disse...

eu não entendo nada de artes. Digo, acho bonito, gosto de ver mas entender a ponto de comentar e discutir já sou uma ignorante, confesso.
realmente, tem tanta coisa pra fazer/ver que são pouco, ou nada, divulgadas. A gente tem que caçar mesmo.

Anônimo disse...

Bom dia!
Há algumas semanas vc lançou um desafio sobre o livro “A Trégua”.
Aceitei o desafio, li o livro, gostei muito e tenho alguns comentários a fazer.
Não achei o protagonista machista, a não ser em uma passagem, qdo ele comenta sobre como uma mulher fica “atarantada e completamente imbecil” no período menstrual.
Acho que o imbecil é ele e ficarei extremamente desapontada se vc concordar com esse ponto de vista.

Além de ter uma visão muito pessimista da vida e de si mesmo, achei-o muito egoísta.
Criou os filhos após a morte da mulher, mas fez isso como se fosse um peso, uma obrigação, daí a falta de relacionamento com os mesmos na fase adulta.
A lembrança apagada que ele tinha da esposa, fez com que os filhos crescessem sem a imagem da figura materna e isso foi muito triste de perceber no livro.
Parece-me que ele foi vivendo sua vida focado somente no dia em que iria se aposentar...não gostava do trabalho, não gostava das pessoas.
Qdo conheceu Avellaneda sentiu renascer a chama da paixão, mas mesmo assim de uma forma completamente egoísta.
Ele não vivia o presente...ficava preso na imagem da mulher morta, comparando-a com a atual e não se permitia viver essa nova paixão, pensando de como seria no futuro.
Seus pensamentos eram sempre negativos e ele usava a desculpa de que estava poupando Avellaneda de um sofrimento, qdo na verdade o problema era sua falta de coragem.
Somente qdo se deu conta da falta que ela lhe fazia, foi que resolveu tomar uma atitude, mas ai foi tarde demais.
Mesmo nessa hora, seu pensamento foi egoísta...não pensou na vida tão jovem que foi interrompida, mas sim no resto da vida miserável que iria ter sem ela.
Daí caímos nos seus últimos posts, sobre não fazer ou falar as coisas qdo sentimos vontade.
Gostei do livro, muito, da forma que foi escrito, mas definitivamente não gosto de pessoas como o protagonista, que enxergam tudo de um prisma negativo e ficam vendo a vida passar sem realmente vivê-la.
É isso, agora vamos ver seus comentários, sorriso