Sociedade é como qualquer relacionamento, com um grande diferencial. A única que une sócios é a grana, o lucro. Se isto falha, tudo desmorona. Na minha vida profissional, atuando como advogado societário, já vi vários tipos de brigas e sacanagens. Mesmo quando há muito lucro, ainda assim as pessoas brigam, e brigam feio.
Certa vez vi um caso de uma sociedade de 2 mulheres de nível que se engalfinharam e rolaram no chão durante uma discussão. O caso foi parar na polícia. Eram sócias de uma escola e os alunos ficaram atônitos.
Tenho um amigo que coleciona sócios. Teve vários e sempre se deu mal. Com o primeiro teve uma briga feroz, que quase levou às vias de fato. Depois teve uma sócia que adorava, até que um dia, descobriu ao acaso – se bem que nada é por acaso e aquele achado foi providencial – um email comprometedor. A sócia querida estava com as malas prontas para montar uma nova banquinha em outras paradas. Tudo armado na calada da noite, desviando clientes, dinheiro e outras cositas más.
Lá foi o meu amigo, iludido, coração partido, deprimido em busca de nova companhia. Olhares se cruzaram, deu aquele clique depois de um pouco de conversa. E como uma paixão arrebatadora, em menos de 2 meses, ela já estava de mudança para o escritório dele. Tudo lindo como amor à primeira vista. No começo, aquela lua de mel. Tudo fresquinho e maravilhoso. Ela trouxe um toque feminino ao escritório. Colocou plantas, quadros, trocou a decoração...enfim, ele todo contente deixava ela fazer tudo e achava tudo lindo, como um casalzinho em lua de mel.
Até que um dia, como qualquer relacionamento, a rotina começou a aparecer e a admiração recíproca tropeçou. Brotaram as idiossincrasias e ele começou a se incomodar com algumas coisas. Coisas banais. Ela começou a reclamar da sandália aberta da secretária, do monitor do computador que não era fininho (estes novos de plasma), do piercing da candidata a estágio, da cor da pasta do arquivo. Tinha também uns deslumbres. “Quero que este escritório seja uma Daslu jurídica!” – dizia de tempos em tempos. O problema é que para isto acontecer precisa ralar muito e botar a mão na massa.
Um certo dia, ela transformou a copa do escritório em um salão de manicure. O cheiro de esmalte perfumou todo o escritório. Aí ele começou a se enervar. O que era relevado, passou a ser motivo de implicância. Depois de apenas 16 meses, ela diz que vai embora. Ele só não pulou de alegria, porque tinha que fazer cara de triste e tentar convencê-la a mudar de idéia. Mas ela se foi, mais uma. Ele ficou aliviado. Havia chegado naquele ponto que tudo irritava-o, como em qualquer relacionamento.
Encontrei com ele outro dia e perguntei:
- Poxa, cara, você teve problema com sócio de novo!
E ele, tranquilamente, como quem troca de namoradinha numa balada:
- Não tinha química. Nem vou sentir a saída dela. Já arrumei outro.
O cara é insistente, tenho que tirar o chapéu, mas vida com sócio é assim: difícil sem eles, difícil com eles.
3 comentários:
Olá, Renato,
Desculpe a invasão. Você não me conhece, mas venho visitando há alguns dias seu blog, que conheci através do Bulhufas.
Gostei tanto que volto sempre (aliás muitas vezes, riso, já que meu provedor anda uma porcaria e minha conexão vive caindo), mas não me senti no direito de comentar...fiquei tímida.
Como vi que você também tem entrado no meu blog, tomei coragem!
O que gosto mais no seu blog, além de você se expressar muito bem, são os comentários sobre os livros e também as crônicas que você escreve, parabéns!
Espero que também se sinta a vontade para comentar no meu blog, se quiser.
Um abraço!
olha acho talvez ele consiga trocar mais de sócia que de namorada...e dale direito postetativo!!
tirando a sócia madame, acho há uma probabilidade do problema ser ele mesmo. Sempre há essa chance, né!? bem, não o conheço mas conheço bem advogados. como diz uma amiga minha: quando o mundo então tá errado e nós estamos certos em tudo, é hora de revermos nossas opiniões.
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