Planejar nossos caminhos faz parte da vida. Sempre planejei tudo. Talvez até demais e quando os planos não se realizavam, isto me incomodava, irritava. Aprendi a ser mais flexível, a lidar com a imprevisibilidade, com as mudanças repentinas. Aprendi a me adaptar.
Hoje vou fugir do tom normal dos posts. Vou explicar. Em 2005, fui aprovado como aluno do doutorado em Direito Comercial na Universidade de São Paulo. Durante 1 ano e meio fiz os créditos exigidos. No final do ano passado, apresentei meu projeto de tese para ser apreciado por uma banca. Na USP, antes da defesa final da tese, há algo que se chama de Exame de Qualificação. Neste exame a banca, composta de 3 professores, analisa o projeto de tese e avalia se o candidato tem condições de transformar o projeto em uma tese de doutoramento. O meu Exame de Qualificação foi ontem.
Fui reprovado.
Fiquei chateado, claro, mas muito menos do que imaginava. Ainda estou digerindo o assunto e acho que voltarei ao tema em outros posts, mas senti um grande sentimento de alívio. Senti que o tempo que gastei estudando foi muito útil, mas todo este processo havia se arrastado. Não senti paixão pelo que estava fazendo e a falta de paixão se manifestou ontem.
Senti um alívio porque se fosse aprovado iria ter que dedicar grande parte do meu tempo nos próximos 8 meses a escrever minha tese, e portanto, postergar alguns outros projetos pessoais, escrever menos no blog etc. Senti-me libertado de um fardo que não me trazia alegria e vibração mais. Não vou mais perder horas de sono pensando na tese. Não vou mais ficar aflito porque não achei este ou aquele livro. Não vou mais sacrificar horas de lazer pessoal pelos livros. Adoro dar aulas, mas acho que não tenho jeito para pesquisador acadêmico. Pelo menos, não nesta minha fase atual da vida.
Ao ser comunicado da reprovação, a primeira coisa que me veio na cabeça foi: vou poder continuar a escrever sem ter que me preocupar com a tese. Logo em seguida pensei: NADA É POR ACASO! Acredito profundamente nisto e a cada dia percebo como as coisas acontecem por uma razão.
Quando estava no meio do mestrado, tentei converter o mestrado em doutorado direto. Precisava passar numa prova de italiano (hã uma exigência de proficiência em 2 línguas estrangeiras para o doutorado) e fui reprovado. Tirei 4,5 e precisava de 5. Tive plena consiciência naquela época de que o melhor a fazer era obter o título de mestre. Se tivesse convertido, hoje não teria título nenhum. Hoje sou mestre e ontem coloquei um ponto final no meu capítulo doutorado. Pelo menos por enquanto.
Ironia ou não, só tempo dirá a razão das coisas. É, olha o tempo aí de novo rondando nossos posts.
3 comentários:
Nem sempre conseguimos aquilo que queremos, é uma pena!
Mas, o importante é que você vai continuar e realizar outros projetos que tem em mente.
Boa sorte!
muito legal essa maneira positiva de enxergar a situação até porque lamentar não iria resolver.
provavelmente, se você tivesse passado ia comemorar e iria fazer uma coisa que não te agrada. Os seres humanos podem ser bem contraditórios, não é!?
é engraçado como sentimos as coisas diferentes de acordo com o momento de nossa vida. Nossas prioridades mudam no decorrer da vida.
Renato,
Muitas vezes ficamos presos a pensamentos, a projetos, a situações por pura teimosia, a vontade de não largar no meio para não se sentir frustrados.
Há hora para prosseguir e hora para recuar, sem que isso seja uma derrota.
Não deu agora, então vc faz bem em olhar de forma positiva e seguir adiante.
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