Uma pausa na correria e deixo-os com Pablo Neruda. Mais um soneto dos Cem Sonetos de Amor, que tão bem retrata como se fala mesmo no silêncio.
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Gosto de ti quando calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, e a minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem voado de ti
E parece que um beijo te fechara a boca.
Como todas as coisas estão cheias da minha alma
Emerges das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com a minha alma,
E pareces com a palavra melancolia.
Gosto de ti quando te calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.
Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
Claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longínquo e singelo.
Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesse morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E estou alegre, alegre de que não seja verdade.
(Antologia Poética. 14a. ed. bilíngue, trad. Eliane Zagury. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1996, p. 44-5).
2 comentários:
hum amo neruda!!!!
mas ainda não postei um!!!
mas hoje tinha que falar do bife
ah, que pausa gostosa também para quem lê.
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