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Masp - (c) Visão ao Longe |
Sempre fui um eleitor altamente politizado, participativo, empolgado. Vejo e escuto o horário eleitoral, consulto os sites com os programas de governo e decido meu voto. Desde os tempos de faculdade ajo assim, se bem que naquela época a participação nas campanhas era muito mais efetiva. Nunca votei em branco ou nulo, pois considero tal conduta uma idiotice, uma omissão inescusável do cidadão. Apenas uma vez, no segundo turno da eleição presidencial de 1989, fiquei em dúvida e fui tentado a votar nulo. Votei em Collor, pois votar em Lula seria inimaginável - naquela época e mais ainda hoje.
Neste ano, porém, sinto uma mesmice impressionante, uma falta de criatividade e de propostas que possam realmente alterar alguma coisa na cidade de São Paulo.
Vejamos alguns exemplos:
1. Educação - todos falam em rever a progressão continuada e implementar a educação em tempo integral. Chalita, Haddad, Russomano, Serra e Paulinho defendem esta ideia. O que os candidatos entendem por educação em tempo integral. Haddad, em entrevista à Rádio Bandnews FM, disse que pela manhã os alunos terão o currículo normal e durante à tarde irão para passeios no parque, visitas a museus, "ocupação de espaços públicos" (seja lá o que isso quer dizer em linguagem petista), esporte, cultura e lazer. Chalita diz praticamente a mesma coisa, acrescentando artes, inglês e espanhol.
Em suma, o tempo integral signfica que as escolas serão um depósito de crianças no período da tarde. Acho isto grave considerando que Haddad foi ministro da Educação e Chalita foi secretário estadual de Educação. Não há proposta que reformule o ensino fundamental. Não há coragem na proposta dos candidatos.
Ninguém fala em ampla reformulação do currículo com capacitação e treinamento de professores. Ninguém fala em ampliar o tempo de ensino das matérias básicas (português e matemática). Não adianta levar o aluno ao parque se ele não sabe ler e escrever corretamente.
2. Saúde - novamente a coisa se repete: vamos construir mais hospitais e postos de atendimento, que agora se transformaram em siglas. Os candidatos só falam em AMA, AME, UPA etc. Adianta construir mais se não há médicos bem remunerados e com estrutura para atendimento?
3. Transporte - unanimidade neste ponto também: vamos construir mais corredores de ônibus. E daí? Isto vai resolver o problema? Quase todos mencionam mudanças ou ampliação do bilhete único, mas isto não afeta em nada a mobilidade e a melhora no transporte. Nenhum candidato falou em melhorias no sistema semafórico ou em invenstimentos na CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
4. Segurança - a competência para tratar de segurança pública é dos estados, e não do município. Mesmo assim, quase todos propõem a reformulação e ampliação da guarda civil metropolitana para que atue como se fosse a polícia militar.
5. Emprego para o bairro - alguns candidatos em São Paulo vieram com esta ideia de levar o emprego para o bairro. Em outras palavras, criar incentivos para que empresas se instalem nos bairros, permitindo que o trabalhador more mais perto de onde trabalha. A ideia é boa e parece ser um pouco mais inovadora, mas ninguém fala como isto será feito. Isenção de impostos? Benefícios fiscais?
No final das contas, a eleição para a Prefeitura de São Paulo ficou sem graça, sem propostas, sem debate sério. Lula tenta transformar a eleição em uma batalha para tentar conquistar um cargo para seu fantoche. Russomano desponta como a surpresa, mas já dá sinais de que não sabe debater, de que não tem plano de governo e nem propostas viáveis. Serra repete a conhecida ladainha de sempre, mas não inspira mais a confiança do passado. Chalita tem uma propaganda meiga, sensível, que talvez funcionasse para um cargo de deputado ou senador, mas não para um cargo executivo. Soninha continua fazendo a linha bicho grilo hipster, defendendo a bicicleta, com uma trilha sonora meio apocalíptica e fúnebre. E há os outros.
Infelizmente São Paulo está sendo mal tratada pelos candidatos que parecem não se preocupar com a cidade a ponto de não se debruçarem sobre seus problemas mais graves. Cabe ao eleitor decidir.
No domingo, pense bem em que você vai votar. Mensaleiro já lhe enganou uma vez e vai tentar te enganar de novo. Não vote em mensaleiro ou em quem usurpa o dinheiro público em proveito próprio, vote em um candidato no qual você pode confiar.