"Talvez não seja mais do que o meu sonho...
Esse sorriso será para outro, ou a propósito doutro,
Loura débil...
Esse olhar para mim casual como um calendário...
Esse agradecer-me quando a não deixei cair do eléctrico,
Um agradecimento...
Perfeitamente...
Gsoto de lhe ouvir em sonho o seguimento que não houve
De conversas que não chegou a haver.
Há gente que nunca é adulta mas prematura!
Creio mesmo que pouca gente chega a ser adulta - prematura -
E a que chega a ser adulta e prematura morre sem dar por isso.
Loura débil, figura de inglesa absolutamente portuguesa,
Cada vez que te encontro lembro-me dos versos que esqueci...
É claro que não me importo me nada contigo
Nem me lembro de te ter esquecido senão quando te vejo,
Mas o encontrar-te dá ser ao dia e ao destino
Uma poesia de superfície,
Uma coisa a mais no a menos da improficuidade da vida...
Loira débil, feliz porque não é inteiramente real,
Porque nada que vale a pena ser lembrado é inteiramente real,
E nada que vale a pena ser real vale a pena."
25 de janeiro de 1929
(Poemas de Álvaro de Campos. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1999, p. 276-7).
Este poema de Álvaro de Campos não tem título. Destaco o seguinte trecho: "Mas o encontrar-te dá ser ao dia e ao destino." Fujo da temática do poema e pinço este verso, não o encontro casual de que trata o poeta, mas o encontro que muda um dia, ou aquele momento especial que muda o dia. O que o dia nos preparou, o que o destino nos reserva, não sabemos, mas sempre há momentos mágicos que evocam a alegria e a beleza do encontro, do sorriso, do recado simples que aquece a alma.
Esse sorriso será para outro, ou a propósito doutro,
Loura débil...
Esse olhar para mim casual como um calendário...
Esse agradecer-me quando a não deixei cair do eléctrico,
Um agradecimento...
Perfeitamente...
Gsoto de lhe ouvir em sonho o seguimento que não houve
De conversas que não chegou a haver.
Há gente que nunca é adulta mas prematura!
Creio mesmo que pouca gente chega a ser adulta - prematura -
E a que chega a ser adulta e prematura morre sem dar por isso.
Loura débil, figura de inglesa absolutamente portuguesa,
Cada vez que te encontro lembro-me dos versos que esqueci...
É claro que não me importo me nada contigo
Nem me lembro de te ter esquecido senão quando te vejo,
Mas o encontrar-te dá ser ao dia e ao destino
Uma poesia de superfície,
Uma coisa a mais no a menos da improficuidade da vida...
Loira débil, feliz porque não é inteiramente real,
Porque nada que vale a pena ser lembrado é inteiramente real,
E nada que vale a pena ser real vale a pena."
25 de janeiro de 1929
(Poemas de Álvaro de Campos. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1999, p. 276-7).
Este poema de Álvaro de Campos não tem título. Destaco o seguinte trecho: "Mas o encontrar-te dá ser ao dia e ao destino." Fujo da temática do poema e pinço este verso, não o encontro casual de que trata o poeta, mas o encontro que muda um dia, ou aquele momento especial que muda o dia. O que o dia nos preparou, o que o destino nos reserva, não sabemos, mas sempre há momentos mágicos que evocam a alegria e a beleza do encontro, do sorriso, do recado simples que aquece a alma.