Ah, pouco a pouco, entre as árvores antigas,
A figura dela emerge, e eu deixo de pensar...
Pouco a pouco da angústia de mim vou eu mesmo emergindo...
As duas figuras encontram-se na clareira ao pé do lago...
...As duas figuras sonhadas,
Porque isto foi só um raio de luar e uma tristeza minha,
E uma suposição de outra cousa,
E o resultado de existir...
Verdadeiramente, ter-se-iam encontrado as duas figuras
Na clareira ao pé do lago?
(...Mas se não existem?...)
...Na clareira ao pé do lago......
17-9-1929
Álvaro de Campos é um dos heterônimos de Fernando Pessoa e este poema datado foi extraído da edição coordenada por Cleonice Berardinelli de "Poemas de Álvaro de Campos" (Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1999).
A figura dela emerge, e eu deixo de pensar. A clareira ao pé do lago, uma livraria, uma estação de metrô, um café no centro da cidade, um encontro casual. Tanto faz, mas o que seria de hoje se aquele encontro não tivesse acontecido? Encontro que existiu e quando a figura dela emergiu, deixei de pensar e passei a sonhar.
4 comentários:
oi Renato,
Como vc achou o Blogterapia? Eu ainda estou formatando, mas lá estou buscando ficar menos mulherzinha e mais prática, menos lugar comum e mais objetiva. Obrigado pela força.
Kátia
É muito bom começar a semana lendo algo tão bonito.
Fiquei pensando na última frase do post e percebi que é isso exatamente que sinto..."quando ele aparece, páro de pensar e começo a sonhar..."
Um encontro pode mudar uma história de vida.
Beijo
Que lindo, não conhecia.
AI como é lindo!!!
Pq não tenho este dom????
Este texto final e o proprio FP descrevendo o surgimento de Alvaro de Campos né?
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