quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Trabalho e emprego


No dia 11 de agosto, comemorou-se 180 anos da instalação da primeira faculdade de Direito no Brasil. Por decreto de D. Pedro I, foram criados 2 cursos de ciências jurídicas no Brasil: um em São Paulo e outro em Olinda. A Faculdade de Direito do Largo São Francisco iniciou suas atividades primeiro e é o curso jurídico mais antigo do Brasil.


Estudei na São Francisco durante 12 anos, sendo 5 anos na graduação e 7 de pós-graduação, e toda vez que passo por aquele pátio com suas arcadas, uma nostalgia me domina. Há algo de especial naquela faculdade. Ela é especial para mim pois ali descobri a minha grande paixão que é advogar. Sou um advogado apaixonado pelo que faço, mesmo com todos os problemas da profissão, das frustrações nas derrotas em causas judiciais, em conflitos com clientes. No final das contas, adoro meu trabalho.


Digo tudo isto por que nota-se hoje que muitas pessoas não trabalham, mas simplesmente procuram um emprego. Querem ter hora para entrar, hora para sair, hora para almoçar e a certeza de salário no final do mês. Acho que isto tem nome: mediocridade ou falta de paixão. Da mesma forma que há pessoas que simplesmente passam sem deixar rastro, há profissionais que simplesmente batem cartão.

Ao conversar com uma amiga, que acabara de voltar de férias, reparei que as pessoas dedicadas e esforçadas por fazerem bem feito o seu trabalho são cada vez mais raras. Estes profissionais são jóias raras, espécies em extinção. Pessoas que trabalham e trabalham com amor e dedicação, que se sacrificam por fazer com esmero as tarefas que lhe são atribuídas - ainda que não gostem do que tem que fazer -, são pessoas que marcam e contagiam o ambiente à sua volta. Estes profissionais puxam o ambiente para cima e elevam a motivação de seus colegas de trabalho. E muitas vezes estes profissionais não são reconhecidos ou elogiados por chefes e superiores, e um elogio sincero é uma ótima forma de incrementar a motivação.

Esta é a grande diferença entre trabalho e emprego. No primeiro, crescemos e nos desenvolvemos, aprendendo o valor do sacrifício e da dedicação. No emprego, cumpre-se apenas o necessário para garantir o salário e evitar a dispensa. As tarefas podem ser semelhantes, mas a atitude interior é muito diferente.

Bom trabalho a todos!

3 comentários:

Edna Federico disse...

É isso mesmo, tem gente que faz por fazer, não se envolve, não procura crescer, falta paixão!
Eu acho lindo o prédio do Largo São Francisco.
Parabéns pelo seu dia!

Fabiola disse...

muito boa sua separação entre trabalho e emprego!!!

Simone disse...

eu acho que motivação é uma via de mão dupla está diretamente ligada ao esforço e dedicação. Se você se esforça e se decida e não é reconhecido, você se desmotiva. O inverso também é verdade: se você não se esforça não será reconhecido. EU não me arrisco a dizer que alguém não é reconhecido não se esforça. Muito menos que todos os reconhecidos sejam esforçados. Quanto mais seu trabalho é reconhecido mais feliz você se sente e mais vontade tem de se superar. Não adianta dizer que não espera reconhecimento porque todo mundo espera sim.

Que motivação se pode ter quando alguém lhe pede alguma coisa pra ontem, você se mata pra fazer e consegue, depois o trabalho ficar dias na mesa do chefe sem que ele se dê ao trabalho de olhar? De que valeram seus esforços? Com certeza, no dia seguinte você volta pra cumprir o horário e garantir o salário que você precisa pra pagar suas contas.

Eu acho que o problema está em se conformar com esta situação. É por isso que quando fico insatisfeita, começo a me mexer e, como dizem, "buscar novos desafios". Aliás, odeio esta expressão politicamente correta.