“Deitei-me na areia e fiquei olhando o mar. O mar que não é nem verde nem azul, nem masculino como figura na nossa língua nem feminino como está na língua francesa, nem macho nem fêmea, mas algo assim andrógino. Escapando ao rigor das classificações ele é a vida mas também pode ser a morte. Agressivo, sim, e ao mesmo tempo, envolvente. Sedutor – ah, vamos deixá-lo com os mistérios porque os mistérios são inexplicáveis.”
Este trecho inicia a crônica “Pedra que chora” (Conspiração de Nuvens. Rio de Janeiro : Rocco, 2007, p. 81) do mais novo livro de Lygia Fagundes Telles, cujos textos foram organizados por Suênio Campos de Lucena. Havia lido uma entrevista de Lygia Fagundes Telles e um comentário sobre livro ao longo desta semana (Estado de São Paulo, p. D2, 30 de agosto de 2007). Chamou-me a atenção a afirmação de que escrever serviu-lhe para superar uma fase de profunda angústia e tristeza após a morte do filho.
Comprei o livro esta tarde e já devorei metade dele – estou num feriado literário. Este texto parte da contemplação do mar para falar do Padre José de Anchieta e seus poemas escritos nas areias do litoral brasileiro. O mar. O céu estrelado. A lua. As nuvens no fundo azul do céu da tarde. Todos convidam à reflexão e dão-nos um senso de pequenez, um senso de insignificância diante de uma vasta imensidão, um senso de que há algo mais além de nós mesmos.
Exercem uma atração magnética que nos faz mergulhar no nosso eu mais profundo, como se parássemos diante do espelho e nos olhássemos totalmente nus, mas podendo vislumbrar a nossa própria alma. Convidam-nos a sonhar e sonhos, muitas vezes, são inesperados.
Ontem comecei a ler A invenção de Morel, do argentino Adolfo Bioy Casares, escrito em 1940 (trad. Samuel Titan Jr., 3a. ed. São Paulo : Cosac Naify, 2006). O livro narra o diário apócrifo de um fugitivo da justiça venezuelana, escondido numa ilha deserta no Pacífico. Durante a noite, sonhei com texto e o uma notícia de jornal que tratava do ilhéu. Coisas inexplicáveis do incosciente.
Interessante como o mar, inadvertidamente, tem sido o pano de fundo de minhas leituras – ou talvez seja a tela onde os escritores contemporâneos tem lançado suas pinceladas. Acabo de ler Na Praia (título original On Chesil Beach), de Ian McEwan (São Paulo : Companhia das Letras, 2007), que está cotado para o Booker Prize de 2007. Antes dele, tive em mãos O Mar, de John Banville, já comentado neste blog e vencedor do Booker Prize.
Hoje, deparei-me com este lindo texto de Lygia Fagundes Telles. O mar. Cheio de mistérios, convida-nos a contemplá-lo e a refletir, na sua imensidão e beleza, um reflexo de nós mesmos.
Este trecho inicia a crônica “Pedra que chora” (Conspiração de Nuvens. Rio de Janeiro : Rocco, 2007, p. 81) do mais novo livro de Lygia Fagundes Telles, cujos textos foram organizados por Suênio Campos de Lucena. Havia lido uma entrevista de Lygia Fagundes Telles e um comentário sobre livro ao longo desta semana (Estado de São Paulo, p. D2, 30 de agosto de 2007). Chamou-me a atenção a afirmação de que escrever serviu-lhe para superar uma fase de profunda angústia e tristeza após a morte do filho.
Comprei o livro esta tarde e já devorei metade dele – estou num feriado literário. Este texto parte da contemplação do mar para falar do Padre José de Anchieta e seus poemas escritos nas areias do litoral brasileiro. O mar. O céu estrelado. A lua. As nuvens no fundo azul do céu da tarde. Todos convidam à reflexão e dão-nos um senso de pequenez, um senso de insignificância diante de uma vasta imensidão, um senso de que há algo mais além de nós mesmos.
Exercem uma atração magnética que nos faz mergulhar no nosso eu mais profundo, como se parássemos diante do espelho e nos olhássemos totalmente nus, mas podendo vislumbrar a nossa própria alma. Convidam-nos a sonhar e sonhos, muitas vezes, são inesperados.
Ontem comecei a ler A invenção de Morel, do argentino Adolfo Bioy Casares, escrito em 1940 (trad. Samuel Titan Jr., 3a. ed. São Paulo : Cosac Naify, 2006). O livro narra o diário apócrifo de um fugitivo da justiça venezuelana, escondido numa ilha deserta no Pacífico. Durante a noite, sonhei com texto e o uma notícia de jornal que tratava do ilhéu. Coisas inexplicáveis do incosciente.
Interessante como o mar, inadvertidamente, tem sido o pano de fundo de minhas leituras – ou talvez seja a tela onde os escritores contemporâneos tem lançado suas pinceladas. Acabo de ler Na Praia (título original On Chesil Beach), de Ian McEwan (São Paulo : Companhia das Letras, 2007), que está cotado para o Booker Prize de 2007. Antes dele, tive em mãos O Mar, de John Banville, já comentado neste blog e vencedor do Booker Prize.
Hoje, deparei-me com este lindo texto de Lygia Fagundes Telles. O mar. Cheio de mistérios, convida-nos a contemplá-lo e a refletir, na sua imensidão e beleza, um reflexo de nós mesmos.
2 comentários:
Renato, pelo trecho que li aqui, me parece um livro ótimo.
Fico triste comigo mesma de não ter mais tempo pra ler.
Sempre gostei de ler a noite, antes de dormir, mas ultimamente estou tão cansada, que me falta estímulo...preciso corrigir isso.
olha amei esse texto da Ligia!!
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