A Edna, do
Pensamento Nosso, me indicou ao Movimento entre Blogs – Vale a pena ler de novo.
Vamos às regras:
1. Qualquer blog convocado pode participar.
2. O blogueiro que participar deve escolher um de seus textos (de sua autoria) que você mais gostou (sabe? aquele que quando você acabou de postar você disse para si mesmo: eu estou inspirado hoje!), e então republicá-lo, podendo trocar foto, modificá-lo de algum jeito.
3 - Escrever a frase: ‘Movimento – Vale a pena ler de novo’ no final do texto, só para identificar como participante juntamente a essas regras.
4 - Convoque mais 5 blogs para esse movimento colocando os links deles no seu post republicado.
5 - Se você foi convocado mais de uma vez, se quiser, republique mais algum que você goste. Criado pelo blog: A ótica de um míope.
Já pensava em fazer uma retrospectiva com os posts mais lidos nas diversas categorias deste blog, mas vou ficar com uma crônica que escrevi e que teve a receptividade que queria. Despertou um sorriso - talvez mais de um - e isto é uma recompensa para quem escreve.
TARDE NO CAFÉ
No meio de uma tarde de sábado, ao final de verão, Pedro cuidadosamente escolheu uma mesa perto da calçada, num simpático café da Rua Oscar Freire. Queria ver gente. Observar as pessoas. Analisar. Distrair-se com as divertidas figuras do coração do luxo e da elegância paulistana. Pediu um café puro e um pão de queijo. Deixou o livro recém-adquirido sobre a mesa, cruzou as pernas e preguiçosamente deixou seu olhar passear.
Passeavam pela calçada, ou melhor, desfilavam mulheres com sacolas, com cachorrinhos embonecados, com óculos escuros largos sobre a face, com amigas a falar e a gargalhar alto. Uma fauna de mulheres ricas, de peruas, de patricinhas, de todas as tribos urbanas e cosmopolitas. Umas medindo as outras de cima abaixo. Grifes caras e famosas e outras nem tanto. Uma variedade de roupas e estilos, de tamanhos e de rostos, de aromas de perfumes caros e de cores. Tudo se mesclava numa tela impressionista, sem precisão, como um emaranhado de sons, aromas e formas.
Pedro fitava-as discretamente, de relance. Começou pelos pés. Admirou-se com a variedade de sapatos, sandálias, unhas, pés que por ali passavam. Achava defeito em todos. Simpatizou com alguns. Mas algo incomodava-lhe.
Distraiu-se então com os rostos. Reparou nos cabelos, alguns longos, outros curtos, presos, soltos, loiros, ruivos e castanhos. Cortes variados, visuais esquisitos, outros elegantes, outros mais simples. “Qual o mais bonito”, perguntava-se. “Qual a forma ideal da beleza?” Uma beleza abstrata rondava sua mente e não se materializava diante dele naquela tarde. Lembrou-se de Platão e de seu mundo das idéias. “Seria a beleza perfeita algo inatingível, algo invisível, algo que somente pode ser criado em nossas mentes? Haveria um molde perfeito?” O molde de beleza de Pedro estava silente, escondido em seu inconsciente.
Continuou a observar de forma incessante a procura de algo que sabia existir, que sabia estar presente dentro de si ou no mundo exterior. Sentiu-se criando um Frankesntein feminino. Juntava partes e pedaços de mulheres, misturava estilos e roupas, mas nada lhe apaziguava o espírito. Inquieto não desistia em sua busca.
Estava ali há mais de uma hora e meia, quando uma moça perguntou-lhe se queria mais alguma coisa. Despertou do transe ao ouvir a indagação. Olhou-a e o reflexo da luz sobre um ponto brilhante que repousava sobre o nariz da funcionária alvejou-o como um raio. “Por isso encontrava defeito em todas as mulheres!”, disse a si mesmo. “Você é e sempre será única. Não há substituta, não há outra igual a você. Nunca serei indiferente ao seu nome. Sempre que o ouvir, lembrarei de ti. Sempre!” O pequeno piercing acima da narina esquerda havia trazido Pedro de volta à realidade. Pediu mais um café e sorriu. Encontrara o que buscava e o que buscava, ainda que distante fisicamente, não abandonava seus pensamentos em nenhum instante. Ela era presença constante e companheira incomparável.
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Agora às indicações para continuar o movimento: