quarta-feira, 23 de maio de 2007

Discutindo A Trégua


Quando terminei de ler A Trégua, de Mario Benedetti, sugeri que alguma leitora do blog lesse o livro e desse sua opinião. A idéia era realmente permitir visões diferentes - ou não - do livro. Não queria fazer uma análise apenas do ponto de vista masculino, mas queria realmente ouvir a opinião do livro do ponto de vista feminino.


Primeiro então o que escreveu a Fernanda:


"Bom dia! Há algumas semanas vc lançou um desafio sobre o livro "A Trégua". Aceitei o desafio, li o livro, gostei muito e tenho alguns comentários a fazer.


Não achei o protagonista machista, a não ser em uma passagem, qdo ele comenta sobre como uma mulher fica "atarantada e completamente imbecil" no período menstrual. Acho que o imbecil é ele e ficarei extremamente desapontada se vc concordar com esse ponto de vista.


Além de ter uma visão muito pessimista da vida e de si mesmo, achei-o muito egoísta. Criou os filhos após a morte da mulher, mas fez isso como se fosse um peso, uma obrigação, daí a falta de relacionamento com os mesmos na fase adulta. A lembrança apagada que ele tinha da esposa, fez com que os filhos crescessem sem a imagem da figura materna e isso foi muito triste de perceber no livro.Parece-me que ele foi vivendo sua vida focado somente no dia em que iria se aposentar...não gostava do trabalho, não gostava das pessoas.


Quando conheceu Avellaneda sentiu renascer a chama da paixão, mas mesmo assim de uma forma completamente egoísta. Ele não vivia o presente...ficava preso na imagem da mulher morta, comparando-a com a atual e não se permitia viver essa nova paixão, pensando de como seria no futuro. Seus pensamentos eram sempre negativos e ele usava a desculpa de que estava poupando Avellaneda de um sofrimento, qdo na verdade o problema era sua falta de coragem.


Somente quando se deu conta da falta que ela lhe fazia, foi que resolveu tomar uma atitude, mas ai foi tarde demais. Mesmo nessa hora, seu pensamento foi egoísta...não pensou na vida tão jovem que foi interrompida, mas sim no resto da vida miserável que iria ter sem ela. Daí caímos nos seus últimos posts, sobre não fazer ou falar as coisas qdo sentimos vontade. Gostei do livro, muito, da forma que foi escrito, mas definitivamente não gosto de pessoas como o protagonista, que enxergam tudo de um prisma negativo e ficam vendo a vida passar sem realmente vivê-la.É isso, agora vamos ver seus comentários, sorriso"


Volto com meus comentários no próximo post.

2 comentários:

Anônimo disse...

Renato, nem cheguei a ler esse post inteiro porque parei minha leitura de A Trégua no meio e pretendo retomá-la em breve. Fui a Buenos Aires meses atrás e comprei a versão original. Estava lendo e terminei parando p/ ler outros (ai, me odeio quando faço isso, mas...) Bom, vou ter que voltar a Lê-lo agora p/ seguir com a leitura do post! ;)

Wellersom R. Voigt disse...

Post legal,
A pouco tempo peguei o livro para ler, confesso ainda não ter passado da primeira pagina, mas com certeza depois de ler seu post encontrei a motivação que eu precisava para quem sabe ler todo o livro.
Abraço