sexta-feira, 29 de junho de 2007

Crônica: Só, na noite.


As crianças adormeceram e ele saiu do quarto silenciosamente. O silêncio reinava na casa. Havia uma paz de início de noite, sem ruídos. Estava sozinho pela primeira vez desde que os filhos nasceram. Marina havia viajado a trabalho e ausentava-se num dia de semana à noite.




Sentiu uma profunda liberdade, algo que não havia sentido há anos. Caminhou até a varanda e ficou a admirar a noite, degustando aqueles momentos de solidão, sozinho. O sentimento que mais temia, o sentimento que o levou a casar-se com Marina, agora era nutrido e enchia-o de satisfação. Não tinha que ficar conversando com ninguém. Podia conversar com seus pensamentos, conversar consigo mesmo, sem interrupções, sem brigas, sem discussões. Estava só em um ambiente que lhe era familiar. Tudo aquilo era novo, pois já estivera só em viagens, em quartos de hotel, caminhando no meio da rua ou num almoço. Algo de diferente havia naquela situação. Quando viajava, era um forasteiro, agora era um nativo no seu habitat natural. Estava tranquilo e sereno. Surpreendeu-se ao sentir-se confortável com a solidão.

O que mais temia na vida era ficar só, mas agora ansiava por momentos como este. Pensamentos confusos, sentimentos inexplicados rondavam sua cabeça. Não ficou admirado com o fato de não sentir ciúmes da mulher, de não querer saber onde estava ou com quem estava. Estava bem consigo mesmo, e isto era o que importava. Algo de sublime possuía sua alma, algo que não conseguia descrever ou entender. Afastou a lógica e a racionalidade e simplesmente degustou aquelas horas na noite adentro. Só, na noite.

5 comentários:

Nil Borba disse...

Ei..!!

Vc recebeu alg em meu blog, pode ir buscar??

Beijos e belo sábado pra vc

Edna Federico disse...

Às vezes é bom ficar sozinho mesmo.
Eu apesar de gostar de ficar entre pessoas, família, às vezes também busco o refúgio da solidão para pensar.

Fabiola disse...

tb fico muito bem sozinha, alias hoje em dia amo isso

QUem escreveu?

Renato disse...

Fabiola - todas as crônicas e poesias sem autor declarado são de minha autoria.

Anônimo disse...

A solidão é bom para pensar, colocar as idéias e sentimentos em ordem.