sexta-feira, 27 de abril de 2007

Poesia: Cecília Meireles

Tarde de 6a feira, com chuva e friozinho. Tempo que convida à leitura, a ficar em casa com um bom livro, solitário nos pensamentos e devaneios, descansando dos dias de labuta. Termino o dia com Cecília Meireles que tanto sucesso tem feito neste blog.

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"Oh, quanto me pesa
este coração, que é de pedra.
Este coração que era de asas,
de música e tempo de lágrimas.

Mas agora é sílex e quebra
qualquer dura ponta de seta.

Oh, como não me alegra
ter este coração de pedra.

Dizei por que assim me fizestes,
vós todos a quem amaria,
mas não amarei, pois sois estes
que assim me deixastes amarga,
sem asas, sem música e lágrimas,

assombrada, triste e severa
e com o meu coração de pedra.

Oh, quanto me pesa
ver meu puro amor que se quebra!
O amor que era tão forte e voava
mais que qualquer seta!"

(Canções. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2005, p. 158-9)

Coração de pedra ou de gelo. Basta um olhar, um momento, um encontro para ele se descongelar e a pedra arder em brasa e novamente voar com asas.

3 comentários:

Fabiola disse...

O coração humano é facil de derreter não é?

Pode deixar que coloco a autoria

Simone disse...

a frase de encerramento foi a melhor.

Unknown disse...

É,deixaram meu coração como este poema, mas confesso que o comentário abaixo me surpreendeu. Quem sabe um dia algo o quebrará...