sábado, 14 de abril de 2007

Trabalhando na caverna

A falta de comentários pessoais neste blog nos últimos dias tem uma explicação e uma justificativa: muito trabalho fora do escritório. Tenho o hábito de escrever os posts no final do dia, quando todos já se foram e fico solitário com meus pensamentos - muitas vezes malucos - no escritório. Ou então, escrevo no trânsito, no retorno para casa. Escrevo mentalmente, anoto a idéia principal e transcrevo-a para o papel na manhã seguinte.

Porém, nestes últimos dias estou com um projeto grande de um cliente fora do escritório. Sinto falta dos meus finais de tarde quando posso me dedicar à escrever, ler e algumas vezes até falar sozinho. Tenho esta mania de conversar comigo mesmo em voz alta, ou simplesmente exteriorizar em voz alta o que carrego no interior, aqueles pensamentos íntimos que ficam só conosco.

Mas chega de digressões, este post é para falar da caverna. Que caverna? Para realizar este projeto ocupo uma salinha de uns 4 metros quadrados, às vezes com mais 1 pessoa, com um notebook e SEM JANELAS! Um verdadeiro claustro, ou melhor, uma cela solitária. Minha janela é a tela do computador.

O trabalho é monotóno e repetitivo, algo como a rotina de Martín Santomé, como comentado num post anterior. Isto não me incomoda, pois muitas vezes o trabalho de advogado é repetitivo e rotineiro, por vezes braçal. O que me incomoda é a falta de janelas, a falta de luz do dia. De tempos em tempos vou ao banheiro só para ver o que acontece no mundo exterior. Nunca dei muita importância para a janela, pois minha sala sempre teve janelas por todos os lados, ou seja, não conseguia entender quando uma amiga reclamava de trabalhar numa sala sem janela. Agora te entendo muito bem e entendo porque gostas tanto do horário de verão!

Assemelha-se a uma viagem. Você entra na máquina do tempo de manhã e é transportado no tempo quando o sol já se pôs. O retorno à realidade se dá com a escuridão, com a noite jovem que recobre a cidade.

Sinto-me privilegiado de poder desfrutar de algo tão corriqueiro como a luz do dia. Mais uma daquelas coisas banais que só damos importância quando ela nos é tirada ou nos faz falta.

Bom final de semana a todos!

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