segunda-feira, 30 de março de 2009

Ferramentas, estatísticas e keywords




Informação é algo extremamente precioso em qualquer momento. Economistas discutem e tentam dar um valor à informação e atribuem certos ganhos ao que se denomina assimetria de informação, ou seja, nem todos têm a mesma informação ao mesmo tempo. Este lapso temporal permite que certas pessoas façam uso desta informação antes de outras, e por consequência, tenham um ganho maior com o uso da informação.

Desculpem a digressão acadêmica, mas era necessária para introduzir o tema deste post. Gosto de explorar novas tecnologias, gadgets, softwares, aplicativos, e por aí vai. Não trabalho com tecnologia, mas faço uso constante dela. Minhas aventuras exploratórias neste campo acabam por tentar relacionar a nova tecnologia com o atuação profissional. Faço uso constante de ferramentas que muitos acham inúteis. Algumas podem até ser, mas eu já sei como elas funcionam.

Tome como exemplo o Twitter. Capa da revista época da semana passada, o sistema de microblogging começa a ganhar mais adeptos. É uma febre nos EUA, assim como o Facebook, que está para os americanos, assim como o Orkut está para os brasileiros. Não sei qual a utilidade do Twitter e seus benefícios, mas dou uma olhada de vez em quando.

Alguns modismos não perduram, como Second Life. Outros têm sucesso estarrecedor e surpreendente até para seus desenvolvedores, como o Orkut no Brasil.

A blogosfera é outro mundo que conta com ferramentas bastante interessantes. Utilizo com frequência o Google Analytics, uma ferramenta de análise estatística de uso do blog. O uso é gratuito e a qualidade das informações é excelente. É possível, por exemplo, saber que este blog recebeu mais visitantes de Fortaleza do que de Porto Alegre nos últimos 30 dias; ou que há leitores de Belém e Porto Velho; ou que o principal site de referência para o blog é o Google e que as visitas buscavam informação sobre a diferença entre trabalho e emprego.

Há uma infinidade de informações, todas organizadas por categorias. Vou sempre dar uma olhada nas keywords – palavras isoladas ou expressões usadas nos sites de busca e que redundam em visitas ao blog – para ver o que o leitor busca, o que ele procura e para se ter uma ideia melhor de quem é o leitor do blog. Interessante que a crise atual tem trazido leitores que procuram informação sobre emprego, trabalho, vocação profissional, temas que apenas tratei superficialmente e pouquíssimas vezes neste blog.

Uma informação relevante dada pelas keywords é saber como funciona a cabeça do leitor. Ou seja, quando a pessoa vai procurar uma informação, o que ela busca para conseguir a informação. Simples? Sem dúvida, mas pode ser extremamente relevante para publicitários e para marketeiros. Confesso que estas keywords, às vezes, ajudam-me a dar o título do post.

terça-feira, 24 de março de 2009

E Protógenes continua em cena

Deveria ter escrito este texto antes, mas o tempo não lhe foi prejudicial. Adoro, vibro mesmo, quando escrevo algo e acerto em cheio. Não se trata de bola de cristal, mas de bom senso e da análise dos fatos.

Protógenes Queiroz é delegado da Polícia Federal e comandou a Operação Satiagraha responsável pela prisão de Daniel Dantas, Naji Nahas, Celso Pitta e outros. Ficaram poucas horas na cadeia porque a prisão não se justificava e era ilegal.

Tratei do assunto no post O Delegado Protógenes . Os dois últimos parágrafos do post, publicado em 12 de setembro de 2008, parecem proféticos? Volto a afirmar que não e parte do que esta escrito ali ainda não se concretizou. Aguardem.

O Delegado foi indiciado por violação da lei de interceptações telefônicas. Protógenes prestou depoimento na Procuradoria da República e já modificou seu depoimento 3 vezes! Pasmem, meus caros leitores, o homem não sabe bem qual a versão que deve apresentar. O Reinaldo Azevedo reproduz a notícia do Estadão de hoje. E como este é o país da piada pronta - infelizmente -, Protógenes ira depor à CPI dos grampos no dia 1º de abril. Perfeito para alguém que não sabe qual é a versão verdadeira dos fatos. Disse que vai dar nome aos bois em seu depoimento, mas é tudo balela. Duvido que ele fale alguma coisa além do que todos já sabem.

Porém, há mais.

O Delegado tem proferido palestras sobre corrupção pelo Brasil afora em horário de expediente - pelo menos deveria ser- e sempre com apoio do PSTU ou PSOL. No dia 2 de abril, às 17 horas estará no Rio de Janeiro juntametne com Heloísa Helena. Por qual partido será que Protógenes vai se candidatar?

Para concluir: quem paga as passagens e as despesas de viagem do Sr. Protógenes em suas inúmeras palestras pelo Brasil? Será que é despesa reembolsada pela Polícia Federal, leia-se, todos nós?

segunda-feira, 23 de março de 2009

Signs

A qualidade de um filme não está no tempo de sua duração, mas na mensagem que é transmitida ao público.

Signs é um curta dirigido por Patrick Hughes, diretor australiano, e foi concebido como um comercial. Um filme genial que poderia gerar um longo post sobre a solidão, sobre como um olhar poder mudar uma vida, sobre como sentimentos modificam a rotina mais entediante, e por aí vai. Todos temas já tratados e discutidos neste blog, quer em comentários de livros, quer em posts independentes.

Signs dura 12 minutos e capta a atenção, emociona, toca e faz sorrir.


A dica original é do caderno de TV do Estadão de ontem (22 de março de 2009). O vídeo pode ser assistido pelo link, que o levará diretamente ao site do diretor.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Crônica: Voz no silêncio

(Pôr do sol em Punta Del Este)


VOZ NO SILÊNCIO

- Eu gosto do final de tarde – ela disse com uma voz hesitante, como se tateasse um quarto escuro e não pudesse ver as coisas ao seu redor, como se aquelas palavras fossem a senha para deixar vazar o que tinha dentro de si e que ganhava coragem para falar-lhe. – Você não gosta? – emendou a pergunta retórica, enquanto seus dedos brincavam com o isqueiro sobre a mesa e o olhar baixo, desviando dos olhos de Roberto.

- Eu gosto sim. – respondeu sem firmeza, esperando ansioso o que viria a seguir.

- Fico com um sentido de vitória quando chego ao final do dia, como um corredor que vê a linha de chegada, estende os braços no ar e é tomado de um sentimento de missão cumprida. Mais um dia! Não que encare isto de forma negativa, mas é um sinal de sobrevivência, de luta constante. O pôr do sol me traz um sentimento de alívio, que me inunda. Um sentimento de serenidade que aumenta com o cair da noite, com a escuridão e o silêncio que vem com o avançar das horas, quando a cidade parece adormecer e o menor ruído é facilmente notado.

E continuou sua fala observando o olhar atento de Roberto na tentativa de descobrir o que se passava naquela cabeça, na tentativa de ouvir sua voz no silêncio dos pensamentos.

- Gozado que não me sinto sozinha. Não temo os momentos solitários, que são quase diários. Tenho prazer nesta solidão aparente que permite ficar a sós comigo mesmo, a me ouvir.

- Mas como assim, aparente? – perguntou, inquieto e um pouco incomodado pelo discurso solitário que se descortinava diante dele, como se ela declarasse que não havia espaço para ele na vida dela.

- Aparente porque preencho estes momentos com pensamentos deliciosos, com boas memórias e lembranças, com música, com leituras...ou simplesmente fico olhando o céu e a noite, à procura de estrelas escondidas no céu claro da cidade.

Ela fitou-o e sorriu. Um sorriso maroto acompanhado de um olhar que lia seus pensamentos. Com o dedo indicador, tocou-lhe a ponta do nariz.

- Eu sei o que você está pensando seu bobo! Estes momentos são muito melhores quando você está comigo! Não se preocupe. Posso parecer estar só, mas muitas vezes tenho você no pensamento. – e o sorriso fácil tomou-lhe o rosto.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Pedaços pelo caminho

24 de setembro de 1983.

Boa conversa com Carlos Drummond de Andrade, pelo telefone. O poeta ainda se sente alquebrado com a operação a que se submeteu, há poucos dias, para ablação da próstata.

E ele me diz, na sua voz quase apagada:

- Para viver, depois de certa idade, temos de ir deixando os pedaços de nós mesmos pelo caminho
.”
(MONTELLO, Josué. Diário da Noite Iluminada. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1994, p. 419)

Deixar pedaços de nós mesmos pelo caminho. O poeta, com sua simplicidade mineira, fazia referência ao sentido físico da expressão. Ou talvez não!

No convívio diário, deixamos pedaços. Sementes lançadas ao vento, ou derramadas cuidadosamente no solo fértil para florescer. Sementes que brotam em forma de sorrisos, de uma palavra amiga, de um olhar carinhoso, de um abraço singelo, de um ouvido atento.

Pedaços íntimos da alma que o poeta desvenda em seus versos e rimas. Pedaços humanos nascidos de uma epifania única que se prolonga no tempo para os leitores.

Pedaços que um escritor utiliza para construir suas personagens, que hão de ser absorvidos por alguém em algum tempo em algum lugar. Não há data certa para que aquele ser fictício imaginado pelo autor venha a inspirar, a dar coragem, a mexer com um jovem – ou adulto, ou velho – que folheie o livro.

Pedaços todos nós deixamos ao longo da vida. Que estes pedaços sejam sempre bons e férteis!

Ontem fez 3 anos que Josué Montello faleceu. Ele deixou seus pedaços pelo caminho. Pedaços valiosos. Pedaços que tornam um momento rotineiro em momentos de descobertas.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Meme: 6 coisas


Recebi este meme da Fabíola já faz algum tempo e estava em falta.

As regras são:

- colocar o link de quem te indicou no meme selo, no teu blog;
- escrever essas 5 regras antes de seu meme para deixar a brincadeira mais clara;
- contar seis fatos aleatórios sobre você (essa é a proposta da brincadeira);
- indicar seis blogueiros para continuar a brincadeira;
- avisar esses blogueiros que eles foram indicados.

Vamos aos fatos aleatórios:

1. Caminhar - Adoro caminhar por ruas, praças. São Paulo, com sua geografia acidentada, não contribui muito com este hábito, mas gosto de explorar uma cidade a pé, caminhando sem pressa, observando, reparando. Geralmente, caminho pela rua totalmente absorto nos meus pensamentos. Várias vezes já cruzei com pessoas na rua sem que as notasse, reparando na pessoa apenas quando me chamam ou seguram no braço;

2. Café - Não passo um dia sem tomar um bom café expresso (espresso para os puristas italianos). Meu trajeto sempre inclui uma parada para um café. Gosto de café, mas notei que estas pausas acabam sendo um momento para respirar, um momento para ouvir meus pensamentos no meio da correria do dia.

3. Livros - Estou sempre cercado de livros. Quer sejam livros jurídicos - e a biblioteca do escritório é quase toda minha -, quer sejam livros de ficção ou não-ficção. Bastou um tempo livre, estou lendo. Quando um livro me cativa e prende então, até esqueço da existência da televisão.

4. Cavalos - Cresci convivendo com estes animais e sempre fui apaixonado por cavalos. Não importa a raça, não importa a modalidade. Os cavalos de corrida fazem parte da minha vida desde os 3 anos de idade. Meu avô tinha cavalos no Jockey, meus tios, meu sócio...enfim, a convivência é constante. Gosto de montar e já fiz equitação, na modalidade salto. Cheguei a ganhar algumas provas para iniciantes, mas bati o joelho num obstáculo e tive que ficar 6 meses parado. Com a lesão, acabei parando, mas basta viajar ao interior ou a algum lugar que tenha cavalos que serei o primeiro a montar.

5. Bom humor - Sou uma pessoa bem humorada. Dificilmente acordo virado ou de cara fechada. Não sou o bem humorado palhaço que chega fazendo piadinha e abraçando todo mundo; sou um bem humorado mais quieto, mais introvertido. Isto leva muitas pessoas a me acharem bravo, fechado, metido, o que é muito distante da realidade.

6. Silêncio - Preciso de um tempo de silêncio no final do dia. Algumas vezes uso o tempo no trânsito para ouvir e conversar com meus pensamentos. Rádio desligado no carro. Só eu diante de um "espelho" para refletir o interior. Gosto deste silêncio no final do dia. É algo que passei a sentir necessidade de uns anos para cá e que me faz muito bem.

Desta vez não vou fazer indicações. Continua a brincadeira quem quiser e se interessar.

domingo, 8 de março de 2009

Poesia: ADJETIVOS


ADJETIVOS


Falante
Pendular
Oscilante
Fascinante
Cativante
Elétrica
Estonteante
Confiante
Intensa
Complexa
Volúvel
Persistente
Corajosa
Discreta
Sorridente
Maternal
Independente
Solícita
Amiga
Derretida


Forte e Frágil
Hesitante e determinada
Inebriante e sedutora

Contraditória mulher
Dádiva divina
Escultura sem molde
Pincelada de beleza irreplicável
Seria tudo um desvario alucinógeno?
Apenas um olhar atento

Um olhar aguçado
Penetrante e intuitivo
Desta sua alma feminina
Que alegrias, sorrisos e palpitações me causam

Não te mando flores hoje
Mando elogios em forma de palavras
Em forma de infinitos adjetivos.


sexta-feira, 6 de março de 2009

quinta-feira, 5 de março de 2009

Sombra fresca

(c) Visão ao Longe


Sombra fresca por debaixo das tuas copas esverdeadas, que filtram o azul celeste e abraçam meu ser fatigado pelo calor. Sombra maternal da natureza que me convida a repousar nas tuas raízes que adentram o solo úmido. Frescor para fugir dos raios escaldantes do sol, de dias tórridos, mas não tão vibrantes e quentes como meu coração que arde em brasa viva.

terça-feira, 3 de março de 2009

Um livro e uma entrevista de emprego


Um leitor, ao manusear um livro novo, depara-se com o incerto, com a aura de mistério que a história narrada naquelas páginas guarda. Provavelmente leu a contracapa do livro, ou um resumo, ou uma crítica, mas serão as primeiras páginas que revelarão o sucesso ou não em cativar o leitor e conduzi-lo até o final. As primeiras páginas introduzem o personagem com suas características, caráter, manias, vícios, qualidades. Se o leitor for cativado por aquele ser abstrato, mas tão real que nos identificamos, prosseguirá pelos meandros da narrativa.

Em O Filho Eterno, de Cristovão Tezza, tive uma repulsa inicial ao protagonista. Orgulhoso e altivo, trata-se de um sujeito que se sente superior em relação a todos os mortais à sua volta. A forma como ele aborda o nascimento do filho me deixou indignado. Ressalto que não estou a fazer uma crítica do livro – muito bom e denso -, pois ainda não o terminei e creio que o escritor tinha exatamente este objetivo ao traçar seu protagonista.

A ojeriza que senti em relação ao personagem me fez pensar em quantas entrevistas de emprego realizei e quantas vezes descartei o candidato (ou candidata) nos primeiros 10 minutos de conversa, ou seja, nas primeiras páginas. Acho que um livro novo é como uma entrevista de emprego. Analisa-se a capa e um pouco do conteúdo que são descritos num currículo. Alguns – muito criativos – são rejeitados como aquelas capas de livros que mais parecem folhetins. Outros por sua vez, são tão sucintos que mal se pode deduzir algo acerca da pessoa. Há também uma série de obviedades que não deveriam mais constar de qualquer currículo – e faço questão de dizer isto ao entrevistado. Um exemplo refere-se aos conhecimentos de informática. De nada adianta a pessoa incluir no cv que é usuário de Word, internet Explorer e Windows. Aproveito para emendar a pergunta: "Você sabe usar o Excel? Sabe fazer uma planilha de atualização de conta de liquidação de sentença?". A resposta é negativa, quase sempre.


Vencida a etapa inicial, o personagem revela-se diante de meus olhos. Começam então os problemas mais básicos como postura, forma de falar, vocabulário, atitude e habilidade em dialogar. Parece óbvio o que escrevo? Pode ser, mas diria que estas qualidades são cada vez mais raras e difíceis de encontrar em alunos de faculdades de direito. Certa vez ouvi de uma candidata de uma excelente faculdade de São Paulo que ela tinha escolhido fazer direito, "porque Direito é punk, cara!" Não preciso dizer que a entrevista quase acabou naquele momento e quando ela foi embora soltei um "Valeu pelo papo!".

Quem sabe uma boa técnica para um candidato ter sucesso numa entrevista seja espelhar-se nos grandes escritores. É preciso saber o que revelar nas primeiras páginas do livro; é preciso saber o que revelar nos primeiros minutos de uma entrevista. Em tempos de crise, o candidato precisa cativar o recrutador com criatividade, sem repetir chavões e frases feitas. Pense como o escritor que revela traços do personagem de forma cadenciada, afinal ninguém precisa saber que você adora sair na balada e beber até cair, mas contar que você se relaciona muito bem com as pessoas mais diferentes e tem facilidade em se adaptar pode ser uma qualidade muito bem valorizada.