Um assunto puxa o outro e muitas vezes um comentário deixado por aqui leva a uma conexão com outro tema.
No sábado (1/05/2010), Miguel Reale Jr. publicou artigo no Estadão intitulado
Haydn ou BlackBerry. Narrou seu espanto diante de um sujeito que passou o concerto inteiro dedilhando seu BlackBerry, ao invés de desfrutar da sonata de Haydn. Trocou alguns momentos únicos de silêncio e recolhimento musical para continuar plugado ao mundo. O artigo lança a questão, a qual foi tema de diversos posts neste blog: "
E agora, como preservar a identidade do homem nesta nova coletivização dos espíritos? Sem jogar o BlackBerry pela janela, cumpre aprender com disciplina e resistência que o uso das ferramentas tecnológicas deve conviver com o silêncio, ao ouvir Haydn ou ao estar só, consigo mesmo. Cabe uma revolta do homem contra os dominadores insidiosos, para impedir a invasão constante de nossos domínios de exclusividade."
Em outras palavras, será que temos medo do silêncio? Será que a sociedade moderna tem ojeriza ao recolhimento interior, aos momentos de contemplação? Arrisco dizer que sim e vejo isto como algo negativo.
O silêncio permite o autoconhecimento, permite que ouçamos nosso interior, ensina-nos a ouvir e a refletir. Escritores, músicos e pintores encontram no silêncio o refúgio criativo. Qualquer escritor, ao discorrer sobre seu processo criativo afirma que o processo criativo é solitário, individual. A leitura é uma experiência silenciosa e individual. A discussão do livro pode ser coletiva, mas casa indivíduo tem uma expriência própria e peculiar ao ler determinada obra.
O silêncio é indispensável para criarmos leitores e indíviduos que saibam apreciar música, pintura e a arte como um todo.
No post
Criando Leitores, mencionei como o incentivo para as crianças é fundamental para que tenhamos novos e profícuos leitores. Leitores que saibam ler com qualidade, não somente em quantidade. A leitura qualitativa enseja uma melhora no vocabulário e na ortografia, auxiliando no desenvolvimento da criança. Um lugar adequado e silencioso é importante para que a leitura se torne um hábito, cultivado pelo indíviduo. O silêncio se faz presente.
O comentário deixado no post já havia me incitado a retomar o assunto. O artigo do Prof. Miguel Reale Jr. foi a confirmação do que já suspeitava: o assunto merecia mais um post.
Cultivemos o silêncio e dialoguemos com nossos pensamentos. Há um fantástico mundo interior a ser descoberto.