segunda-feira, 31 de maio de 2010

Microconto - III



- Onde encontras a inspiração? – perguntou com semblante perplexo, curioso, denotando um gota de ciúme.


- No reflexo dos teus olhos! – respondeu ele com um sorriso.



sexta-feira, 28 de maio de 2010

Lua, Lua





LUA,  LUA


Lua, lua altaneira
Numa noite de sexta-feira
Na névoa úmida
Na noite fria a nos admirar.

Olha-nos silenciosa
Jamais discreta, mas singela
Não muda de veste
mas transforma a noite
e os corações.
Acendes paixões
Inspira poetas e artistas.

Pacientemente
Debruçada na abóbada celeste
aguarda que a ela dirijamos o olhar, 
que dela nos lembremos,
que a admiremos
e sussurremos palavras. 
E que ela seja portadora
de palavras e pensamentos
E da certeza de ao avistá-la
o pensamento viaja para ti.





quarta-feira, 26 de maio de 2010

Livros na cabeceira



Tomado pelo trabalho, acabo por dedicar meu tempo de leitura aos contos. Por serem mais breves, permitem que as constantes interrupções com o trabalho noturno – minha lição de casa – não cortem a necessária atenção que um romance exige. Por vezes chego a ficar uma semana sem pegar no livro, o que me incomoda. Justificativas à parte, vamos ao que estou repousa na cabeceira.

1. Granta em português - volume 5

A última edição da versão brasileira da Revista Granta tem como tema a Família. Excelentes contos de autores brasileiros e estrangeiros, todos tratando do tema central. Além visões diferentes sobre um mesmo tema, funcionando como um prisma e instigando a criatividade do leitor que é convidado a refletir sobre um aspecto da realidade por diversos olhares.



Destaco o texto de Ronaldo Correia de Brito. O magistral conto remete-nos à infância, à relação pai e filho. O escritor brasileiro é um dos expoentes desta nova leva de escritores maduros, nos quais incluo Milton Hatoum, por suas características semelhantes, ou seja, um regionalista universal.


A Granta é indispensável para quem gosta de ler e para quem gosta de escrever.


2. Gente Pobre, de Fiódor Dostoiévski.

(Tradução Fátima Bianchi. São Paulo : Ed. 34, 2009)


A Coleção Leste da Editora 34 tem tradução cuidadosa e revela a genialidade dos escritores russos Este foi o primeiro romance de Dostoiévski, publicado em 1846, no qual o genial escritor revela uma grande capacidade de descrever as profundezas da alma humana.

Em Gente Pobre, o autor demonstra que a miséria exterior de seu protagonista não espelha o que lhe vai nas profundezas interiores. A crítica social é o tom do romance, assim como a dignidade humana dos mais pobres. Nas sutilezas das cartas escritas por Makar Diévuchkin, funcionário público em São Petersburgo, é possível perceber sua generosidade, seu afeto por Varvara Alieksiêievna, seu sacrifício, sua alegria mesmo diante das contrariedades enormes e da falta de meios materiais. A luta pela sobrevivência não embrutece Diévuchkin, mas traz à tona um ser digno e de grandiosidade espiritual.

O texto, como toda literatura russa, é denso e requer zelo, mas é sem dúvida ótima leitura para momentos de reflexão.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Microconto - II



Um certo dia resolvi te mandar flores. O sorriso se abriu, a alegria inundou minha alma e meu coração voltou a pulsar.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Mais comédia política

Dilma sobre futebol e sua famosa saudação: - Oi!



Dilma sobre cultura e suas leituras de final de semana.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O cômico horário político

Quinta-feira passada estava parado no trânsito, cruzando a cidade no horário do rush, quando minha música foi interrompida no rádio pelo horário político obrigatório. Muitos defendem o financiamento público de campanhas políticas e o horário político obrigatório, que é um daqueles resquícios do regime militar - como A Hora do Brasil. Interessante que nenhum partido é contra o horário político, pois tem interesse na sua manutenção e no acesso gratuito aos meios de comunicação.

Voltemos ao ponto.

Era dia de horário político do PT. De forma descarada, Lula fez campanha antecipada para Dilma, o que é ilegal. O horário político mais parecia propaganda eleitoral. Vamos aguardar para ver como o TSE se manifestará a respeito.

Não desliguei o rádio pois toda vez que Lula resolve falar, tenho certeza de que darei boas risadas. O ponto alto da propaganda do PT foi a comparação feita por Lula onde comparou a trajetória de Dilma à trajetória de Nelson Mandela. Cai na gargalhada! A comparação é grotesca e de uma imbecilidade ímpar.    Trata-se de mais uma simplificação estúpida engendrada pelo redator do texto, ou talvez, pelo próprio presidente. Reinaldo Azevedo já começou a chamar a candidata do PT de Dilma Mandela.

Não sei se as classes populares compreenderam a comparação, mas os mais esclarecidos devem ter achado curiosa a analogia, para não dizer ridícula. 

De fato, o horário político é cômico.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Microconto




Sempre flertei com os limites. Alguns fluidos, outros de grande rigidez. Nunca me arrependi de quebrá-los, apesar dos tropeços.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Minhas filhas vida acima, de Marina Colasanti


MINHAS FILHAS VIDA ACIMA

Minhas filhas não têm mais
vinte anos
e há muito
já não trançam mais os cabelos.
Usaram saltos altos antes do tempo
ganharam bicicleta
depois carro
e enfim puseram calcanhar no chão.
Agora crescem sem baixar bainhas
levando a vida às costas
vida acima.
Eu as olho do alto com ternura
estendo a mão
mas não escapo à sina
elas sobem a encosta
eu vou descendo a quina.

(Passageira em trânsito. Rio de Janeiro : Record, 2009, p.103)

A maternidade ao avesso, vista poeticamente pela mãe. Um dia após o dia dedicado a todas as mães deparei-me com este poema de Marina Colasanti. Mãe também. Lança nas linhas acima o olhar da mãe sobre as filhas que cresceram, e como ela desfrutam dos prazeres e das dores, das agonias e das alegrias de ser mãe.

A vida tem seus ciclos e a mãe reflete, feliz, sobre o início de um novo ciclo.

domingo, 9 de maio de 2010

Parabéns a todas as mães



Parabéns a todas as mães, presentes e ausentes!

Àquelas que estão conosco, o nosso carinho e agradecimento pela paciência todos os dias e pelo amor incondicional; àquelas que não estão mais neste mundo, a nossa oração e a certeza de que permanecem vivas na nossa memória!


quarta-feira, 5 de maio de 2010

Colagem silenciosa

Em rápida pesquisa, descobri que o silêncio foi tema de 73 posts neste blog. Merecia uma tag específica, mas não vou me dar o trabalho. O tema volta em forma de colagem. Uma colagem de links de posts deste e de outros blogs com a temática silêncio.

Poesia: Silêncio

Flerte com o silêncio

Crônica: Palavras Caladas

Silêncio, de Tantos Caminhos

[pensando alto] , do [entre tantas]

Descompasso, do Certo querer

Dos tantos outros em mim, do Sonhos Soprados

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Em defesa do silêncio



Um assunto puxa o outro e muitas vezes um comentário deixado por aqui leva a uma conexão com outro tema.

No sábado (1/05/2010), Miguel Reale Jr. publicou artigo no Estadão intitulado Haydn ou BlackBerry. Narrou seu espanto diante de um sujeito que passou o concerto inteiro dedilhando seu BlackBerry, ao invés de desfrutar da sonata de Haydn. Trocou alguns momentos únicos de silêncio e recolhimento musical para continuar plugado ao mundo. O artigo lança a questão, a qual foi tema de diversos posts neste blog: "E agora, como preservar a identidade do homem nesta nova coletivização dos espíritos? Sem jogar o BlackBerry pela janela, cumpre aprender com disciplina e resistência que o uso das ferramentas tecnológicas deve conviver com o silêncio, ao ouvir Haydn ou ao estar só, consigo mesmo. Cabe uma revolta do homem contra os dominadores insidiosos, para impedir a invasão constante de nossos domínios de exclusividade."


Em outras palavras, será que temos medo do silêncio? Será que a sociedade moderna tem ojeriza ao recolhimento interior, aos momentos de contemplação? Arrisco dizer que sim e vejo isto como algo negativo.

O silêncio permite o autoconhecimento, permite que ouçamos nosso interior, ensina-nos a ouvir e a refletir. Escritores, músicos e pintores encontram no silêncio o refúgio criativo. Qualquer escritor, ao discorrer sobre seu processo criativo afirma que o processo criativo é solitário, individual. A leitura é uma experiência silenciosa e individual. A discussão do livro pode ser coletiva, mas casa indivíduo tem uma expriência própria e peculiar ao ler determinada obra.

O silêncio é indispensável para criarmos leitores e indíviduos que saibam apreciar música, pintura e a arte como um todo.

No post Criando Leitores, mencionei como o incentivo para as crianças é fundamental para que tenhamos novos e profícuos leitores. Leitores que saibam ler com qualidade, não somente em quantidade. A leitura qualitativa enseja uma melhora no vocabulário e na ortografia, auxiliando no desenvolvimento da criança. Um lugar adequado e silencioso é importante para que a leitura se torne um hábito, cultivado pelo indíviduo. O silêncio se faz presente.

O comentário deixado no post já havia me incitado a retomar o assunto. O artigo do Prof. Miguel Reale Jr. foi a confirmação do que já suspeitava: o assunto merecia mais um post.

Cultivemos o silêncio e dialoguemos com nossos pensamentos. Há um fantástico mundo interior a ser descoberto.