segunda-feira, 10 de maio de 2010

Minhas filhas vida acima, de Marina Colasanti


MINHAS FILHAS VIDA ACIMA

Minhas filhas não têm mais
vinte anos
e há muito
já não trançam mais os cabelos.
Usaram saltos altos antes do tempo
ganharam bicicleta
depois carro
e enfim puseram calcanhar no chão.
Agora crescem sem baixar bainhas
levando a vida às costas
vida acima.
Eu as olho do alto com ternura
estendo a mão
mas não escapo à sina
elas sobem a encosta
eu vou descendo a quina.

(Passageira em trânsito. Rio de Janeiro : Record, 2009, p.103)

A maternidade ao avesso, vista poeticamente pela mãe. Um dia após o dia dedicado a todas as mães deparei-me com este poema de Marina Colasanti. Mãe também. Lança nas linhas acima o olhar da mãe sobre as filhas que cresceram, e como ela desfrutam dos prazeres e das dores, das agonias e das alegrias de ser mãe.

A vida tem seus ciclos e a mãe reflete, feliz, sobre o início de um novo ciclo.

Nenhum comentário: