quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Impressões sobre O Mar, de John Banville

Terminei de ler O Mar, de John Banville, por estes dias.

No site da Livraria Cultura, há uma sinopse do livro e a transcrição de uma crítica de Vinicius Jatobá publicada no jornal O Estado de São Paulo. Ao invés de resumir a trama, vou deixar minhas impressões do livro e comentar alguns trechos em outros posts.

Banville narra a estória de Max Morden e sua viagem a uma cidade litorânea na Inglaterra onde costumava passar as férias de verão. Naquela cidadezinha, conhece a família Grace: os gêmeos Myles e Chloe, os pais Carlo e Connie, e a governanta Rose. O relacionamento de Max com os Grace mostra um período de descobertas variadas, típicas da fase de crescimento do mundo infantil para o mundo adolescente. Uma mistura de sentimentos, de experiências, de vivências se desenrolam.

Em paralelo, Max conta de seu convívio com a mulher, Anna e de seu relacionamento com a filha.

A narrativa oscila entre o presente e o passado, dando uma impressão de lentidão, de que estória não caminha, mas que apenas momentos desconexos são lançados no papel. É preciso persistir na leitura para descobrir o porquê desta forma narrativa. Nas páginas finais, descobre-se aonde Banville quer chegar e tudo se clareia.

Tive a nítida impressão de que a narrativa reflete a memória esfumaçada, enevoada. Fatos e eventos são lembrados - por vezes com muitos detalhes, por vezes com detalhes confusos - de formas variadas, mas estas peças do quebra-cabeça somente se encaixam no final do livro. Talvez o livro retrate um emaranhado de peças que precisam ser encaixadas, descortinando a figura final somente no epílogo. É uma linda metáfora da vida e da transitoriedade da vida.


A morte e a dor da perda são presenças constantes no livro, razão pela qual Max volta à cidadezinha de veraneio. Tenta reconciliar-se com o passado, entender o que aconteceu e como sua vida mudou nestes anos. Max precisa reencontrar-se para seguir em frente e perceber que a vida é um constante caminhar.

Não é um livro que flui com facilidade e tive uma certa dificuldade em caminhar pelas primeiras 100 páginas, mas fiquei contente de ter chegado ao final. É um livro que somente se aprecia quando se termina, um livro que faz pensar, um livro para ser degustado. Banville tem uma prosa muito delicada. Por vezes os detalhes parecem cansativos, mas na figura macro, estes detalhes fazem muito sentido e permitem ao leitor inserir-se no mundo de Max Morden.

Minha impressão final é que é um livro para ser degustado, com calma, com paciência. Não é um best-seller, mas uma deliciosa obra para quem busca um livro que incite a reflexão.

Um comentário:

Gabriel Meneses disse...

Eu também acabei de ler O Mar e concordo consigo em todos os pontos, é um livro simplesmente fantástico, no final tudo fazia sentido, tudo era razão de ser. Gostei do livro e recomendo, mas como disse este livro tem que ser lido até ao fim e tem que se ter paciência. Continue a ler.