Depois de
28 dias e uma incisiva interferência da Jusitça, acabou a greve dos correios. Trata-se
da segunda greve em poucos anos desta empresa que já foi uma referência em
qualidade de serviços e confiança da população. Aliás, por ser monopólio
estatal, o cidadão não tem escolha quando precisa enviar uma correspondência.
Eis aí o principal argumento contra a violência perpetrada por um grupo de
lideranças sindicais contra todos brasileiros.
Ao julgar a greve abusiva, o Tribunal Superior do Trabalho
fez afirmações fortes sobre o abuso do direito de greve, da necessidade de uma
reforma sindical urgente e de se acabar com fontes compulsórias de
financiamento da atividade sindical em detrimento do salário dos trabalhadores,
da briga entre empresa e sindicalistas em prejuízo de um país. As manifestações
dos ministros do TST no julgamento são um indicativo do descaso e da omissão do
governo no que tange à regulamentação do direito de greve do funcionalismo
público, da reforma da legislação trabalhista e sindical e de um amplo sobre a
atividade dos correios.
Esta greve foi um evento que deixou muito claro que
sindicalistas estavam pouco se lixando para a população prejudicada com a falta
de prestação de serviços pelo correio. Contas não chegaram pelo correio e quem
arcará com as multas? Os devedores. Seria interessante se algum juiz condenasse
o sindicato e a os correios a arcarem com as multas destas faturas que deixaram
de ser pagas por culpa deles. O raciocínio é muito claro: se somente os
correios podem prestar este serviço no Brasil, então devem ser
responsabilizados pelos danos causados em sua omissão ao prestar o serviço.
Creio que com a atual qualidade dos serviços e os preços
cobrados é hora de se reavaliar este monopólio estatal. Os correios foram o
ponto de partida de um dos escândalos de propina do governo Lula e revelam-se
como um instrumento de renda partidária sem qualquer interesse em melhorar o
serviço prestado. Por exemplo, por que os correios gastam dinheiro em
propaganda se prestam um serviço monopolista? O dinheiro gasto em publicidade poderia servir para melhorar
o salário dos funcionários.
O governo, por sua vez, desde a eleição de Lula, cedeu
espaço demais aos sindicatos que tratam a coisa pública como parte de seu
território feudal, brigando por ministérios, conselhos de empresas estatais e
cargos em agências reguladoras. O interesse dos empregados fica em segundo
plano. Líderes sindicais são um exemplo de lideranças que nunca trabalharam na
vida, salvo em interesse próprio disfarçado de argumento público em prol dos
direitos dos trabalhadores.
As greves de servidores públicos deveriam servir de reflexão
para a população sobre a qualidade dos serviços prestados e sobre a forma como
nos tornamos reféns de lideranças pelegas que impõem sua vontade sobre uma
maioria manipulada.
O Judiciário Federal ameaça entrar em greve há 2 meses.
Parece que agora a greve será iniciada. Milhões de processos ficaram parados.
Quem será prejudicado? O cidadão que espera a liberação de um reajuste da
aposentadoria; uma empresa que tenta restituir impostos pagos a maior ou que
aguardam na fila interminável dos precatórios; ou ainda de alguma pessoa que
necessite recorrer à justiça federal por algum motivo qualquer.
Vale lembrar que em ambos os casos – correios e justiça
federal – os funcionários são concursados e com estabilidade. No caso do judiciário,
os salários são os mais altos do poder judiciário no Brasil quando comparados com os salários dos judiciários
estaduais. Além dos 30 dias de férias, gozam de 20 dias de recesso no final do
ano. Os benefícios são incontáveis quando comparados com qualquer trabalhador
mortal que não seja um privilegiado de ter passado num concurso para o serviço
público federal. Se a situação é tão ruim, por que não se demitem e vem tentar
a sorte na iniciativa privada?
Palpitar sobre como
conduzir a política econômica dos outros países, isto Dilma sabe fazer;
governar seu país e mostrar pulso no atendimento dos anseios da população, isto
ela não sabe. No jargão popular, Dilma viaja na maionese, aqui e lá fora.
Calou-se – o que parece ser a única coisa que Dilma, a muda sabe fazer – num momento
em que ela e seus ministros deveriam ter prestado contas à sociedade. Era
necessária uma atuação do governo para encerrar a greve. O governo nada fez,
afinal eram companheiros que estavam reclamando. A greve mostrou que o poder público
foi loteado neste país e os cidadãos foram relegados ao ocaso. Este é mais um
legado do governo Lula e do PT.