Tenho o hábito de grifar e marcar frases que me agradam em livros que leio. Algumas vezes são anotações de estilo; outras vezes correções de erros de ortografia ou imprecisões nas traduções; muitas vezes, uma ideia sobre um tema que me interessa ou que no futuro possam vir a integrar um post nest blog.
Na semana passada, meio corrido e sem abundância de inspiração, abri Nada, cuja capa ilustra este post, a esmo e dei com o trecho que iniciou o último post. O trecho foi se repetindo mentalmente, como uma música que insistimos em cantar, e à noite, naqueles momentos de silêncio, pouco antes de adormecer percebi como o acaso é providencial. Estas obras do acaso me espantam de forma positiva.
Foi Shakespeare, em Macbeth, que escreveu que “o sono é a morte diária.” Parece que naqueles momentos de silêncio os eventos do dia são repassados, como se nos despedíssemos da lucidez e nos preparássemos para mergulhar no inconsciente dos sonhos. Este período, curto, permite que deixemos o pensamento voar e as ideias parecem ficar mais claras, vivas com uma lucidez aguçada, parodoxal com o estado ébrio do sono que se aproxima.
A aproximação do final do ano – e a distância do último período de férias – parecem revelar um cansaço mental que não tinha me dado conta. Não são as grandes contrariedades e desafios que irritam; mas os pequeninos problemas do dia a dia que parecem crescer e se apresentam fantasiosamente maiores do que a realidade os revela.
Perdoem-me pela repetição, mas vida tem sua rotina repetitiva, como as estações, como os sentimentos, como o calendário. A repetição pode lançar uma nova forma de ver e olhar.
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