terça-feira, 15 de abril de 2008

Travessia Pessoana

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

Fernando Pessoa


"Quem somos nós? Navios que passam um pelo outro na noite,
Cada um a vida das linhas das vigias iluminadas
E cada um sabendo do outro só que há vida lá dentro e mais nada.
Navios que se afastam ponteados de luz na treva,
Cada um indeciso diminuindo para cada lado do negro
Tudo mais é a noite calada e o frio que sobe das águas."

Álvaro de Campos
(Poemas de Álvaro de Campos. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1999, p. 356)


Rasgar os grilhões que nos prendem ao passado, aventurar-se a desbravar novos mares. Não precisamos voltar aos tempos dos grandes descobrimentos para empreendermos novas jornadas. Novas jornadas podem ser jornadas interiores. Quebrar com o passado, sim! Desprender-se, inovar, renovar, seguir diante de uma realidade percebida. Há horas em que não adianta insistir, em que é preciso romper com um peso que carregamos nos ombros. Coragem!


A travessia pode ser um simples gesto, mas que custa, que dói, que machuca. Desvencilhar-se de algo que nos enraiza ao chão de tal forma que nos tornamos imóveis. Nesta travessia da vida, há atos que exigem coragem, ainda que simples. E todos temos a coragem para estas travessias! Talvez ela esteja dormente, mas ela existe no coração de cada um.

2 comentários:

Anônimo disse...

As vezes eh preciso...gritar, romper...percorrer outros caminhos.......escandalizar se preciso for..

Beijos , Flores e Estrelas...

Fabiola disse...

Renato:

caiu como uma luva para mim
Como vc advinhou
bjocas