LA VAGUE - Renoir
Laurana poderia ser descrito como o típico homem tímido, que vive debaixo da saia da mãe, talvez um ser fácil de ser encontrado na Itália dos anos 60. O "filhinho"querido da mamãe, aparentemente um coitadinho, aparentemente um oprimido pela mamma italiana. Mas por detrás desta aparente timidez, esconde-se um covarde, um homem paralisado pelo medo, um acomodado. Palavras fortes? Talvez, mas paremos um pouco para pensar. O tímido é antes de tudo um covarde, uma pessoa que tem medo de revelar-se diante dos outros, do que os outros vão pensar. O tímido não se convenceu do seu valor individual, valor que existe em cada um de nós, de formas diferentes.
Nâo me refiro a uma timidez que todos nós temos, afinal somos humanos, àquela timidez que nos deixa vermelhos e envergonhados, mas sim a uma timidez que petrifica e inibe a ação humana. A timidez que paralisa é um problema que precisa de apoio psicológico para ser vencida. Laurana é um homem medroso. Tem medo de se revelar, de mostrar-se, tem medo de enfrentar a mãe - o que revela demasiado comodismo - , e tem medo de compromisso. Aqui é um ponto nevrálgico que amendronta muitos homens.
"(...) Quanto à vida privada, era considerado uma vítima do afeto exclusivo e ciumento da mãe; e assim era. Chegando aos 40, ainda guardava dentro de si o desejo e o amor secreto por alunas e colegas que não percebiam nada ou mal se davam conta disso; e bastava que uma jovem ou uma colega demonstrasse corresponder ao seu interesse, para que ficasse logo gelado. A lembrança da mãe, do que teria dito, do juízo que externaria sobre a mulher escolhida por ele, da eventual convivência entre as duas mulheres, da possível decisão de uma delas naão querer a companhia da outra, sempre intervinha para apagar as paixões efêmeras; (...)" (A cada um o seu. Leonardo Sciascia. Rio de Janeiro : Objetiva, 2007, p. 38)
Esta é a descrição do perfil Professor Laurana, protagonista de A cada um o seu, de Leonardo Sciascia. Atenho-me a este trecho, que não revela o final da estória, nem tampouco compromete o interesse do leitor, para sair por uma tangente e abordar um assunto que me desperta especial interesse: o medo.
Esta é a descrição do perfil Professor Laurana, protagonista de A cada um o seu, de Leonardo Sciascia. Atenho-me a este trecho, que não revela o final da estória, nem tampouco compromete o interesse do leitor, para sair por uma tangente e abordar um assunto que me desperta especial interesse: o medo.
Interessante que escrevi este post há pouco menos de 1 mês, e com a correria, ele ficou guardado, esperando que me lembrasse dele. Depois de trazer as palavras de Fernando Pessoa, lembrei do nosso Professor Laurana, pois a travessia exige coragem.
Laurana poderia ser descrito como o típico homem tímido, que vive debaixo da saia da mãe, talvez um ser fácil de ser encontrado na Itália dos anos 60. O "filhinho"querido da mamãe, aparentemente um coitadinho, aparentemente um oprimido pela mamma italiana. Mas por detrás desta aparente timidez, esconde-se um covarde, um homem paralisado pelo medo, um acomodado. Palavras fortes? Talvez, mas paremos um pouco para pensar. O tímido é antes de tudo um covarde, uma pessoa que tem medo de revelar-se diante dos outros, do que os outros vão pensar. O tímido não se convenceu do seu valor individual, valor que existe em cada um de nós, de formas diferentes.
Nâo me refiro a uma timidez que todos nós temos, afinal somos humanos, àquela timidez que nos deixa vermelhos e envergonhados, mas sim a uma timidez que petrifica e inibe a ação humana. A timidez que paralisa é um problema que precisa de apoio psicológico para ser vencida. Laurana é um homem medroso. Tem medo de se revelar, de mostrar-se, tem medo de enfrentar a mãe - o que revela demasiado comodismo - , e tem medo de compromisso. Aqui é um ponto nevrálgico que amendronta muitos homens.
O medo se manifesta de formas sutis e algumas vezes exige um esforço enorme para ser superado. Toda mudança traz consigo o medo. O incerto, o futuro, o imprevisível. Tudo isto está associado a um pouco de medo. Há o medo de reconhecer erros, de olhar para dentro de si e olhar de frente para problemas e defeitos.
A coragem não está em vencer, mas em enfrentar o medo. O covarde definha diante de um obstáculo qualquer da vida, mas o corajoso (ou a corajosa) segue em frente, mesmo tremendo, mesmo apavorado.
Nâo vou divagar mais, mas gostei do trecho de Leonardo Sciascia. Um pequeno trecho, mas com a precisão de um grande escritor.
2 comentários:
Viver com medo....eh viver pela metade!
Olá Renato,
Concordo plenamente contigo. O medo é natural do ser humano, o importante realmente é saber o que o provoca e lutar contra ele ou vencê-lo.Nõ considero a timidez um defeito e até lhe encontro um certo encanto mas quando essa timidez não castra as nossas acções.
Um beijinho e mais uma vez...é um prazer voltar aqui!
Postar um comentário