sábado, 30 de julho de 2011
Placas por aí
Postado por
Renato
às
10:53 PM
1 comentários
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
Brasil,
cotidiano,
língua portuguesa
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Modelos, títulos e crítica
Há certos títulos de post que não condizem rigorosamente com o conteúdo. Ao longo destes 4 anos, desde que o blog começou, aprendi que certos títulos conquistam o mago Google em suas ferramentas de busca e trazem desavisados até aqui. O marketing faz parte do negócio, mas quero voltar à entrevista de VS Naipaul e sua opinião sobre modelos de escrita, além de aproveitar para abordar os comentários.
Primeiramente, sei que o título não condiz exatamente com o teor do post. Agi deliberadamente na tentativa de instigar o leitor a evitar o modelo pronto, a experimentar, a ousar. Naipaul revela que não teve um modelo de escritor para seguir. Qualquer trabalho realizado do zero exige maior esforço e o ser humano é preguiçoso por natureza, busca sempre o caminho mais fácil. Escrever não é fácil. Talvez seja fácil apenas para o Gabriel Chalita, aquele deputado federal que publica livros com uma velocidade incrível e jamais vista no mundo civilizado.
Voltemos ao ponto.
Fugir dos modelos é difícil. Tento, por vezes, experimentar novas formas e estilos de escrita. Este blog é um pouco do meu laboratório. A poesia dá ao escritor a liberdade plena de forma. O post Sábado, um pequeno poema, é um brincadeira com as palavras e versos conhecidos. Uma pitada de Vinicius de Moraes, uma pitada de Drummond e surgiu o poeminha. Grandes escritores conseguem exatamente isto: livrar-se de modelos.
A construção de novas formas e estilos se dá exatamente com a crítica, com o questionamento, com a transgressão linguística. Guimarães Rosa foi um transgressor. Ferreira Gullar é um transgressor. E tantos outros que deixaram sua marca e contribuíram para o enriquecimento da literatura e da arte. Estes souberam jogar no lixo os modelos e seguiram seu caminho, abrindo uma nova trilha na mata fechada.
O título do último post é uma provocação e deixará revoltado algum infeliz que por aqui passar em busca do caminho fácil para produzir um bom texto. Desculpe-me, mas caminho fácil para produzir um bom texto não existe. O bom texto surge de muito pensar e pensar dá trabalho. Quem sabe não seja este o modelo para a boa escrita: pensar e pensar! Algo que faz muita falta nos dias modernos.
Postado por
Renato
às
12:06 AM
0
comentários
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
cotidiano,
escrita,
literatura,
opinião,
textos
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Modelos para a escrita
Sabático: O senhor diz que um jovem escritor francês ou inglês teria encontrado inúmeros modelos nos quais se inspirar. Nascido em Trinidad, o senhor não os teve, o que lhe levou a ser um escritor intuitivo. Foi uma vantagem ou uma desvantangem?
Ambas, creio eu. É uma vantagem ter modelos maiores para inspirá-lo, no entanto de alguma forma eles o limitam. Essa é uma questão muito difícil, mas uma excelente reflexão, sobre a qual não tenho todas as respostas.
(V.S. Naipaul em entrevista concedida a Andrei Netto, no caderno Sabático do Estado de São Paulo, 23 de julho de 2011, p. S5.)
Postado por
Renato
às
9:19 AM
1 comentários
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
epígrafe,
escrita,
literatura,
pensamentos,
textos
sábado, 23 de julho de 2011
Sábado
SÁBADO
Bom dia
dia bom.
Por quê?
Porque hoje é sábado
E não há pedras no meio do caminho.
Bom dia
dia bom.
Por quê?
Porque hoje é sábado
E não há pedras no meio do caminho.
Postado por
Renato
às
11:33 AM
2
comentários
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
cotidiano,
literatura,
poesia,
textos
terça-feira, 19 de julho de 2011
Música no Museu
Neymar Dias e convidados no Música no Museu
Resolvi seguir minhas reflexões e partir do mundo das ideias para o mundo da prática. Domingo de manhã de sol e pela primeira vez fui a um concerto no Museu da Casa Brasileira. Localizado na Av. Brig. Faria Lima, 2705, numa área nobre de São Paulo, o museu está instalado no antigo Solar Fábio Prado. Há um enorme jardim no fundo da casa com espaço para as crianças correrem, apreciarem as árvores e algumas esculturas.
O projeto denominado Música no Museu é o prato chefe nos domingos às 11 horas. São espetáculos musicais sob a coordenação de Carmelita Rodrigues de Moraes que "buscam traduzir a diversidade musical". O programa está no site e no mês de julho privilegiam a música instrumental brasileira, mas aspectos regionais. Neste último domingo, houve apresentação de Neymar Dias e convidados, tocando viola caipira. Os eventos são gratuitos e não é preciso reservar lugar, nem pegar senha.
Dizem que a capacidade de surpreender-se diante de coisas novas é sinal de uma alma jovem. Pois bem, fiquei encantado com o espaço, a música e as pessoas que ali estavam. São Paul tem este lado mágico de oferecer incontáveis opções culturais, basta procurar.
Sou um curioso e gosto de degustar coisas novas. Gosto de agregar com novas experiências, sejam elas musicais, literárias, visuais ou gastronômicas. No fundo, tudo contribui para o aumento do arsenal para escrever, mas também abre novos horizontes. A música tem o condão dar asas a imaginação, de incrementar a memória com associações e imagens mentais.
Ao escrever o último post, percebi que precisa ouvir algo novo e mostrar aos pequenos - meus filhos - que há muita diversidade musical e que a cultura enriquece o ser humano. Eles reclamaram no início, mas no final gostaram no programa diferente.
Fica a dica e trata-se de um programa para todas as idades, não só para adultos.
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Audiência
Audiência s.f. (...) 3. Sessão de tribunal na qual se ouvem as partes, as testemunhas e julgam-se as causas.
(Dicionário Escolar da Língua Portuguesa. Academia Brasileira de Letras. 2ª. ed. São Paulo : Companhia Editora Nacional, 2008.)
Curioso como uma palavra faz parte de nosso cotidiano e de repente, num dia qualquer sem mais nem menos, esta palavra revela-se com todo seu sentido. Participar de audiências é da rotina do advogado. Na maioria das vezes, pouco se ouve, pouco se discute e pouco se concilia. Muitas audiências são inúteis e servem para cumprir uma exigência processual. Ontem foi diferente.
Um sujeito, com deficiência visual, ajuizou uma ação reclamando danos morais por não ter conseguido assistir a um show musical como esperava. Durante quase meia hora, tentei convencer o autor da ação a fazer um acordo. Ele não aceitou e insistiu que tinha direito a ser indenizado pelo dano moral que lhe fora causado - ou pelo menos ele acha que sofreu um dano moral.
Saí com a clara sensação de que o autor é uma pessoa revoltada com sua deficiência, uma pessoa que tenta se aproveitar de sua condição, fazendo-se de vítima. Há tantos exemplos de superação e de força de vontade que levam seres humanos a realizar todo seu potencial independentemente de sua condição física ou financeira. São inúmeros os exemplos que inspiram e que provocam mudanças positivas nas pessoas de sua convivência. A lista seria infindável. Batalhas contra o câncer e outras doenças, pessoas que sofrem acidentes, deficientes com feitos heróicos nos esportes e na produção científica. Para estas pessoas, o obstáculo é parte do caminho, mas jamais uma barreira.
Mas o autor insistia que não havia conseguido VER o show de música. Ora, música não é para ser vista, mas ouvida, assim como uma audiência é uma sessão onde o juiz ouve as partes. Não há necessidade da visão para se realizar o ato, nem há necessidade da visão para apreciar integralmente a música.
Ao final de minhas tentativas frustradas para chegar a um acordo, concluí que o autor da ação não sabe o verdadeiro escopo da música, cuja beleza não é visual, mas sonora, e esta sonoridade é alimento intenso para o espírito. Pobre do sujeito que não compreendeu a essência desta arte.
Postado por
Renato
às
4:28 PM
0
comentários
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
cotidiano,
crônica,
música,
pensamentos,
textos
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Dias frios
Dias frios têm sido estes das recentes semanas que parecem até congelar a inspiração, escondida debaixo de cobertas bem quentinhas, sem querer sequer botar o nariz para fora. Não sei se é a inspiração que se esconde ou se são os dias mais curtos, o céu cinza, os rostos sisudos e quase cobertos por cachecóis, gorros e chapéus. Dias quase tétricos, onde a luz solar faz falta. Mas parece que este ano está mais frio. Ou o frio parece mais constante.
Parece. Sim, reforço a subjetividade da impressão, pois a memória em temas climáticos é falha e imediatista.
Cheguei à conclusão que sou uma pessoa de clima tropical. Gosto do calor, gosto do sol, gosto dos dias longos. Gosto da luminosidade do inverno e do outono, mas prefiro o sol escaldante do verão e do conforto do ar condicionado. Prefiro as roupas mais vibrantes e coloridas ao tons neutros e soturno do inverno. Prefiro dormir com ventilador ligado a me enfiar embaixo de várias camadas de cobertores. Prefiro o frio só como destino de férias. E por curto espaço de tempo.
Postado por
Renato
às
11:13 PM
0
comentários
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
cotidiano,
pensamentos,
tempo,
vida
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Barcelona dos cinco sentidos
Palau de la Música Catalana, Barcelona
Até um ano atrás a viagem exigia um escala com troca de aeronave, sendo que a primeira parte durava longas doze horas. Na parte final do voo, para coroar o longo trajeto, minha filha e algumas outras pessoas passaram mal gastando o estoque de saquinhos coletores de vômito do Airbus 340 da Lufthansa com destino a Munique.
Em solo, o primeiro choque cultural. A passagem pela imigração foi tranquila e sem demoras. As instalações do moderno flughafen são amplas, com muita luz natural e arquitetura arrojada. A sensação de estarmos em outro mundo foi sentida de imediato, além da óbvia língua alemã com a qual não tenho a menor intimidade e cuja sonoridade lembra mais um longo desfiar de impropérios do que uma conversa amena. No terminal de embarque exclusivo da Lufthansa, não faltavam cadeiras e conforto, nem houve aquela ridícula troca constante de portões de embarque patrocinada pela nossa Infraero em todos os aeroportos brasileiros. Havia jornais do dia distribuídos gratuitamente e uma máquina de café e chocolate quente sem que houvesse cobrança pelas bebidas. Tudo organizado, limpo, bem cuidado.
Desde pequeno, sou fascinado por voar. Adoro voar e adoro passar horas nos aeroportos, explorando, vendo os aviões, observando os passageiros. O trajeto até o destino é para mim uma experiência divertidíssima. Devo confessar, porém, que ultimamente viajar de avião deixou de ser prazeroso e se transformou num suplício, com as poltronas apertadas e pouco distantes, serviço de bordo sofrível e nenhum benefício adicional, como aqueles antigos kits de higiene pessoal que o passageiro recebia no voo internacional. Os tempos são outros e agora dê-se por satisfeito se o voo sair no horário.
Voltando à estrada principal após um pequeno – mas necessário – desvio, decolamos para Barcelona. Uma vista fantástica dos Alpes num dia ensolarado e de céu claro, com sol refletindo dos picos cobertos de neve, fez parte do trajeto. Um dos pequenos ficou maravilhado, enquanto a outra sofria ainda com os efeitos da náusea que lhe afligia.
Barcelona, capital da Catalunha, é uma cidade em constante transformação e ebulição. Disseram-me que vinte dias seria muito e que me cansaria, pois a cidade não oferece tanto assim. Discordo efusivamente e retornaria para mais vinte dias por lá sem pensar duas vezes, ou melhor, fugiria do inverno brasileiro para aproveitar o verão catalão.
Barcelona no verão é invadida por turistas de todos os cantos, principalmente europeus do leste em busca de praia e de um pedacinho do Mediterrâneo, que parece uma grande lagoa salgada, de águas calmas e quentes. A mistura de povos, visitantes e residentes, permite ao turista vivenciar e explorar a vida local naquele canto ao leste da Espanha sem destoar do cenário.
O calor é seco e não incomoda quem opta por caminhar a maior parte do dia. Gosto de explorar as cidades caminhando, observando, com liberdade para parar em lojas, livrarias, bares e restaurantes. Um guia de bolso é elemento indispensável em qualquer viagem, pois chama a atenção para locais que poderiam passar despercebidos. Um prédio histórico, uma praça onde determinado fato ocorreu, um restaurante onde Picasso costumava almoçar e encontrar com outros artistas, um mercado renovado e cujo telhado em formas curvas lembra um campo florido ao balançar do vento. Uma boa pesquisa do destino garante esta imersão completa. Sou daquelas pessoas que gosta de aproveitar o tempo degustando o local, extraindo de cada passeio elementos culturais que vão compor minha bagagem na volta, sorvendo o ambiente urbano que dá o tom característico e único de cada cidade, como uma marca d’água indelével.
A estética arquitetônica é instigante em Barcelona. O olhar fica irrequieto, varrendo o cenário sempre a se maravilhar com algo diferenciado e inovador, saltado da prancheta de um famoso arquiteto. A Igreja da Sagrada Família, os edifícios projetados por Gaudí, o Parque Güell, a Torre Agbar e tantos outros edifícios e construções que marcam Barcelona como um showroom vivo e concreto da arquitetura.
A visão, porém, não é o único sentido a ser agradado pela cidade. O paladar e o olfato também são muito bem tratados. Nos pequenos bares e restaurantes, uma mistura de aroma de alho misturado com a fumaça de cigarro permeia o ar. Decidira que pararia de fumar nesta viagem e aquele cheiro de tabaco era um pequeno consolo para um – agora – ex-fumante. Os temperos e condimentos ressaltam o paladar dos produtos vindos do mar, verdadeiro banquete para quem gosta de pescados e frutos do mar. Servidos a la plancha, ou seja, cozidos na chapa com alho, cebola, sal e pimenta do reino, chegam fumegantes à mesa sem que o gosto seja mascarado pelos condimentos. E vale lembrar que os preços, com a crise na Europa, deixam qualquer boteco de São Paulo parecendo um roubo diante do preços praticados por lá. A Europa deixou de ter preços proibitivos e passou a ser um destino acessível.
Tapas podem ser encontradas em diversos locais da cidade e são um convite a pular de bar em bar. Saborosas, variadas e criativas, as tapas provocam novas sensações gustativas, brindando o paladar com uma explosão de sabores. Ciutat Comtal é um destes formidáveis lugares. Localizado na Rambla de Catalunya, 18, paralela da Passeig de Gràcia, charmosa avenida onde se localizam as lojas de grifes internacionais, o restaurante fica movimentado o dia todo até altas horas da noite, pois os catalães geralmente jantam após as 22 horas.
No Palau de la Música Catalana, a audição é o sentido premiado. Localizado no Bairro Gótico, próximo ao restaurante Els 4 Gats, frequentado por Picasso e pela classe artística de outrora, o grande templo musical foi construído entre 1905 e 1908 por Lluís Domènech i Montaner. No dia de minha visita, Paco de Lucía seria a estrela da noite. O mais renomado guitarrista espanhol, mestre do flamenco com sua batida peculiar que nos remete a imagens de castanholas e uma donzela a dançar com um vestido em negro e vermelho, faria a primeira de uma série de apresentações. Era a última noite em Barcelona e tive que me contentar com a aquisição de um CD duplo de um show que mais se assemelha a uma generosa antologia musical do artista.
A cidade espraia-se entre as montanhas e o mar e pode ser contemplada por inteira do alto de Montjuïc. Um forte utilizado com ponto de resistência durante a Guerra Civil Espanhola, agora convida o indivíduo a olhar pacificamente, a sonhar e a deixar a imaginação viajar. O vento que sopra acaricia o rosto como a pedir que o visitante não se vá, abraçando-o com afeto e convidando-o a voltar sempre. O tato é contemplado coroando o festival de sensações que uma verdadeira viagem deve proporcionar.
Seria Montjuïc o ponto final da viagem? Não, apenas uma pausa para sintetizar e arrumar na bagagem da memória tudo que foi descoberto e tudo que se enriqueceu nestes dias. Nestas linhas não coube tudo e nem poderia caber tudo. Os sentidos agraciados com a fantástica Barcelona nada mais são do que uma forma de enlevar o espírito e nutrir a memória com uma carga cultural renovadora e inolvidável.
(Convidado a escrever sobre viagens, nasceu este post sobre Barcelona, que visitei no ano passado. Mais sobre posts sobre o tema podem ser localizados nas tags Barcelona e viagem).
Assinar:
Postagens (Atom)