segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Falando de Museus

A reportagem é da coluna Avant-Première do caderno de Fim de Semana do Valor Econômico. Quem assina é João Bernardo Caldeira e Robinson Borges. Comento no final.

"Cor-de-rosa

A visita aos museus paulistas é um programa majoritariamente feminino. É isso o que constata uma pesquisa do Observatório de Museus e Centros Culturais realizada em 13 instituições de São Paulo. O levantamento mostra que 62% de seus visitantes são do sexo feminino. No Rio, entretanto, um estudo similar identifica que em alguns museus o público masculino chega a ser superior ao feminino.

Fala garoto!

Dos 13 museus de São Paulo investigados pelo Observatório, o Museu de Arte Moderna (MAM) foi o que recebeu público mais jovem, com maior presença de visitantes entre 15 e 19 anos (18,4%) e de 20 a 24 anos (27,7%).

Canudo

A pesquisa verificou ainda que os visitantes de museus têm escolaridade acima da média da população em geral: 79,9% têm ensino superior completo ou incompleto, sendo 14,2% deles com pós-graduação. Na Região Metropolitana de São Paulo, apenas 17% da população têm superior incompleto ou completo."

Sintetizando: quem vai a museu em São Paulo é quem tem maior nível de escolaridade, e por conseqüência, maior poder aquisitivo. Isto pode ser visto como um diagnóstico interessante: há necessidade de maior divulgação dos museus para o público de escolaridade mais baixa. Importa não só divulgar, mas também criar visitas guiadas para explicar mostras e exposições. Muitas pessoas sentem-se inibidas de visitar um museu porque acham que não vão entender o que ali se encontra. A divulgação e a informação poderiam inverter os percentuais de visitantes encontrados na pesquisa.

Outro ponto que parece óbvio: quem tem mais conhecimento e informação, busca sempre mais conhecimento e aperfeiçoamento. Pessoas com nível superior completo ou incompleto são mais curiosas e destemidas na busca de cultura. Trata-se do "consumidor" tradicional de cultura, em todas as suas versões. É este o público que lê, que ouve música, que visita exposições de arte, que vai a museus.

A pesquisa mostra que a disponibilidade de cultura existe para toda a população, mas muitos se desinteressam por ela. Uma ampla campanha de divulgação nas escolas públicas, por exemplo, poderia atrair um novo público aos museus, que por sua vez, teria sua curiosidade aguçada. Este "despertar" da curiosidade pode conduzir o jovem a continuar seus estudos e buscar mais informação. A democratização da cultura tem uma contribuição fundamental na criação de um círculo virtuoso de aumento da escolaridade da população brasileira.

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