terça-feira, 25 de novembro de 2008

Crônica: Sorriso

No rosto sisudo, desenha-se um arco invertido. Os cantos dos lábios curvam-se diante da leitura de algumas palavras, qual meia lua no céu profundo e negro. Palavras singelas, mas carregadas de ternura. A tensão natural dos músculos dissipa-se de forma inesperada. O sorriso se alarga. Transforma-se em gargalhada contida. Ri sozinho. Relê aquelas palavras e imagina o sorriso distante que provoca uma onda de alegria. Na metrópole cinza, a aquarela tinge tudo com cor e formas inesperadas. Traços largos do pincel. Cores vivas e vibrantes contrastam com a poluição, o trânsito, o caos diurno da paulicéia em início de dia.

O sorriso transporta para longe aquele motorista. Solitário no carro, o som do riso preenche todos os cantos do veículo. Desliga o rádio e deixa o riso como trilha sonora para começar um dia. Um dia que dá seus primeiros passos de forma surpreendente. Um dia que se inicia inspirado por alguém que dividiu com ele a alegria. E o sorriso belo e cativante. Não há distância, nem obstáculo para um sorriso. Ele viaja pelas ondas do espaço, como uma semente levada pelo vento e vem a pousar no seu rosto. O rosto de um homem sorridente e contagiado pelo feitiço de uma semeadora.

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