quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Barcelona enevoada



Terminei de ler A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón (Rio de Janeiro : Objetiva, 2007). Estava meio sem rumo na leitura até que este livro me foi recomendado. E recomendado por quem foi, levei muito a sério a indicação. Mas, quando notei que iria enfrentar 399 páginas, confesso que fiquei com preguiça, torci o nariz e fingi que o livro não me olhava com aquele ar de tentação. Lembrei-me das palavras entusiasmadas e apaixonadas sobre o livro e criei coragem.


Fazia tempo que não lia uma estória tão cativante. As páginas se sucederam rapidamente e não queria que o livro acabasse. Era quase como se não quisesse deixar de ter notícias de Daniel Sempere e de sua livraria, e de seus livros e aventuras.


O best-seller vendeu mais de 6,5 milhões de exemplares em todo o mundo e é sucesso de vendas no Brasil também. A Sombra do Vento foi finalista dos prêmios literários espanhóis Fernando Lara (2001) e Llibreter (2002). O primeiro romance de Zafón, O Príncipe da Névoa, foi laureado com o prêmio Ebedé de literatura em 1993. Recentemente, O Jogo do Anjo foi lançado no Brasil, que é seu mais novo romance.

Voltemos ao assunto, ciente de que este será o primeiro post sobre o livro. Introduzir o assunto, porém, era necessário.

A estória se passa em Barcelona, entre os anos 1945 e 1966. Uma cidade açoitada pelo final da 2a. Guerra Mundial e pela Guerra Civil Espanhola. Um período violento e intolerante, um período que destroçou vidas e esperanças, mas que fez renascer destas cinzas a vibração de uma nova jornada.

Zafón utiliza a cor e a descrição do ambiente como um referencial importante ao longo da obra. Há um clima melancólico que permeia toda a narrativa, quase que reproduzindo a foto que estampa a capa do livro. Cinza, névoa, escuridão, frio, garoa. Lembrei-me de O Mar, de John Banville (vide o post Cores Gris). O artifício não é meramente poético e retórico, mas conduz o leitor a explorar o contexto histórico em que se situa a narrativa. O clima reflete a penúria, a dureza dos tempos de guerra.

Poderia ser melancólico, pessimista, porém, ocorre exatamente o inverso. Na aparente aridez, descobre-se a amizade intensa. Vive-se a lealdade e o companheirismo. Daniel, protagonista da estória, e Fermín Romero de Torres formam uma dupla inseparável. A amizade dos dois contrasta com a amizade de Daniel e Tomás Aguilar.

No primeiro caso, Daniel, seja por caridade ou por retribuição, tira Fermín de sua condição sub-humana de morador de rua. Não se trata de um malandro aproveitador, mas de uma alma que exala gratidão infinita para com o gesto de Daniel, a ponto de sacrificar-se - fisicamente - pelo amigo.

No segundo caso, a timidez de Tomás e o temor que tinha do pai criam um corte na relação de amizade que não seria capaz de cicatrizar mesmo com o passar do tempo.

Terminei o livro com a sensação de que Zafón quis discorrer sobre a amizade em suas mais variadas formas. E o instrumento para unir pessoas, ou separá-las, é um livro. Mas isto é tema para um próximo post.

6 comentários:

Edna Federico disse...

Já li, é um livro bem envolvente.
Beijo

Pétala disse...

Passando em um blog amigo vi teu comentário e vim te conhecer.

Não li o livro, mas vc conseguiu me deixar bastante curiosa, com a pequena narrativa e pelo entusiasmo da leitura...vou ler, obrigada pela dica.

bjos e ótimo fds prá vc!

Anônimo disse...

Menino, eu li esse livro em 2005. Fiquei apaixonada já pela contracapa. A frase 'cemitério dos livros esquecidos' me cativou, sabe? Devorei. Ainda não li o Jogo do Anjo, inventei de ler em español, hahahaha, daí estou protelando...

Estive aí na tua terra semana passada, na Fórmula 1. Curti Pinacoteca, o Museu da Língua e fiquei apaixonada pelo Mercado Municipal, rsrsrs.

Bezzos e bom findi!

Unknown disse...

Já li À Sombra do Vento e O jogo do Anjo. Gostei muito mais do primeiro. De qualquer modo os livros nos fazem sonhar com a Barcelona daqueles tempos e a pesquisar cada lugar citado, comparando com a cidade atual que é mágica por si só e se torna mais especial durante a leitura dos livros. Recomendo!

Anônimo disse...

Renato,
O livro A sombra do vento é muito instigante no que se refere a amizade. Gostei muito ou melhor me apaizxonei pela estória ali contada. Esse livro despertou em mim a vontade de voltar a escrever de novo. Fiquei encantada

Anônimo disse...

TENHO O LIVRO E SOU COMPLETAMENTE APAIXONADA POR ELE,SEMPRE RECOMENDO AOS MEUS AMIGOS.
ADORO O JEITO QUE O ESCRITOR DESCREVE A CIDADE OS PERSONAGENS,É COMO SE PODESSEMOS VER TODOS ELES,SEM FALAR NO CONTEUDO DA HISTORIA QUE É SIMPLESMENTE FASCINANTE.
cOM CERTEZA IREI COMPRAR O JOGO DO ANJO. BJUS.

Emanuelle joão pessoa-pb