sexta-feira, 4 de abril de 2008

Crônica: Caixa de Chocolates


CAIXA DE CHOCOLATES

Ao voltar do almoço, logo ao entrar na sala, reparou no embrulho sobre a mesa. Uma pequena caixa envolta em papel colorido, em tons claros, com uma etiqueta endereçada a ela. Ficou surpresa e curiosa, ainda que a intuição feminina lhe dissesse que o remetente era conhecido. Deixou a bolsa sobre a cadeira e apanhou o pacote ainda de pé. O coração palpitou mais forte enquanto retirava a fita adesiva com cuidado. Uma caixa de madeira de cor lilás e com uma tampa branca em pintura rústica. “Ele tem bom gosto!”, pensou em voz alta com um sorriso desabrochando.

Abriu a caixa e encontrou apenas três bombons e vários pequenos pedaços de papel dobrados de forma igual. No fundo da caixa, uma folha maior dobrada em quatro partes. Abriu primeiro a folha grande e nela uma carta:

Olá, minha querida!

Imagino-te surpresa. Gosto de te surpreender, mas os pensamentos e sentimentos também me surpreendem. No dia em que seu olhar cruzou com o meu, minha vida tomou um novo rumo, um rumo colorido, um rumo alegre. Nesta pequena caixa encontrará momentos e lembranças. Poucas palavras. Memórias, muitas. Memórias guardadas de forma especial e intensa no coração. Não em um cantinho escondido, mas no centro dele. Memórias espaçosas, que expulsaram a melancolia e a escuridão.

Cada papelote tem uma palavra que aflorará à memória gestos, ocasiões, sentimentos, sonhos, desejos. Uma música, um presente, um olhar, um brinco, uma surpresa, uma brincadeira, uma conversa, uma lágrima. Sei que você entenderá. E confio que a sua memória trará a lembrança de um momento inesquecível, de um acaso qualquer. São nestes momentos que pensei quando escrevi cada papelzinho.

Guarda-os contigo. E se precisares de um sorriso, ou de um carinho especial, tira um da caixa, leia-o e feche os olhos. Estarei pensando em você para lhe trazer um beijo e todo carinho que você merece.

Um beijo deste eterno amigo paulista.


Os olhos estavam marejados, o coração pulsando forte, a pele arrepiada. Sentia-se levitar, um sentimento sublime, doce, intenso. Beijou o papel com os olhos fechados. A surpresa dizia em poucas palavras tudo que ele sentia e ela teve uma vontade incontrolável de correr para os braços dele, de beijá-lo, de poder dizer obrigado mil vezes. Ela tinha que esperar. Tinha que esperar até que ele viesse novamente ao Rio. Enfim, tinha que esperar.

4 comentários:

Margarete Bretone disse...

Lindo texto, parabéns...

Anônimo disse...

Essas caixinhas realmente guardam, surpresas, revelaçoes e amor...
Bjo

Borboletinha disse...

Adorei! sutil e delicado...

Edna Federico disse...

Muito bonito!