segunda-feira, 17 de março de 2008

Edições caprichadas

Semana passada, num almoço com colegas de escritório, falávamos de literatura, de leitura, de bons livros. Detivemo-nos sobre literatura brasileira e comentei sobre a dificuldade - algumas vezes - de encontrar boas edições de escritores brasileiros. A obra de Jorge Amado acaba de ser relançada pela Companhia das Letras. João Ubaldo Ribeiro ganhou nova edição da Alfaguara, da Editora Objetiva. Ambos em edições caprichadas e bem formatadas.

Não se trata de querer apenas aparência, mas como leitor e comprador compulsivo de livros - sou muito ciumento com meus livros -, gosto de folhear edições com bom acabamento, com uma capa bonita, com tipografia precisa. Claro que há espaço para as edições de bolso, que tem a finalidade de tornar o livro mais acessível a todos, mas há o problema da disponibilidade.

Certas obras de bons escritores brasileiros são difíceis de encontrar. Parece até que os editores esperam alguma data festiva (centenário de nascimento, dez anos de falecimento etc.) para usar o marketing natural para vender. Foi assim com Érico Veríssimo, Guimarães Rosa, Clarice Lispector e outros. Exceção feita aos livros obrigatórios como leitura para o vestibular, há escritores que caem no esquecimento.

Tente fazer uma experiência e vasculhar a seção de literatura brasileira de uma boa livraria. Paulo Coelho com certeza estará lá. Luis Fernando Veríssimo também. Mas procure uma obra de Machado de Assis, Contos Fluminenses por exemplo, que foi escrita no começo da carreira. Ou então, Rui Barbosa, Joaquim Nabuco e tantos outros.

Outro exemplo é José Guilherme Merquior. Embaixador e intelectual de quilate raro, Merquior deixou uma obra de crítica literária e filosofia muito prolífica. Era um liberal e talvez, por este motivo, tenha sido relegado a um segundo plano. Em sua tese de doutorado defendida na Sorbonne, Merquior analisou a obra de Drummond. A tese ganhou edição da Editora José Olympio. Porém, este livro é quase impossível de ser encontrado, mesmo em sebos.

Louvável as novas reedições lançadas pelas editoras, os leitores agradecem. Mas não se esqueçam que há bons escritores brasileiros que também merecem novas edições, mesmo depois de terem deixado a nossa convivência nesta terra.

Um comentário:

Anônimo disse...

Fico muito feliz quando vejo alguem falar com tanto zelo e carinho por livros....

Bjo!!

PS>>> Sei que nao pedi tua permissao...mais eh impossivel passar por aqui e nao querer voltar....portanto, te linkei.