TONS DE CINZA
Tarde chuvosa e fria. A metrópole tinha um som diferente naquela segunda-feira outonal. A chuva era constante, porém parecia cair levemente abafando os ruídos normais da cidade. O ronco do motor soava mais sussurrado, buzinas silenciaram e o asfalto abraçava os pingos com um barulho oco, sem eco, sem estridência. O ritmo da cidade passava-se numa aparente câmara lenta em branco e preto, em tons de cinza. Ele notou aquela diferença. A cidade estava mais quieta, mais tétrica, mais molhada.
Pedro deixou o carro no estacionamento da Avenida Paulista, ao lado do Masp. Guarda-chuva e pasta em punho preparava-se para uma caminhada de dois blocos, no meio das obras das calçadas até o Tribunal Federal. Um mar de guarda-chuvas, quase todos pretos, dançavam pela calçada, numa onda constante e apressada. Um olhar do alto daria a impressão de formigas em seus caminhos. Poucos eram os guarda-chuvas coloridos ou floridos. A cidade tinha tons de cinza, menos ele.
Passos firmes, mas calmos, calculados, quase uma marcha em ritmo próprio. Não tinha pressa naquela tarde. Divagava. E quando divagava, seu tempo era outro, seu universo era outro, seu mundo era outro. Ao passar diante de um prédio espelhado, viu seu reflexo de corpo inteiro. Não parou, mas olhou sua silhueta refletida. Quase 40, pensou, mas os anos foram generosos comigo! O sorriso contrastava com o tom melancólico daquela tarde.
Bastava uma ou duas palavras dela para que a bateria da escola de samba adentrasse sua avenida interior e reverberasse em seu face. Cores vibrantes, alegorias, sonhos, tudo harmonizado, tudo deslumbrante. Estava contente. Muito contente! Ele sabia o motivo. Ela também sabia. Ele tinha certeza.
Pedro deixou o carro no estacionamento da Avenida Paulista, ao lado do Masp. Guarda-chuva e pasta em punho preparava-se para uma caminhada de dois blocos, no meio das obras das calçadas até o Tribunal Federal. Um mar de guarda-chuvas, quase todos pretos, dançavam pela calçada, numa onda constante e apressada. Um olhar do alto daria a impressão de formigas em seus caminhos. Poucos eram os guarda-chuvas coloridos ou floridos. A cidade tinha tons de cinza, menos ele.
Passos firmes, mas calmos, calculados, quase uma marcha em ritmo próprio. Não tinha pressa naquela tarde. Divagava. E quando divagava, seu tempo era outro, seu universo era outro, seu mundo era outro. Ao passar diante de um prédio espelhado, viu seu reflexo de corpo inteiro. Não parou, mas olhou sua silhueta refletida. Quase 40, pensou, mas os anos foram generosos comigo! O sorriso contrastava com o tom melancólico daquela tarde.
Bastava uma ou duas palavras dela para que a bateria da escola de samba adentrasse sua avenida interior e reverberasse em seu face. Cores vibrantes, alegorias, sonhos, tudo harmonizado, tudo deslumbrante. Estava contente. Muito contente! Ele sabia o motivo. Ela também sabia. Ele tinha certeza.
2 comentários:
Sao Paulo e esses incriveis tons de cinza...(Gosto disso!!!)
E nesses tons....a alma segue muito mais colorida...
Bjo!!!
Ola querido....
To passando pra desejar um bom feriado!!!
Abraços....
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