Fui tomado de uma singela leveza ao caminhar ao lado de enormes paredes espelhadas que refletiam meus passos firmes e certeiros, levemente lépidos. A memória faceira, arteira como ela só, escureceu o céu claro, encobriu o sol, trouxe gotas de chuva e o clima frio daquela tarde em que passei pelo mesmo local, alheio ao que me cercava, pensamento distante e sorriso largo estampado no rosto. A chuva, o frio, os pés molhados e gelados, o terno amarfanhado. Nada – absolutamente nada – poderia entristecer-me naquele dia. Estava feliz, leve, enamorado. Sorrateira, a memória faceira conduziu-me pela mão até o passado e a leveza antes sentida, retornou a se hospedar no meu âmago, espantando a amuada fisionomia que teimava em se instalar no meu pobre ser.
Memória que brinca como uma menina cheia de energia, que rodopia, salta e dança, alegre e rutilante. Menina que brilha e contagia com sua energia, sua vibração, seu doce sotaque. Volto a ser criança guiado pela memória viva e que descortina diante de meus olhos o túnel do tempo na vívida impressão do passado repetido no momento presente. Sorrio e sorvo a leveza que reveste meu ser.
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