terça-feira, 14 de setembro de 2010

Crônica: Uma Data


UMA DATA

Gosto de lembrar de datas especiais. Não precisa ser aniversário, Natal, Páscoa, Ano Novo, nem precisa ser comemorado por todos. Gosto especialmente daquelas datas que têm significado somente para mim, e talvez para mais alguém. Datas especiais, mas secretas. Datas que não perdem o significado num único dia, não se exaurem. Elas transformam de forma tão profunda que seus efeitos se prolongam e estão presentes constantemente.


Estão discretamente encobertas, como raízes que se espalham, ou escuras como túneis que atravessam montanhas, ou altaneiras como pontes que cruzam o mar ou um pequeno riacho. Um dia especial deixa a marca do sorriso que é lembrado num momento de escuridão e perplexidade, num momento em que tudo – e todos – parecem se esquecer.

Uma data inesperada, que poderia ser um dia rotineiro, mas que foi um dia em que os olhos brilharam de outra forma, onde o coração não bateu, mas dançou, num dia em que o sorriso não foi um simples sorriso, mas um convite, uma abertura da alma.

Datas que trazem vagarosas saudades, uma leve chama que nunca se apaga, cujo óleo da lamparina é infinito, que permanece acesa e fulgurante, ainda que seja tímida. O tempo pode passar, podemos envelhecer, as estações se sucedem, algumas rugas desenham-se na pele, o silêncio pode se instalar, mas aquela data tem a força da juventude. Hoje é um dia destes. Um dia do qual não me esqueço. Um dia do qual jamais esquecerei.



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