Ouvi trechos do discurso de José Sarney, presidente do Senado, sobre os atos secretos e a indicação de familiares para cargos em comissão e a crise do Senado. Li o discurso quase na íntegra como publicado no Estadão de quarta-feira. Fiquei perplexo, para dizer o mínimo. Espantado diante de tantas palavras para atribuir a culpa aos outros. Tive a nítida sensação de que Sarney parecia estar em outro planeta e discursava sobre uma realidade que nada tinha a ver com o que todos sabemos. Ele lavou as mãos, como se discursasse para alguns poucos, como se não existisse televisão, imprensa e a internet. Como se suas palavras - e atos secretos - ficassem restritos a um pequeno grupo de patrícios, de nobres senhores e senhoras senadoras. Este tempo já passou há muito.
Vi a repercussão em diversos blogs, como o da Edna e da Lenissa. Reinaldo Azevedo, em um de seus diversos posts sobre o tema, chamou de O Outono do Oligarca. Talvez esta seja a melhor descrição do que presenciamos estupefatos. Infelizmente o brasileiro não sai às ruas para manifestar, mas temos a internet como poderosa arma para manifestar nossas opiniões e discordar de tudo que existe de podre na política brasileira.
Atentem para alguns fatos.
José Sarney tem 79 anos, foi Presidente da República e por 2 vezes anteriores foi presidente do Senado. Tem o Maranhão como verdadeira capitania hereditária, apesar de ser Senador pelo Estado do Amapá. Como senador, deveria representar o Amapá, mas parece só ter olhos para seu estado natal, o Maranhão. Assim afirmou no discurso.
O Brasil não admite mais a mentira e uma relação promíscua com o dinheiro público. Estamos cansados daqueles que usufruem da máquina pública sem ter espírito público. Pessoalmente acho abominável certos benefícios que funcionários públicos têm em comparação com os demais mortais.
Pior ainda a defesa realizada por Lula. A emenda ficou pior que o soneto. Aliás, Lula – em mais uma viagem ao exterior e agora na terra de Borat – brindou-nos com grandes pérolas esta semana. Além de dizer que Sarney “não pode ser tratado como pessoa comum, pois ele não é uma pessoa comum”, Lula defendeu o presidente do Irã e as aparentes fraudes ocorridas na eleição daquele país.
Mas voltando ao assunto, Sarney não é um homem que acompanhou as mudanças no país. Ele parou no tempo. Deveria ter a humildade de retirar-se da cena pública, de abrir mão do prazer que o poder traz consigo, de deixar sua vaidade para o mundo das letras. Um grande homem sabe a hora de se retirar, sabe a hora de reconhecer que seu tempo passou, que seu serviço público já foi prestado e que é hora de se aposentar.
Deixar os palcos graciosamente é uma qualidade de poucos. É preciso desprendimento e um reconhecimento humilde de que somos limitados, finitos e temporais. A maioria insiste em rejeitar a implacável marca do tempo. Sarney corre o risco de macular sua biografia.
2 comentários:
Posso assinar após seu nome, em apoio????????? rs
Você disse tudo!
Beijo
kkkk o sarney é foda!
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