Esta simples pergunta pode ter diversas respostas. Vou dar a minha pessoal. Depois de vários anos mergulhado apenas em livros jurídicos, de economia e de história, voltei minha leitura para obras de literatura. Isto se deu de uma forma inusitada. Assisti a uma reportagem sobre o centenário do nascimento de Érico Veríssimo e resolvi ler um de seus livros. Comecei com O Continente, primeiro volume da trilogia O Tempo e o Vento e fiquei fascinado.
Desde janeiro de 2006, só tenho lido autores brasileiros, com exceção de uma obra de Tolstoi, e ando encantado. Claro que sempre há um empurrãozinho de terceiros – algumas pessoas que nem percebem a influência que tem -, mas há outras pessoas que sabem de sua influência. Uma delas foi a Profa. Cleonice Berardinelli, professora de literatura da PUC-RJ e uma senhora de intelectualidade rara. Ano passado passei uma tarde conversando com ela no Rio de Janeiro, em seu apartamento em Copacabana, e saí de lá inebriado. Ela me deu algumas sugestões e estou levando a cabo a leitura sugerida.
Mas, voltemos à questão: por que ler? Vou usar as palavras de Josué Montello, que ao justificar o porquê de ter reescrito Janelas Fechadas, explica: “Aos poucos, relendo Janelas Fechadas, reconheci que urgia, ao romancista estreante, maior rigor no seu texto, além da maturidade existencial que faz do romance uma forma de conhecimento profundo do ser humano.”
Aí está a resposta: uma forma de conhecimento profundo do ser humano. Ler, ajuda-nos a conhecer o ser humano, ajuda-nos a conhecermo-nos a nós mesmos.
Um clássico da literatura é um clássico porque é universal, no sentido mais amplo da palavra. Transcende o tempo, o contexto histórico, o contexto geográfico e mergulha no cerne da alma humana. Um bom romance apresenta-nos as grandes questões existenciais e as grandes dúvidas que nos perseguem.
O imortal Josué Montello dá a resposta à pergunta de forma clara e precisa: ler é conhecer o ser humano.
Um comentário:
Vou mais longe sobre ler: além do que vc escreveu, acho que ler faz com que tenhamos a possibilidade de viver os vários "eus" que cada um de nós possui.
Sempre achei que nós somos várias pessoas em uma só...escolhemos apenas uma para mostrar a sociedade por conveniência, porque isso é o normal e na verdade seria insano viver várias personalidades ao mesmo tempo, mas com a leitura temos essa oportunidade. Posso ser uma dama burguesa do século XVIII ou XIX, ou então uma personagem do futuro, andando em naves espaciais...ou voltar a ser criança, vivendo da inocência perdida...ou me apaixonar por um herói como Garibaldi...ser cigana, bruxa, fada, anjo, homem, mulher...enfim, ler faz com que coloquemos em prática a fantasia que tantas vezes sentimos vergonha na vida real. Lendo vc viaja, conhece outros lugares, outros mundo, outras culturas...é um baú de riquezas sem fim!
A primeira memória forte que tenho de leitura, é de Monteiro Lobato...eu devorava o livro, como se fosse acabar o ar se parasse de ler. Qdo meu filho tiver idade para ler, quero que ele inicie tb por esse autor, é mágico!
Confesso que faz muito tempo que não leio literatura brasileira...os clássicos mesmo, só na época de vestibular, leitura obrigatória. Mas aprecio muito Machado de Assis...se vc gostou de Dom Casmurro (que ainda não li) leia tb Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Helena...são muito bons.
De Érico Veríssimo lembro da mini- série Um certo Capitão Rodrigo...gostei muito e acho que o livro tb deve ser muito bom.
Leitura é um hábito construído desde cedo, vendo os exemplos dos pais e fico muito feliz que meus pais tenham me ensinado isso.
Então, vamos viajar nas escritas, sorriso!
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