terça-feira, 8 de maio de 2012

Sacolinhas plásticas, plano de saúde e o politicamente correto


Entro no elevador do prédio do escritório e fico a ler o monitor com notícias e propagandas. Agora até o curto trajeto de elevador está ocupado pela propaganda e pela informação. Deparo-me com algo no mínimo curioso: Guia para uso consciente do plano de saúde. Sim, meu caro leitor, a Sulamérica lançou um manual para o segurado não abusar do seguro. Não acredita, leia aqui. Fiquei imaginando o que há por detrás desta campanha. Claro que deve haver uma série de informações técnicas úteis, mas também deve ter aqueles anúncios sobre atrasos nos pagamentos, multas e juros, desligamento do plano, coberturas apenas as previstas em lei, prazos para atendimento etc. 

Mas quando se fala em uso consciente, fiquei pensando numa campanha do tipo: "não fique doente, não use abuse do seu plano" ou "não faça exames desnecessários, você pode tirar a vez de quem realmente precisa do exame." Há uma seção no site sobre o uso consciente que trata de fraude contra seguro e lavagem de dinheiro. 

Agora pergunto-me: por que não uma seção sobre a concessão consciente de tratamentos e coberturas pelo plano de saúde? Por que não incluir uma seção sobre a conduta de boa-fé dos planos de saúde? Ou ainda, por que o plano não dá o exemplo e aceita a cobertura primeiro, para cobrar e discutir depois?

Em matéria de plano de saúde, a regra é negar a cobertura do tratamento para o segurado. A grande maioria não discute e simplesmente arca com o custo. Aqueles que recorrem ao judiciário conseguem a cobertura, mas dificilmente obtêm a indenização devida. No Estado de São Paulo, o Tribunal de Justiça não tem condenado os planos de saúde por danos morais ao negar coberturas previstas contratualmente. O resultado é o enriquecimento ilícito dos planos de saúde. Eles negam a cobertura e só cobre o tratamento se houver ordem judicial, mas mesmo assim, não tem que indenizar o segurado por todos os tormentos causados. A atual conduta do judiciário incentiva os absurdos cometidos pelos planos de saúde. Este guia do uso consciente é um exemplo claro da postura dos planos de saúde.

A praga do politicamente correto tenta ludibriar o segurado com uma linguagem escorregadia e enganosa.

Basta ver outro exemplo: a campanha do Itaú com o slogan "vamos jogar bola". A campanha não fala em vamos trabalhar, vamos ler um livro, vamos estudar, vamos arregaçar as mangas. Não! A campanha sugere que deixemos tudo de lado e vamos jogar bola, tomar uma cervejinha, deixar os problemas para amanhã. Suor, só no campo; suor do trabalho não vale a pena.

O mesmo se aplica às sacolinhas plásticas que se tornaram as únicas vilãs da poluição no mundo. O plástico é o culpado pelo aquecimento global (que já está sendo revisto), pelas enchentes, pela saturação dos aterros etc. Economizam os supermercados que habilmente conseguiram enganar o consumidor com o argumento da sustentabilidade. Deixam de gastar com embalagens plásticas sob o argumento de que estão protegendo o planeta. Por outro lado passam a vender mais sacos plásticos para lixo e sacolas de pano. 

Uma pergunta: por que os supermercados podem vender sacos plásticos para lixo e não podem distribuir sacolinhas nos caixas? Qual das duas não polui? E os preços nos supermercados, vão baixar? E o Procon? E o MP? Calaram-se todos. E aí de quem critica o fim das sacolinhas plásticas. Pois bem, eu sou contra o fim das sacolinhas plásticas e deixo isto muito claro toda vez que vou ao supermercado. 

Outro dia, uma operadora de caixa constrangida com meu discurso foi surpreendida com a pergunta: "Aumentaram seu salário com o dinheiro que economizam com as sacolinhas?" Acho que ela nunca tinha pensado nisso, mas a senhora que estava atrás de mim já tinha percebido a malandragem dos donos dos supermercados.

É preciso preservar o planeta, mas não aceito que me façam de otário!

Um comentário:

Anônimo disse...

Todos os planos de sul america saude tem coisas boas... a verdade, eu não tenho nenhuma queija até agora...
Todas as coisas amentam em todos os países, e temos que aceitá-lo...