segunda-feira, 14 de março de 2011

Poesia: Epigrama para Emílio Moura, de Drummond





EPIGRAMA PARA EMÍLIO MOURA
de Carlos Drummond de Andrade

Tristeza de ver a tarde cair
como cai uma folha.
(No Brasil não há outono
mas as folhas caem.)


Tristeza de comprar um beijo
como quem compra jornal.
Os que amam sem amor
não terão o reino dos céus.


Tristeza de guardar um segredo
que todos sabem
e não contar a ninguém
(que esta vida não presta).

(Sentimento do Mundo. 7a. ed. Rio de Janeiro : Record, 1999, p. 71)


No dia da poesia, um pouco de Drummond.

Nenhum comentário: