A Rede Social (The Social Network, EUA, 2010) é um daqueles filmes que se assiste por causa das boas críticas ou porque você é um usuário do facebook e ficou curioso sobre a estória. É considerado um dos sérios favoritos ao Oscar deste ano, mas se você assistiu o filme, pode-se perguntar: o que este filme tem de tão especial?
Saí do cinema com a sensação de ter visto um "filminho", algo nada de especial. Minha vontade era escrever um post sobre o filme logo no dia em que o vi, porém não queria estragar a estória e resolvi rever minha primeira impressão. Fui ler as críticas e conversei com algumas pessoas que entendem de cinema. Todos foram unânimes ao elogiar o filme. Isto me fez pensar: o que não estou vendo neste enredo?
O que mais me marcou de inicio foram a primeira e a última cena do filme.
Num bar em Boston, Marc Zuckerberg (Jesse Eisenberg) conversa com a namorada Erica Albright (Rooney Mara). Ele é aluno de Harvard; ela é aluna de Boston University. Uma conversa em ritmo alucinante, um verdadeiro bombardeio por parte de Zuckerberg acaba por levar Erica a ir embora e terminar o namoro. Nota-se o egocentrismo de Zuckerberg, a sua arrogância, o sentimento de poder infinito, um semi-deus que despreza sentimentos e revela-se antissocial. Ao levar o famoso fora da namorada, ele se revolta e vai à vingança. Daí surge um site que evolui para a ideia do facebook.
Uma pequena divagação. Boston é uma cidade de elite, com várias universidades de primeira linha, tais como Harvard, MIT, Boston University e Boston College. A rivalidade é grande e os alunos de Harvard consideram-se superiores. Apesar do lindo campus e da qualidade do ensino, o ambiente é de competitividade extremada, uma verdadeira selva onde proliferam sujeitos arrogantes e individualistas, dispostos a qualquer coisa para superar o concorrente. Zuckerberg é o típico aluno, onde a ética vem em segundo plano.
Esta cena dá o tom do filme. Zuckerberg vai atrás do seu grande projeto e não percebe a oportunidade que perdeu ao dispensar Erica. Revisitei a cena e o enredo do filme. Ao longo de seu caminho, o gênio Zuckerberg tenta passar a perna nos irmãos Winklevoss e Divya Narendra, além de seu melhor amigo, o brasileiro Eduardo Saverin.
Os diálogos revelam a frieza e a indiferença de Zuckerberg, isolado numa torre de marfim. A ironia está exatamente no fato de que Zuckerberg criou a maior rede social do mundo sendo totalmente avesso e inadequado ao convívio social. Seu egocentrismo e egoísmo o impedem de perceber que o mundo não orbita ao seu redor, que o ser humano é um animal social.
Na cena final, Zuckerberg adiciona Erica Albright como amiga no facebook. Encarando a tela do computador fixamente vai clicando "f5" para atualizar a tela na esperança de que Erica tenha aceito seu pedido. A cena pode parecer banal, mas tem a poesia dos tempos modernos, da interação via internet e dos sentimentos que afloram num sujeito aparentemente indiferente à realidade que o circunda.
Vou ver o filme novamente, com um novo olhar. O filme não trata da criação do facebook, mas de relações humanas e do que realmente vale a pena.
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