Um dos livros que li neste ano que se encaminha para o final - e um dos que mais gostei - foi A Chave de Casa. Escrevi um post sobre a obra (Uma viagem pelo passado) em que teci meus comentários pessoais e minhas impressões sobre o livro.
Aos 29 anos, Tatiana Salem Levy recebeu esta semana o Prêmio São Paulo de Literatura na categoria autor estreante. Prêmio merecido. Não li as obras dos outros concorrentes, mas a Tatiana utiliza de uma dinâmica narrativa diferente do usual. Seus capítulos são curtos e misturam a realidade com a memória. O leitor mergulha num universo que traz narrativas paralelas, de várias gerações, outorgando à estória um ritmo próprio, muito semelhante com a vida.
Poderia se comparar a forma escolhida pela autora com uma conversa com uma pessoa de idade avançada. Pensem numa tarde preguiçosa de prosa com sua avó. Ele comentará situações do presente, lembrará de coisas passadas e mencionará fatos de sua infância. Tudo se alternando ao longo da conversa, como se costurasse sua vida com a sobreposição temporal.
No post de 6 de fevereiro de 2008, conclui o texto com a seguinte frase: "Dificilmente o livro será um best-seller, mas é uma obra de grande qualidade literária." Acho que acertei. Transcrevo alguns trechos da obra. Trechos que grifei durante a leitura que me fizeram pensar.
"Vida melhor sempre se pode conseguir onde se está, mas fugir, não; para isso é preciso pegar um navio, ir para bem longe, principalmente se for de um grande amor, impossível de tão grande, como era o seu." (p. 35)
Sobre o passado, o imigrante decidido a vir ao Brasil se questiona e decide romper as amarras.
"Se ele quisesse, poderia conservar seu nome, sua origem. Preferiu criar outros, dar um novo nome e uma nova origem à vida que o aguardava. Sentia que para recomeçar precisava de outra identidade: se não deixasse para trás tudo o que havia sido seu até então, estaria para sempre amarrado ao passado." (p. 42)
E mais adiante, o passado a volta a ser questionado.
"O resto era passado, e o passado deve ser silenciado, adormecido entre os fios da memória." (p. 111)
Relendo estes trechos do livro, surgem novos comentários e divagações. Não vou me alongar. Talvez seja necessário retomar a temática do livro em outros posts.
Parabéns a Tatiana Salem Levy pelo prestigioso Prêmio e pelo reconhecimento. Aguardamos seus próximos livros.
4 comentários:
Parece ser bom mesmo.
Tem tanta gente boa no mundo pra ser descoberta, não é mesmo?
Beijo
HUmmm me deu vontade de ler!!!
Vou procurar por aqui.
Bela dica de leitura!!
Fecho com mia amiga Carolzita...
tb vou procurar por ai...
Sua dica é válida meu amigo... as frases selecionadas do livro dão um gosto especial e convidativo.
Abçs,
Novo Dogma:
puni(A)ção...
dogMas...
dos atos, fatos e mitos...
http://do-gmas.blogspot.com/
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