quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Pobre debate




O primeiro debate do segundo turno das eleições presidenciais foi realizado pela Band. Mais do mesmo e menos do que importa. 

"No meu governo a educação é prioridade... O Pronatec... A inflação está sob controle... O aeroporto de Claudio..." 

"A inflação está pesando no bolso do brasileiro... O Paulo Roberto Costa não foi demitido da Petrobrás.... A corrupção... A senhora está sendo leviana..."

O debate foi reduzido a uma sequência de frases e slogans elaborados por marketeiros, programas enlatados (Mais Médicos, Minha Casa, minha vida, Pronatec, Belo Monte, Transposição do São Franscisco...) sem qualquer discussão de projeto de Brasil, de conceito de Estado, de visão de longo prazo.

Pergunto ao leitor, quais eram os temas dos debates de 2010? Dilma alardeava que resolveria o problema da violência vigiando as fronteiras com VANTs (veículos aéreos não tripulados), que o Bolsa Família seria ampliado, que não haveria privatizações, que o trem bala Rio-SP estaria pronto antes da Copa e por aí vai. Ninguém lembra da maioria destas coisas e muitas delas se exauriram quando Dilma foi eleita. A função era o efeito eleitoral apenas. Mentiras, ou melhor, "programas" criados para mostrar que o governo agiria e tudo se transformaria num país de mil maravilhas, algo como a propaganda do PT.

Eleição no Brasil é sinônimo de slogan e frases de efeito para enganar o eleitor. O brasileiro não se preocupa em pensar o país, em discutir o futuro, em definir prioridades e planejamento.

Tomemos um exemplo: o BNDES deve financiar projetos fora do país? E se o recebedor dos recursos for empresa brasileira? Para que tipo de projeto - humanitário, de infraestrutura? E se o recebedor de recursos for companhia aberta e com fácil acesso ao mercado de capitais, deve haver financiamento? Deve-se privilegiar as pequenas e médias empresas? 

Pessoalmente, responderia que a política de financiamento do BNDES deveria estar inserida numa política de comércio exterior ampla e deveria se coadunar com a política externa brasileira. Qual o papel do Brasil no mundo? A quem devemos nos alinhar? Quais blocos econômicos? Nossa influência deve ser regional ou global? Qual o futuro dos BRICS?

Qual o papel do Estado no Brasil? A reforma política deve reduzir o número de deputados e senadores? Deve haver reeleição? Os cargos públicos comissionados devem ser extintos? Deve haver limite para aumento de despesas pelo Governo Federal?

E caberia ainda discutir educação, saúde, infraestrutura, segurança, saneamento básico, transporte e mobilidade urbana, previdência, mercado de trabalho e legislação trabalhista, tributação.

Nenhuma destas questões foi respondida ou discutida no debate. Elas não ganham voto e não são compreendidas pelo eleitor comum. Dilma, por exemplo, quer dialogar com Estado Islâmico. A grande maioria das pessoas não têm a menor ideia do que seja o Estado Islâmico.

A crítica vale para os dois candidatos. A culpa é dos partidos que esvaziou o conteúdo do debate ao delegar as campanhas para marketeiros que não se preocupam com o país, mas apenas em ganhar a eleição.

A continuar assim, nosso debate será pobre. Pobre de nós eleitores.

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