segunda-feira, 19 de julho de 2010

Barcelona cosmopolita


Mosaico de Antoni Gaudí na entrada do Parc Güell, em Barcelona.



Ao visitar uma cidade pela primeira vez, uma daquelas cidades que parecemos já conhecer pelos livros e fotos, mas não pessoalmente, criamos uma imagem mental do que iremos encontrar. Uma infinidade de peças visuais,  olfativas, gustativas que se organizam num grande mosaico, falho na maior parte das vezes. A realidade da visita corrige as falhas ou rejeita por completo a concepção criada de forma cerebrina.

Barcelona me surpreendeu. E muito! Talvez nunca tenha sido tão surpreendido por uma cidade como por Barcelona. Achava exagerado alguns comentários de amigos, mas estava enganado. A paisagem árida e as montanhas a oeste eram esperadas. A primeira visão casou com a imagem virtual projetada mentalmente. A surpresa veio com os primeiros passos pelas ruas, o contato com as pessoas, os aromas nos bares e restaurantes, o calor de dias ensolarados.

Barcelona erupciona no verão. Ao andar nas ruas mais movimentadas – e turísticas -, praticamente não se ouve espanhol. Fala-se alemão, holandês, francês e uma infinidade de línguas do leste europeu que não me atrevo a diferenciar. Há coreanos e japoneses também. Os brasileiros somem no meio da grande mistura. O catalão é a língua oficial que está em todas as placas, na locução das estações do metrô, em canais de televisão e outdoors. Uma mistura de português, espanhol, francês e italiano, o catalão – falado – é mais facilmente compreensível do que o espanhol, lembrando por diversas vezes o português falado em Portugal.

A cidade é um grande centro de encontro de africanos e latino-americanos que deixaram seus países tentando ganhar a vida por aqui. Muitos deixaram-se levar pelo crime quando a crise assolou o território europeu. É fácil encontrar mulheres muçulmanas falando árabe; indianos e paquistaneses falando seus idiomas; africanos falando francês.

Barcelona é de um cosmopolitismo ímpar no verão, um caldeirão em ebulição, em movimento, uma cidade onde as culturas e povos se encontram. Alguns para lazer e descanso; outros para sobreviver.


Um comentário:

Luciana Betenson disse...

Adorei o texto. É isto aí, nada como conferir in loco. Beijos,