terça-feira, 13 de julho de 2010

Ares de Barcelona


Plátanos carregados de folhas bem verdes desenharam a primeira imagem de Barcelona que me remontou aos livros. Carmen Laforet, em Nada, relaciona a passagem das estações à coloração das folhas dos plátanos. O exato período de um ano em que o romance transcorre, permite ao leitor imaginar a chegada do inverno com a variação da coloração das folhas. Barcelona está repleta destas árvores em todas as suas ruas.

A cidade foi planejada por um engenheiro e agrada-me muito mais do que as obras criadas por Oscar Niemeyer, que podem ser belas, mas cansam rapidamente. Barcelona relembra um pouco de Curitiba, mas as ruas de Curitiba são confusas e a tradicional bagunça brasileira permite construções de alturas diferentes, o causa uma certa desordem e quebra a harmonia da cidade.

Este planejamento racional e típico de um engenheiro foi o berço da falta de regras na arquitetura. Puig i Cadafalch e Gaudí lideraram o movimento modernista e presentearam a cidade com edifícios onde a curva predomina sobre a linha reta. O belo é o inesperado, o que rompe com a homogeneidade do passado. Não há nada de anarquista ou político na concepção de Gaudí, mas uma forma de externar o que ele concebe como belo do ponto de vista arquitetônico. Esta influência se propaga por toda a cidade, nas praças, bancos de jardim, novos edifícios, igrejas e tudo mais. Sempre há algo inusitado para um olhar atento.

Barcelona incorporou o espírito de Gaudí e isto a transformou num importante centro mundial de design e inovação.

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