Mosaico de Antoni Gaudí na entrada do Parc Güell, em Barcelona.
Ao visitar uma cidade pela primeira vez, uma daquelas cidades que parecemos já conhecer pelos livros e fotos, mas não pessoalmente, criamos uma imagem mental do que iremos encontrar. Uma infinidade de peças visuais, olfativas, gustativas que se organizam num grande mosaico, falho na maior parte das vezes. A realidade da visita corrige as falhas ou rejeita por completo a concepção criada de forma cerebrina.
Barcelona me surpreendeu. E muito! Talvez nunca tenha sido tão surpreendido por uma cidade como por Barcelona. Achava exagerado alguns comentários de amigos, mas estava enganado. A paisagem árida e as montanhas a oeste eram esperadas. A primeira visão casou com a imagem virtual projetada mentalmente. A surpresa veio com os primeiros passos pelas ruas, o contato com as pessoas, os aromas nos bares e restaurantes, o calor de dias ensolarados.
Barcelona erupciona no verão. Ao andar nas ruas mais movimentadas – e turísticas -, praticamente não se ouve espanhol. Fala-se alemão, holandês, francês e uma infinidade de línguas do leste europeu que não me atrevo a diferenciar. Há coreanos e japoneses também. Os brasileiros somem no meio da grande mistura. O catalão é a língua oficial que está em todas as placas, na locução das estações do metrô, em canais de televisão e outdoors. Uma mistura de português, espanhol, francês e italiano, o catalão – falado – é mais facilmente compreensível do que o espanhol, lembrando por diversas vezes o português falado em Portugal.
A cidade é um grande centro de encontro de africanos e latino-americanos que deixaram seus países tentando ganhar a vida por aqui. Muitos deixaram-se levar pelo crime quando a crise assolou o território europeu. É fácil encontrar mulheres muçulmanas falando árabe; indianos e paquistaneses falando seus idiomas; africanos falando francês.
Barcelona é de um cosmopolitismo ímpar no verão, um caldeirão em ebulição, em movimento, uma cidade onde as culturas e povos se encontram. Alguns para lazer e descanso; outros para sobreviver.
Um comentário:
Adorei o texto. É isto aí, nada como conferir in loco. Beijos,
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