sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Incentivo Paterno e Educação

A escolha do curso universitário é um momento de grandes dúvidas e aflições para a maioria de jovens prestes a enfrentar o vestibular. Digo curso universitário porque o curso não necessariamente corresponderá à profissão exercida. Comigo não foi diferente. Decidi-me pelo Direito no início do ensino médio – colegial naquela época. No último semestre, considerei economia, administração e jornalismo. Resisti às tentações da dúvida e abracei o Direito. Talvez meio ingênuo ou imbuído daquela típica arrogância adolescente, prestei vestibular apenas para uma faculdade. Tinha mania de ser diferente de muitos que prestavam o maior número possível de provas para “se garantir”. Passei em 50º. lugar e ingressei no curso de Direito da Universidade de São Paulo.

Conto esta história para ilustrar mais um post sobre o Dia dos Pais. Lembro-me quando comuniquei aos meus pais que minha escolha tinha sido o Direito. Houve certa surpresa e seguiu-se uma sequência de argumentos – por parte de meu pai – de que a carreira não tinha futuro, de que estava saturada, de que era difícil entrar nas melhores faculdades, de que a concorrência era muito grande... Fiquei um pouco irritado com aqueles argumentos. Esperava apoio e compreensão, incentivo, mas ouvi palavras de desânimo.

Anos mais tarde, compreendi exatamente o que meu pai fez. Ele me provocou. Ele sabia que eu iria encarar aqueles argumentos como um grande desafio, que iria buscar forças para conquistar a meta traçada. Ele estava me incentivando a sonhar alto e a alcançar meu potencial. Demorei a perceber isto. Só me lembrei deste fato quando lhe perguntei um dia sobre uma possível mudança na carreira profissional. As palavras foram de incentivo puro, muito diferentes daquele momento da juventude. Meu pai sabia como despertar a motivação e o “fogo” interno porque ele me conhecia muito bem.

A função primordial da educação não é treinar, mas formar cada um para que alcance e desenvolva plenamente seu potencial individual. O modo depende da individualidade do sujeito. O pai não deve simplesmente “treinar” um filho, mas educá-lo, formá-lo para que este potencial seja alcançado, para que ele se sinta realizado com o incentivo paterno. Incentivo que deve ser moldado e personalizado para cada filho.

A vida ensina muitas coisas. A perspectiva do tempo permite olhar o passado de forma diferente e reconhecer, com carinho, a dedicação dos pais naqueles momentos em que mais se precisou deles. Quando jovens, julgamos os pais de forma equivocada. O passar do tempo revela que geralmente eles estavam certos.

2 comentários:

Edna Federico disse...

Bonita visão que você teve do fatos, isso mostra que soube entender e dar valor a seus pais.
Feliz dia dos pais!
Beijo

Lila Rose disse...

quando disse aos meus pais que queria ser enfermeira foi um caos... só ouvi palavras de desânimo também, foi bastante difícil pra mim.

Mas, hoje vejo que não poderia estar em outro lugar, fazendo outra coisa. Como é bom sentir que vc fez a escolha certa PRA VC.

Bisous e Feliz Dia dos Pais.