"É um trabalho terrível. Claro, para realizá-lo, e para qualquer tipo de trabalho, você tem de gostar muito. É preciso amar-se, senão você não faz nada que presta. E não é só isso: estraga-se a própria vida. Uma vida em que se exerce uma profissão sem nenhuma ligação amorosa é uma cadeia. Deve ser terrível. Felizmente, eu nunca fui obrigada a trabalhar naquilo de que não gostava. Uma sorte, eu tenho muita sorte: acho que sou muito bafejada por Deus."
O trecho acima foi extraído de uma entrevista da pela Profa. Cleonice Berardinelli, 93 anos, à repórter Rachel Bertol e publicada no caderno EU&, do Valor Econômico (29, 30 e 31 de janeiro de 2010, p. 23-4).
A referência ao trabalho terrível - para não tirar a citação do contexto - decorre do extenso e dedicado trabalho de compilar toda a poesia de Álvaro de Campos, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, "contendo o que se chama aparato genético - onde contamos como estava escrito, como ele corrigiu, em seguida alterou, etc."
O que salta aos olhos na entrevista é o amor ao trabalho e a vivacidade de uma mulher de 93 anos.
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