quarta-feira, 8 de julho de 2009

Crônica: Doce Veneno - Parte 1

DOCE VENENO - Parte 1

Parei diante da porta de correr da varanda que estava aberta. A brisa do mar soprava leve. Estava imersa em pensamentos, que dissipavam minha ansiedade e minha aflição de estar no quarto dele. Sozinha com ele naquele quarto de hotel. Enfim, a sós com ele. Não sei de onde me veio a coragem, não sei se foram as palavras dele ou se cansei de resistir e o coração falou mais alto. Estava nervosa e ele notou. Tentei disfarçar, mas ele notara. Ele tinha esta capacidade de ler meus pensamentos, de decifrar tudo que se passava no meu âmago.

Não percebi quando ele se aproximou por trás, com passos leves, e abraçou-me de um jeito todo delicado. Seus braços me enlaçaram e ele me puxou contra seu corpo. Aninhou seu queixo sobre meu ombro. Sua respiração quente acariciava meu rosto, seu coração batia acelerado e naquele instante o temor desapareceu de forma mágica. Não disse uma palavra. Nem ele. Não era preciso. Sabia o que ele pensava. Virei meu rosto e beijei sua boca. Aquele beijo que há tempos ansiava e esperava deixou minhas pernas trêmulas. Se não me apoiasse nele, teria caído.

Virei-me para ele e o beijo se tornou mais profundo. Havia um doce veneno naquela boca que percorreu todo meu corpo, aquecendo minha pele e provocando uma deliciosa taquicardia. Sabia que se provasse daquele veneno cairia em sua teia, entregue, vencida pelo tempo, pelas palavras, pelos gestos, pelos carinhos. Se morresse naquele momento, morreria a mulher mais feliz do mundo.

Suas mãos percorriam minhas costas até meus cabelos e abracei com mais força. Nossas línguas brincavam explorando a boca que se oferecia como um manjar dos deuses, doce, sublime, inebriante. Entorpecida, esqueci de tudo que havia a minha volta. Meus pensamentos davam cambalhotas de alegria e de medo, temerosa do que viria a seguir. Ele percebeu meu medo, interrompeu o beijo, olhou-me nos olhos, com um olhar todo seu, com um olhar penetrante que lia minha alma e me dissecava. Um olhar que me inundou de uma paz interior indescritível. Um olhar que afastou todo o medo que sentia. Um olhar que apaziguou minha ansiedade e revelou-me que tudo o que imaginava sobre ele era verdadeiro.

Aquele homem havia aberto um novo capítulo em minha vida. Surgido do nada, ao acaso, agora ele escrevia páginas e mais páginas que gritavam por palavras e por estórias. Havia me esquecido o que era sentir o que senti naquele curto espaço de tempo em que perecia levitar.

Abracei-o com toda a força que tinha e sussurrei no seu ouvido:

- Obrigado. Muito obrigado por você existir!

(continua)

Um comentário:

Srta. Rosa disse...

Ô meu amigo, coisa boa... post romântico! :)